terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Judô na Barra e o autismo governamental

Quando faço postagens aqui e nas redes sociais, destacando a importância do envolvimento da sociedade em relação às decisões de governo, não o faço com o intuito de infernizar a vida de quem está no poder, como supõem alguns, mas que as pessoas, ao participarem dessas decisões, se sintam responsáveis pelos resultados, sejam positivos ou negativos.

Dito isto, vou ao que realmente me impulsionou a escrever esse texto. Não pretendo provocar aqui uma discussão sobre o que cabe ou não ao poder público no exercício de suas funções. São muitos os desafios e o cobertor é sempre bem mais curto do que imaginamos: Cobre-se a cabeça e descobrem-se os pés, ou, vice-versa. Contudo, se sabemos que o cobertor é curto, porque não buscamos formas de fazer com que este receba “remendos” e assim, passemos a ter uma expectativa de que na próxima noite de inverno, não sentiremos mais frio?
Os “remendos” a que me refiro podem e devem ser feitos através de parcerias com a própria sociedade. E quando digo sociedade, estou falando de ONG’s, Associações, Cooperativas, Empresas, Partidos, Igrejas, Pessoas Físicas, enfim, todos que além de focarem na razão de sua existência, fazem parte de uma sociedade cada vez menos participante das decisões, motivo pelo qual, levou multidões às ruas a afirmarem que “ninguém os representa”.

São muitas pessoas querendo participar das soluções mas não encontram o espaço, o modo e nem a credibilidade necessárias. E agora, falo exclusivamente de nossa cidade, pois é nela que vivo e conheço os entraves. E este, é um deles.
Para não ficar apenas na subjetividade, vamos a exemplos. Há 5 anos, patrocinado pelo bloco carnavalesco “Pára Raio”, o professor de educação física, Osni Meira Faria, toca um projeto social que é de suma importância para a nossa sociedade. As técnicas do Judô, associadas ao conteúdo disciplinar que tal atividade esportiva oferece aos seus praticantes, já colaboraram na vida de mais de 500 crianças barrenses que, se não tornaram grandes atletas olímpicos, com certeza, puderam tirar proveito da saúde física e o comportamento disciplinar que adquiriram, ajudando e muito na hora da abertura de portas de trabalho, bem como, diminuindo as chances de que estejam nas ruas fazendo o que não deveriam fazer.

No entanto, caríssimos leitores, o governo municipal que ora reelegemos, nunca deu a mínima para esse trabalho que é feito, inclusive, com muito carinho pelo professor Osni. O governo municipal trabalha com a tese de que não precisa de ninguém, muito menos de parceiros para realizar boas obras. Não é de se admirar que esteja sempre dizendo aos quatro ventos: “Esta obra (parada, como o ginásio de esportes) foi feita com recursos próprios”, como se recursos federais e estaduais, não tivessem a menor importância e não fosse um direito que também temos.

Porém, que essas minhas palavras sirvam para a reflexão e ação, sobretudo do nosso governo municipal. A participação de toda a sociedade é essencial e isto é o real significado da palavra “política”. Na medida em que sabemos separar o que é público daquilo que é meramente particular, com certeza veremos cidadãos como o professor Osni valorizado e estimulando outros a também darem a sua contribuição. A propósito: O benefício social que o judô ou qualquer outra modalidade esportiva pode proporcionar, nenhuma planilha de custo pode medir.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Filosofia, algo distante ou próximo?

João Baptista Herkenhoff

Talvez a primeira resposta, quase instintiva, à pergunta proposta pelo título deste artigo, consiste em dizer que a Filosofia é algo distante do universo das pessoas comuns. Será correta esta primeira percepção? A meu ver, essa percepção está equivocada.

A Filosofia não é alguma coisa distante, que só interessa a uma grei de iniciados. Muito pelo contrário, a Filosofia faz parte de nossa vida. Se a Filosofia fosse alguma coisa remota, quase localizada na mansão dos deuses, qualquer escrito tratando de Filosofia deveria estar localizado num espaço restrito, cuja chave estaria guardada num enconderijo secretíssimo. Como a Filosofia faz parte do cotidiano das pessoas comuns, esta reflexão está bem colocada em veículo destinado a uma grande variedade de leitores. Feito este preâmbulo, continuemos.

Segundo Santo Tomás de Aquino, a Filosofia é a ciência dos primeiros princípios, das primeiras causas”. Marilena Chauí aponta que a reflexão filosófica, qualquer que seja o domínio a que se dirija, guia-se por três propósitos:

Primeiro – investigar o que a coisa é; qual a realidade, a natureza e a significação da coisa;

Segundo – como a coisa é, sua estrutura; quais as relações que constituem uma coisa;

Terceiro – por que a coisa existe, por que é como é; origem e causa de uma coisa, ideia ou valor.

José Luongo da Silveira observa que a inquietação existencial faz com que o homem nunca se detenha na procura do conhecimento, nunca se satisfaça plenamente com as explicações encontradas:

“A sua estrutura cognitiva parece uma alavanca que desencadeia a busca de plenitude, caminhando sempre em direção de novas elaborações racionais numa estrada sem fim. ”

Para Miguel Reale “parece acertado dizer-se que a missão da Filosofia seja receber os resultados das ciências e coordená-los em uma unidade nova.”

Djacir Menezes assinala que a reflexão e a crítica constituem as determinações essenciais do espírito filosófico”. Oliveiros Litrento vê como objeto da Filosofia “a procura da razão de ser do homem e da vida”.

Existe o substantivo “filosofia” e o verbo “filosofar”. Filosofar é pensar a partir da Filosofia, ou seja, filosofar é pensar com os instrumentos da Filosofia, filosofar é exercitar a reflexão filosófica.
A sabedoria latina nos ensina que toda ciência principia pelo significado das palavras: ”omnia scientia a significatione verborum incipit”. Mas a mesma sabedoria clássica adverte para a dificuldade de definir, o perigo de definir: ”omnis definitio periculosa est”.

A palavra “filosofia” resulta da justaposição de dois vocábulos gregos: filos (amigo) e sofia (sabedoria). A Filosofia é, assim, etimologicamente, o amor à sabedoria, e o filósofo é um amigo da sabedoria.

Segundo Cícero, a palavra filosofia foi criada por Pitágoras. Comparecendo à face de Policrates, tirano de Samos, que lhe indagou a profissão, Pitágoras respondeu que não era um sábio, mas apenas um filósofo, ou seja, um amigo da sabedoria. Segundo ele, a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos.

Pitágoras estava certo na sua humildade. Na busca da verdade, supôs que o número seria o princípio essencial de que todas as coisas são compostas (Todas as coisas são números). Equivocou-se na tentativa de explicar, por meio da verdade numérica, a globalidade dos fenômenos físicos e humanos. Sua intuição foi posteriormente contestada. Não obstante isso, seu nome permanece inscrito na História do Pensamento (até hoje se estuda, mesmo nas escolas de segundo grau, o teorema de Pitágoras).

Também Platão foi humilde, reconhecendo a limitação do espírito humano, quando escreveu que o filósofo deseja a sabedoria. Ele não disse que o filósofo possui a sabedoria, ou que é detentor da sabedoria, mas apenas deseja a sabedoria.

João Baptista Herkenhoff, 77 anos, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo e escritor. Autor, dentre outros livros, de: Filosofia do Direito (GZ Editora, Rio, 2010) e Curso de Direitos Humanos (Editora Santuário, Aparecida, SP).



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Barra em Foco – 16/08/2013

Os vereadores de Conceição da Barra se reuniram ontem em sessão ordinária, no distrito de Braço do Rio, e aprovaram a Proposta de Emenda à Lei Orgânica Municipal dos vereadores Mirtes (PR), Amauri (PPS) e Juvenal (PTB) que estabelece a Sessão Solene para o Dia da Mulher no município. Os parlamentares também aprovaram Projeto de Lei de autoria da vereadora Nêga (PDT), que visa conceder vale transporte ou transporte gratuito para servidores públicos no exercício da função.

Outros Projetos foram encaminhados para as respectivas Comissões Permanentes tais como o que cria o Conselho Municipal de Juventude, de autoria dos vereadores Amauri (PPS), Adilson Poeta (PPS) e Sirlene do Cartório (PRB) e que dispõe sobre a obrigatoriedade de se manter um Livro para Reclamações e Sugestões dos usuários das Unidades de Saúde no município.




Aguardando documentação da Prefeitura

O vereador Rogério Rufino (PTB) voltou a agradecer ao secretário de Estado dos Esportes Vandinho Leite por ter inserido o distrito de Braço do Rio no programa Praça Saudável, bem como, a garantia da construção do Campo Bom de Bola no bairro São Jorge, a pedido do presidente da Câmara, Clebinho Alagoano (PSDB). O parlamentar reiterou na tribuna a necessidade em a Prefeitura encaminhar com urgência, a documentação pertinente para a conclusão do convênio entre o Estado e o Município para a execução das obras.


Vereadora Sirlene em Brasília

A parlamentar informou aos presentes sobre sua viagem a Brasília por conta do Congresso Nacional de Mulheres do seu Partido, o PRB, e o quanto considerou importante os encontros que teve com personalidades políticas em nível nacional, tais como o Ministro da Pesca, Marcelo Crivella. Já numa agenda em Vitória, a vereadora falou de seu encontro com Raquel Lessa, presidente do Idurb (Instituto de Desenvolvimento Urbano e Habitação) do Governo Estadual com quem tratou da urgência de se promover a regularização fundiária em Conceição da Barra, medida que permitirá que proprietários de imóveis possam realizar projetos envolvendo seus bens.


Pedido de Informações sobre Contratos

O vereador Carlos Rosário usou a tribuna para defender o seu requerimento que consiste em solicitar toda a documentação referente aos contratos por designação temporária praticados nos últimos 8 meses no município. Segundo o vereador, a autorização dada pela Câmara de Vereadores para que o Executivo contrate pessoas, venceu no último dia 31/12/2012, portanto, quer conhecer quantos servidores foram contratados nessas circunstâncias e de que forma foram feitas tais contratações. “Não sou contra contratar pessoas, mas é nossa obrigação saber como isto está sendo feito. É para isso que existe a Câmara de Vereadores, para fiscalizar os atos do Executivo”, argumentou o vereador  Carlos que viu seu requerimento aprovado por 6 colegas. Quatro vereadores rejeitaram o seu requerimento.


Horas de trator

A vereadora Mirtes fez um apelo à Secretaria Municipal de Agricultura que atendesse às demandas do setor agrícola do município e que o fizesse sempre em tempo hábil, argumentando que a ajuda, quando tardia, já não resolve mais o problema, citando como exemplo, as horas de trator que precisa ser concedida no período correto. A vereadora reiterou a importância da permanência dessas pessoas no campo e o quanto isto representa para a sociedade. “O incentivo evita o êxodo rural e valoriza a atividade na sociedade”, disse Mirtes que voltou a falar da importância da aprovação de seu Projeto de Emenda a Lei Orgânica, garantindo uma Sessão Solene para o Dia da Mulher em Conceição da Barra. Segundo a vereadora, a mulher é fundamental na organização da sociedade e principalmente em Conceição da Barra onde além de ser maioria, ocupa espaços importantes e de extrema relevância para o funcionamento do município.


Plano Plurianual

Na próxima terça-feira, dia 20, às 19h, os vereadores estarão reunidos em sessão extraordinária com o objetivo de apreciar em primeiro turno o Projeto de Lei 37 que dispõe sobre o Plano Plurianual (2014 a 2017). Em seguida, as 20h, os parlamentares farão uma outra sessão extraordinária e desta vez para apreciação do Projeto de Decreto Legislativo 002/13 que dispõe sobre a proposta orçamentária do Poder Legislativo para o ano que vem.


A participação da sociedade nas reuniões da Câmara valoriza o trabalho dos vereadores e lhes permite compreender o quanto precisam estar em sintonia com a vontade popular. Participe, todos nós só temos a ganhar!





sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A relativização e suas consequências

Para quem se acostumou a ler meus escritos, principalmente os publicados aqui no blog, poderá estranhar um pouco a exploração do tema que segue. Costumo falar de política, pois é a razão da construção desse espaço de exposição de minhas ideias. Contudo, hoje vou falar sobre algo que não está diretamente relacionado à política, mas ao comportamento humano e as mazelas geradas no nosso cotidiano. Falarei sobre a relativização de tudo, ou, popularmente traduzido pela frase “NÃO TEM NADA A VER”.

A tragédia familiar vivida no País e no Mundo, em consequência do uso de drogas cada vez mais perigosas e com poder de vício centuplicado, não é novidade para ninguém. Até mesmo em cidades pequenas como a nossa, o problema já afeta várias famílias. A dimensão dessa situação chega ao ponto de as pessoas não esconderem mais o problema e procuram ajuda para amenizar o sofrimento de ver um parente, que um dia foi uma pessoa digna e responsável, se transformando num lixo humano, na medida em que destrói tudo o que tem (família, amigos, bens, etc...) em troca de algumas horas de prazer proporcionadas, sobretudo, pelas pedras de crack.

Um caso específico me chamou a atenção hoje e o fará entender as razões do título desse texto. Quando digo sobre a relativização de tudo, refiro-me ao engodo que estamos vivendo, sob o manto de uma liberdade que até agora não entendi para que serve. Uma mulher de 42 anos, cujo filho havia 10 meses não usava drogas, depois de ter sido internado numa clínica e ser considerado “limpo”, retornou para casa, para o convívio familiar. No domingo passado, saiu para ir à praia e não retornou. Desconfiada que o rapaz poderia ter tido uma recaída, passou a procurá-lo pelos lugares comumente utilizados por usuários de drogas. O rapaz estava lá, na companhia de outros usuários, maltrapilho e absorto no mundo macabro do vício e da degradação humana.

Não escrevo esse texto para chamar sua atenção exclusiva sobre o uso de drogas e seus malefícios. Mas o faço na tentativa de despertar as pessoas que não usam drogas, mas cujo comportamento pode facilitar que aqueles que os tenham como espelhos, como referência, não se decepcione a ponto de escolher se entorpecer como uma espécie de fuga do mundo real. A mulher, cujo filho de 19 anos se viciou e ainda não conseguiu se livrar dessa “doença”, ao relatar a reportagem sobre sua vida, bem como, as qualidades do filho, sem cerimônia e considerando algo normal, fala de sua separação e que o filho teria escolhido morar com o pai em outra cidade, quando completou 16 anos.

São vários fatores, com certeza, que levam as pessoas ao consumo de drogas e quase sempre, acredito, é a necessidade do preenchimento de um vazio existente na alma humana. Contudo, essa relativização que é possível perceber hoje em dia ao mencionar a SEPARAÇÃO DE CASAIS, tem sido um verdadeiro precipício na vida das pessoas e as consequências recaem sobre os filhos que da mesma forma passam a encarar tudo como algo RELATIVO, e, como já disse antes, o popular “não tem nada a ver”.

É claro que nem todos os casos envolvendo consumo de drogas na família, tem a ver com separação de casais, mas se tivermos um olhar mais analítico, perceberemos que os valores e princípios familiares, hoje encarados de forma relativa, têm sido o principal motivo para que crianças, adolescentes e jovens, estejam desnorteados, sem exatamente saber o sentido da vida.

Se tudo é relativo, corremos o risco iminente de ver tudo o que realmente importa sendo jogado na lata de lixo, sem que percebamos que é exatamente a nossa própria vida descartada como aquele jovem, a exemplo de tantos, preferiu a sarjeta que o seu próprio lar. O casamento não é algo de fácil condução, mas quando há amor, não como sentimento mas como uma espécie de escolha, sempre procuraremos o caminho do entendimento e, agindo assim, descobriremos que amar é algo muito mais consistente do que corações acelerados pela expectativa de um encontro, quando na fase de adolescência e juventude de nossa vidas.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ruas calçadas: Dignidade ou marketing político?

Tenho gostado muito de ver as manilhas espalhadas pelas ruas do bairro Floresta, em Conceição da Barra, sinalizando que teremos ruas calçadas.

É parte do direito à dignidade pisarmos em ruas calçadas e, nos períodos de chuva, não termos que sujar sapatos e roupas ao se deslocar de um lugar para outro, em função da inevitável lama que se transformam as nossas ruas sem o devido calçamento. Contudo, a dignidade não se resume nisso. É preciso muito mais. Será que uma rua calçada substituiria a falta de médicos, exames, consultas com especialistas, etc..?

Cabe ao poder público, em sintonia com a sociedade, definir num orçamento claro e com participação da opinião pública, o que queremos e o que precisamos com maior urgência. Embora o calçamento de ruas não possa ser objeto de reclamação de ninguém, o problema é quando os servidores públicos, e aqui destaco os professores, não recebem um salário digno, gerando descontentamento, falta de estímulo e, para piorar as coisas, interferem na economia, uma vez que muitos deixam de consumir, optando apenas pelo básico do básico. Resultado: Desemprego e quebradeira geral.

Ainda não pude ver a felicidade nos rostos das pessoas ao avistar as manilhas nas ruas ainda sem calçamento, sinalizando que o calçamento vai chegar. Mas por que as pessoas não se alegram com tamanho benefício, afinal, não pisará mais em ruas de barro, principalmente quando viram lama nos período chuvosos? A explicação pode estar em obras que não tem o DNA das pessoas que aqui vivem. Como se orgulhar de algo que não tem minha participação, mesmo que sutil ao opinar sobre qual o bairro está necessitando mais de calçamento?

Nem sempre é possível ter recursos para fazer tudo o que é preciso. Isso é verdade. Mas quando temos um governo que privilegia a sociedade, em detrimento do seu super-ego, teremos uma sociedade mais feliz, mesmo que a sua rua ainda não tenha sido contemplada com o calçamento.

Aliás, particularmente, só vou acreditar nas ruas calçadas quando efetivamente estiverem prontas. Há motivos de sobra para desconfiar, tendo em vista que "espalhar materiais de construção na cidade" para passar uma impressão de que a Prefeitura está trabalhando, é uma marca indelével desse governo. Contudo, não me surpreenderia se a conclusão acontecer apenas no ano que vem... em ano eleitoral, é muito mais inteligente entregar obras à população, não é mesmo?!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Barra em Foco (02/08/2013)

Na noite de ontem, 01/08, a Câmara de Vereadores de Conceição da Barra retornou aos trabalhos realizando a primeira assembleia ordinária do 2º semestre. Relato aqui os destaques nos pronunciamentos dos vereadores que utilizaram a tribuna da Casa, após 7 meses de mandato da nova Legislatura.


Polo da UAB poderá ser extinto na Barra

A Universidade Aberta do Brasil, em Conceição da Barra, que oferece um número considerável de cursos de graduação e especializações na modalidade EAD, poderá fechar no município. O motivo, segundo a vereadora Mirtes (PR), que também usou a tribuna da Câmara, é o não cumprimento por parte do governo municipal, com as premissas estabelecidas no convênio com a UFES. Segundo a vereadora, se o governo municipal não cumprir com o compromisso de construir uma rampa e elevador para acesso, sobretudo de pessoas com deficiência física, o convênio será encerrado. O prazo é até o final deste ano. “Se o governo quiser, com certeza, fará as intervenções necessárias em tempo hábil”, me disse a parlamentar.



“O prefeito vai se embaraçar no próprio cipó!”

Com essa frase, o vereador Carlinhos do Sindicato (PT) balizou seu discurso fazendo duras críticas em relação à administração municipal, com destaque para as remoções de servidores públicos efetivos, sem considerar as regras previstas no Estatuto da categoria. O vereador disse que os secretários municipais não tem autonomia e que a administração do município “está uma bagunça”. Carlinhos alertou aos colegas sobre a necessidade de cuidar da Casa Legislativa, pois assim fazendo, estarão cuidando do povo que os elegeram.


“O papel do Legislativo não está sendo cumprido”.

O vereador Amaury (PPS) fez uso da tribuna falando da importância e o papel do Poder Legislativo como poder constituído. Citando o filósofo francês Montesquieu, lembrou aos seus pares que a distinção dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, é para que cada um deles exerça com rigor suas reais funções. “Não é resolvendo problemas particulares dos amigos que estaremos exercendo o nosso papel”, disse o parlamentar. Amaury criticou a falta de ajuda do poder público, no transporte dos alunos que estudam fora do município, lembrando que o problema é antigo, pois quando estudava, precisava utilizar o ônibus financiado pelo governo de Pedro Canário. Além disso, o vereador falou sobre a paralisação dos programas em virtude da reestruturação feita pelo governo e alertou sobre o Projeto de Lei que será reenviado ao Poder Legislativo, que prevê a extinção da Secretaria de Turismo e Cultura, o que considera incompatível com as características culturais e turísticas do município.


Diárias para médicos

O líder do governo na Câmara, o vereador Rogério Rufino (PTB) anunciou que o governo municipal está estudando mecanismos para atrair médicos que queiram trabalhar no município. O vereador informou que o prefeito enviaria Projeto de Lei que concederia diárias aos médicos. Além disso, Rogério Rufino solicitou que a mesa diretora encaminhasse pedido de urgência ao Poder Executivo para que este fornecesse as documentações necessárias para o convênio com a Secretaria Estadual de Esportes e assim agilizar a construção da Praça Esportiva na Cobraice, acertada com a visita do secretário Vandinho Leite ao distrito.


Sucesso no Festival de Forró de Itaunas

O vereador Adilson Poeta (DEM) usou a tribuna da Casa para elogiar o trabalho da Polícia Militar no aspecto segurança da Vila de Itaúnas durante a realização do Festival de Forró. O vereador estendeu os elogios a EDP Escelsa, aos garis, os guarda-vidas, bem como a população da Vila em geral, pelo brilhantismo do evento. Na manhã de hoje, o vereador ofereceu um café da manhã para os responsáveis pelo sucesso do evento, informando que o comandante da PM em Conceição da Barra e o Gerente da EDP Escelsa, entre outros estariam presentes.


100% “Alapixaba”

O presidente da Câmara, o vereador Clebinho Alagoano (PSDB) em seu discurso, falou da importância da sintonia que há entre os parlamentares dessa Legislatura, lembrando que nem sempre foi assim. Em seu 3º mandato, o vereador disse que “faz parte da política a defesa de pontos de vista, mas que isto não pode significar inimizades”. Elogiou os colegas pelo comportamento até aqui ético, uns para com os outros, e revelou que quando do seu primeiro mandato, não havia a mesma consciência que há hoje. “No primeiro mandato, eu e mais 3 colegas, fomos deixados de lado pelo grupo que compunha a maioria, mas isso não fez de nós inimigos, ao contrário, hoje mesmo eu me lembrei de alguns e liguei para eles”, completou o presidente. Clebinho saudou o retorno de seu pai para terras capixabas e presente no plenário, lembrando que se sente mais capixaba do que alagoano, devido ao tempo que já mora no Estado: “Já usei a frase 100% alapixaba no meu carro”, disse arrancando risos dos presentes referindo-se a sua condição de cidadão e o orgulho de ser alagoano e capixaba ao mesmo tempo.



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Ulysses e a Cidadania

João Baptista Herkenhoff

 
Por iniciativa da Fundação Ulysses Guimarães tive a oportunidade de debater ante-ontem em Vitória. O convite me foi feito pelo presidente da Fundação. O tema proposto para o debate foi este: Para onde a cidadania quer levar o país?

Para discorrer sobre cidadania, numa instituição que tem o nome de Ulysses Guimarães, não seria possível iniciar a fala senão reportando-me a seu patrono, um paradigma das lutas cidadãs. Ulysses combateu a ditadura instaurada no Brasil em 31 de março de 1964 e desempenhou pepel decisivo na redemocratização do Brasil. Ao declarar que a Constituição de 1988 tinha sido promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, o gigante Ulysses, com a Carta Magna erguida nas mãos, num gesto cívico, adjetivou o documento: Constituição cidadã.

Mas tudo isso é história e para os jovens até parece pré-história nestes tempos em que o ontem é esquecido e somente o hoje tem significado. Entretanto é preciso que se diga com todas as forças da alma: um povo que não conhece o passado não tem futuro.

São muito expressivas e dignas de aplausos as passeatas que condenam a corrupção, que exigem segurança, saúde e educação, que protestam contra os desvios éticos. As classes dominantes desencorajam as lutas coletivas.  Com frequência, os líderes das lutas coletivas são perseguidos, presos e até mesmo assassinados. O povo tem de aprender a vencer seus desafios com as próprias forças. Mesmo que o ambiente envolvente seja adverso, mesmo que a luta coletiva não seja valorizada e enaltecida, é a união que faz a força.

Assusta-me porém que algumas vozes distorçam os justíssimos reclamos e advoguem o retorno da ditadura. Assusta-me também que uns poucos maculem o protesto democrático com atos de vandalismo e destruição do patrimônio histórico. Lembre-se, sobretudo aos jovens, que os atos institucionais que decretaram o regime ditatorial apresentaram, como justificativa para a supressão das garantias, a defesa dos valores democráticos. Entretanto, com as ressalvas admitidas para que vigorasse, em nossa Pátria, uma liberdade apenas relativa, o que vimos, a partir de primeiro de abril de 1964, foi a prática da tortura nos porões do regime, o assassinato de opositores, o silenciamento dos grandes líderes e os abusos de toda ordem.

Respondi à pergunta formulada pelos organizadores do conclave: a cidadania quer levar o país à Justiça Social, a uma melhor distribuição da renda, a uma educação pública de excelente qualidade, à efetivação da saúde como direito de todos, à infância e adolescência protegidas, cuidadas como tesouro mais precioso que o ouro e a prata, como disse o Papa Francisco.

 
João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, palestrante pelo Estado e Brasil afora e escritor.