Houve tempos,
especialmente em nosso Estado, que a simples menção da palavra “carnaval”,
remetia a nossa amada Conceição da Barra. Bons tempos, diga-se de passagem.
Em qualquer
lugar que se vá nesse Estado e em algumas partes do Brasil, a Barra é sempre
relacionada a uma das festas mais populares do Planeta. Contudo, algumas coisas
vêm mudando nos últimos 20 anos e não tem relação apenas com os problemas em
nossa orla, com o avanço do mar e a necessária parede de pedras construída, mas
com o nosso comodismo e a incapacidade organizacional para se realinhar à nova
realidade.
Quando me
refiro à nova realidade, falo sobretudo dos outros balneários próximos que
tendo suas cidades enriquecido (ao contrário da nossa), trabalhou
consistentemente na valorização de suas praias e outros atrativos turísticos.
Os exemplos mais simples para comprovar o que digo, são Linhares e São Mateus. A primeira, com a praia de
Regência antes deserta e hoje frequentada, bem como, as lagoas, passaram a ser
um atrativo interessante para a cidade que mais cresceu nos últimos anos, no
norte do Estado. Já São Mateus, com a sua Guriri, sempre bombando o ano inteiro,
sem depender exclusivamente do verão, vem dando demonstrações do quanto o turismo é coisa séria e pode desenvolver um lugar.
E nós, o
que fazer para voltar a ser a Conceição da Barra tão amada e inesquecível,
especialmente para as pessoas que, como eu, estão na faixa dos 40 anos de
idade? Competir com show’s gratuitos ou pagos, não me parece ser uma boa ideia,
pois os lugares que citei, já estão anos luz à nossa frente, consolidados, e,
investir nesse tipo de evento, teria que envolver um forte aparato midiático,
coisa que nossos recursos (públicos ou privados) não teriam condições de
absorver.
Acredito
num turismo na Barra que envolva pessoas, valores culturais, história, hábitos
e costumes, tudo isto acompanhado de um trabalho profissional e competente na área de marketing. De que adianta querer competir de igual para igual, com balneários
que tem toda uma estrutura de Governo forte e com recursos, e que, sobretudo,
ficam mais próximos da Grande Vitória e praticamente às margens da BR 101, sem recursos e sem um trabalho profissional e consistente?
Preparar
nosso povo para receber pessoas e treiná-lo para lembrar o quão fomos e somos
importantes para o Estado, tendo por exemplo, uma das primeiras Comarcas, das primeiras
Colônias de Pescadores (Z1), entre outros, além de grandes homens e mulheres
que marcaram a história cultural de nosso Estado e o País, é de fato nosso
grande diferencial, mas que parece não importar, conforme a visão de quem nos
governa hoje. A prova disso é que a Secretária Municipal de Cultura, mal foi criada e já foi extinta, relegada a um apêndice da Secretaria de Turismo.
A
criatividade é uma habilidade inerente ao ser humano mas este necessita de
liberdade, estímulo e espaço para coloca-la em prática. Enquanto estivermos
tolhidos, utilizando o passado apenas para lamentar o quão éramos felizes, não
resolveremos nada. Continuaremos na mesma, vendo os outros crescerem e nós,
iludidos com a possibilidade de ser grande, mas sem olhar para dentro de si e
saber exatamente o quê queremos e, principalmente, o que necessitamos.
Um abraço e
que Deus nos abençoe a todos!
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