Carro na
garagem, conforto orçamentário, filhos na faculdade, viagem de férias, presentes
caros no natal, entre tantas outras conquistas materiais alcançadas nos últimos
12 anos, fez com que muita gente passasse a praticamente ignorar a importância
da política. Muitos chegam ao cúmulo de declarar que “odeia a política”, só
para ser bem aceito nos ambientes sociais.
Pois bem,
chegou a hora em que este conceito precisa ser revisto, sob pena inclusive de
não termos mais a liberdade de escolher quem nos governará. Sim, pois na medida
em que se despreza a democracia, é criado o ambiente para a ditadura, como na
Venezuela por exemplo. Espero que não chegue a este ponto em nosso País.
A política
se tornou para uma imensa parcela da sociedade, algo desnecessário, chato e sem
valor, a menos que haja uma “compensação”, algo que você se sinta em vantagem
por participar. Uma reunião política, por exemplo, onde se discutirá problemas
e soluções da comunidade, só terá algum êxito se for regado a bebida e o
tradicional churrasco que ninguém sabe de fato quem financiou.
Se a
reunião foi convocada por alguém que tem o poder de nomear ou exonerar, o churrasco
pode até ser dispensado, e será numericamente maior, contudo, o “ódio” por
estar ali também é na mesma proporção pois não há nada pior do que estar num
lugar onde não gostaria, mas é obrigado porque não quer fazer parte da próxima
lista de exonerados.
Precisamos
entender a importância da política e o quanto ela é fundamental em nosso
cotidiano. Cada vez que há um problema no bairro, por exemplo, e que pessoas se
unem para tentar saná-lo, está se fazendo política. Não há nada de errado em se
mobilizar para avançar, e isto nada mais é do que fazer a genuína política,
aquela que foi criada pelos gregos e que até hoje é considerada a única forma
de governar que inclui as pessoas como um todo.
Contudo, se
nos mantivermos afastados e achando que o nosso papel de cidadão se encerra ao
votar, seremos coniventes com todas as mazelas às quais estamos assistindo
hoje. Não vejo com nenhuma surpresa toda essa roubalheira que está sendo
divulgada nos jornais e todos nós, na medida em que não nos interessamos pela
política, e votamos em qualquer pessoa, sem se preocupar com suas reais
propostas, somos coniventes com isso. Não diga que se surpreendeu com a pessoa
que votou. Normalmente o problema não é a pessoa em que você votou, mas o
critério que você estabeleceu para escolhê-la.
Espero que
um dia possamos nos reunir para falar sobre política sem necessariamente o
instituto do “churrasco”. Que ele (o churrasco) aconteça sim, mas para
tratarmos de futebol, religião, cinema, etc... política é algo sério demais
para ser tratado em momentos de descontração pois ao sair dali, só ficam as
lembranças das boas piadas, da fofoca da hora e o resultado do último confronto
entre os times do coração. Nada mais que isto.
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