quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Uma população desequilibrada e armada

Seis adultos e um adolescente foram mortos numa cidade do estado de Mato Grosso, na última terça feira, por conta de uma derrota no jogo de sinuca.

Os dois atiradores, após perderem 4 mil reais numa aposta, atiraram e mataram as pessoas. Consta no relatório policial que a aposta perdida e a chacota, provocaram a atitude dos criminosos.

Já no nosso Estado, o Espírito Santo, um caso menos lamentável, já que não houve vítimas, um jovem armado dispara várias vezes para o alto assustando e dispersando a multidão que participava de um bloco carnavalesco. Ninguém se feriu.

Uma das razões que me motivam a escrever sobre esse tema, é que por mais que os defensores do porte e posse de arma justifiquem sua posição, o argumento perde potência quando se recorre a um outro argumento, mais potente ainda: O temperamento das pessoas, em muitos casos, surpreendente e estas portando uma arma, pode resultar em algo positivo?

Pasmem meus ilustres leitores, no primeiro caso citado (em Mato Grosso) os atiradores foram até o carro, pegaram as armas e foram atirar nas pessoas, sob uma forte pressão emocional, já que a perda do dinheiro na aposta veio acompanhada da chacota e para usar um termo muito em voga nos dias atuais, bullying. E o pior aconteceu.

Eu tenho minhas dúvidas se até mesmo os agentes que tem autorização do Governo para portarem uma arma, tem de fato condições de portá-las. Estamos vivendo um tempo desafiante e se não pararmos para refletir sobre alguns temas por muitos considerados definidos, a contabilidade de vítimas poderá continuar aumentando e sem expectativa de redução.

A vida tem valido pouco ou nada para muitos e a quantidade de armas de fogo circulando, pode intensificar ainda mais essa tragédia.

São Mateus-ES, 23/02/2023

Carlos Quartezani

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A intenção não é suficiente

Quem pode dizer que já tomou uma atitude com má intenção? É sempre uma "boa intenção" que leva pessoas a agirem numa determinada circunstância, visando no mínimo o seu próprio bem estar, portanto, a intenção era boa.

Já os resultados alcançados nem sempre são os melhores. Embora não se deva crucificar ninguém por ter agido com boa intenção, a prática pode trazer danos incalculáveis para alguém e só o fato de ter boa intenção, não vai mudar essa realidade e fazer as coisas voltarem ao seu lugar.

O nosso país tem vivido momentos bem difíceis envolvendo catástrofes relacionadas ao grande volume de chuvas. Inclusive, bem acima da média histórica. Só para ficar num exemplo, o caso deste fim de semana no litoral norte do estado de São Paulo.

Quando iremos ter gente responsável pelo governo das cidades que irão de fato agir para impedir que pessoas parem de construir aonde não devem, tendo em vista o alto risco de desmoronamentos com a ação das intempéries? A "boa intenção" está favorecendo a quem?

Embora o volume de chuvas tenha sido intenso, como já foi dito, o que trouxe infelicidade para muitas pessoas inclusive quem não tem suas residências em locais de risco, o exemplo que dou sobre não permitir construções irregulares está no topo das atitudes mais sensatas, mas que são as mais difíceis de se por em prática em virtude da precariedade da relação entre o líder e sua real função para a qual foi escolhido.

Tenho dito aqui ao longo da minha trajetória de "escrevedor" que o populismo vai nos destruir e não será lentamente como eu imaginava. Estamos caminhando a passos largos num processo que pode provocar o desaparecimento da raça humana, por conta do culto à ignorância.

A responsabilidade de liderar um povo implica em fazer o que é preciso, não importando se a princípio esse mesmo povo não entenda que a medida é para o seu próprio benefício. 

Não deveria ser permitido que governantes deixem de agir, por considerar que a determinação é impopular. Se agir com lógica, fundamentado em conceitos científicos, mesmo que não alcance êxito terá agido com sabedoria e não "boa intenção", que como diz o dito popular, o inferno está cheio.

Isto vale para todos, embora na política seja essencial.

São Mateus-ES, 22/02/2023

Carlos Quartezani

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Carnaval retrô

Seria muito bacana ter de novo aqui aquelas pessoas que passavam o carnaval na Barra, especialmente as que vinham por intermédio do lendário Bloco Pararai. Não é acepção de pessoas, mas precisamos resgatar o charme dessa festa já que não temos estrutura financeira (e nem o dinheiro público é para isto) para competir com o balneário vizinho.

O festival de verão foi a comprovação de que é possível tirar leite de pedra e transformar a cultura do trio elétrico, hoje sinônimo de violência (pelo menos na nossa região) em algo que famílias inteiras vão curtir, saboreando junto com filhos e netos o gostinho do carnaval retrô. Tem muitos problemas que para resolver, precisa buscar no passado a solução.

Ao meu ver o que é razoável e possível, seria atrair essas pessoas por via de nossos amigos que mesmo não morando em Conceição da Barra-ES, tem grande carinho pela cidade e sabe que nossa dependência econômica do verão e carnaval é muito grande. Mais uma vez, cito o festival de verão 2023, cujo modelo de atrações atraiu pessoas que não estariam na Barra se a proposta fosse outra.

Muito ainda precisa ser pensado e realizado para que possamos de fato ser uma cidade turística. Itaúnas, que fez o seu dever de casa, está anos-luz a frente, mas o município é o mesmo e a população tem que entender que é nas decisões políticas que poderemos encontrar o fio dessa meada.

O carnaval é nossa oportunidade de virar a página e começar de novo a nossa reconstrução!

São Mateus-ES, 12/02/2023

Carlos Quartezani

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Homens e máquinas

Excluindo o fato de que a política como ela é explora sempre a ignorância das pessoas e assim aumenta as chances de seus beneficiários alcançarem seus objetivos eleitorais, quando leio algo sobre a Lei Rouanet, de modo pejorativo, me pergunto até que ponto a exploração da ignorância pode chegar.

É evidente que uma mente com dificuldade de funcionar em sua plenitude não considera que valores intangíveis (como a arte e a cultura) sejam importantes. Para estes, a única coisa que importa é o dinheiro e o quê e quem ele pode comprar. 

Não passa por tais mentes que o dinheiro é efêmero e que valores culturais, por exemplo, são eternos. Para utilizar de um termo bíblico, ainda que apenas em sua parte "a" no livro de Mateus 4-4: "nem só de pão viverá o homem". Isto resume o que quero expressar.

É evidente que qualquer Lei merece revisões para o seu aprimoramento, como é o caso da Lei Rouanet. O alcance dela ainda é insuficiente e está muito atrelado ao capital. O empresário que topa financiar um projeto cultural para ter parte desse recurso devolvido, através de seus impostos, não quer financiar um desconhecido mas alguém famoso. O lucro não sai da visão dele, nem por um segundo.

No entanto, ainda que imperfeita é melhor ter uma Lei Rouanet que incentive ao menos as pessoas poderem ter acesso a um produto cultural e assim, quem sabe, termos uma sociedade menos caótica, do que não ter nenhuma Lei e o capital fique focado apenas nos seus iates, helicópteros, jatinhos, mansões, etc...

É preciso valorizar os talentos pois em tempos de Inteligência Artificial pode ser a única coisa que nos distinguirá entre homens e máquinas.

São Mateus-ES, 06/02/2023

Carlos Quartezani

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Quem ri por último

Quando adolescente, lá na escola de ensino fundamental João Bastos Bernardo Vieira, na minha Conceição da Barra-ES, vez ou outra um entrevero bôbo entre adolescentes terminava em uma briga "na saída", depois do "te pego lá fora". Divertia os que não estavam diretamente envolvidos e os galos de briga iam para casa arrebentados ainda correndo o risco de apanhar mais do pai, por ter se envolvido em brigas.

Mais pra frente um pouco, já na minha fase adulta, tive o desprazer de testemunhar fato semelhante, envolvendo um artista da música, que fazia um show na cidade - e eu como assessor de comunicação da Prefeitura - estava no palco junto com ele e sua banda.

Presenciei o seu divertimento quando, de súbito, duas mulheres iniciaram uma pancadaria lá embaixo, Deus sabe o motivo. Ele se divertiu, mas não deixou que o público percebesse, claro.

Esses dois registros que faço, em momentos distintos de minha vida, é para ilustrar o que pretendo discorrer sobre a política e o quão equivocadas estão as pessoas, em sua maioria, a este respeito.

Enquanto os atores principais, os interessados diretamente no poder, altos salários e privilégios "curtem" a confusão gerada no ambiente político (especialmente em períodos eleitorais), que em nada lembra o motivo pelo qual existe a política, os "figurantes" seguem sem ganho algum e invariavelmente ainda com um olho roxo, como acontecia na minha adolescência na escola ou nos shows com público alterado pelo álcool e/ou similares.

Nunca consegui me divertir com isto. Não acredito que a infelicidade de alguém pode ser a senha para a minha felicidade. Se o prazer de um indivíduo é a infelicidade do seu semelhante, realmente alguma coisa deu muito errada com a criatura de Deus.

Não se empolgue com pessoas cujo objetivo está atrelado ao seu envolvimento emocional, que depende de uma postura sua que remete à idolatria, no lugar da razão. Qualquer pessoa é digna de admiração por algo que fez ou pensa, porém, não de adoração. Este recurso, é dos tolos.

Seja livre para elogiar o que merece e criticar o que não é de bom alvitre. Ser politizado, por exemplo, é ser capaz de não confundir gostar da pessoa ou de suas ideias. Embora sejam indivisíveis, gostar de alguém, como pessoa, não é passaporte para abraçar sua ideias e quando se entende isto, deixamos de fazer parte de um sistema que privilegia apenas quem se diverte às custas das emoções alheias.

São Mateus-ES, 03/02/2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

O profissionalismo é bom e eu gosto

Seguindo um padrão que considero essencial para a realização de eventos, seja de pequeno, médio ou grande porte, Conceição da Barra-ES a exemplo do que fez no Festival de Verão, divulga com antecedência as atrações que o turista e o barrense terão durante a maior festa popular do país, o Carnaval.

Quem quer viajar, principalmente quando o objetivo é aproveitar as programações festivas que o destino oferece, precisa se programar e também é claro, verificar se o que está na programação o agrada. Ao divulgar a programação do Carnaval 2023, a cidade trata com respeito o turista e os proprietários das pousadas e hotéis, agradecem.

Me sinto muito confortável em fazer esse reconhecimento do profissionalismo do trabalho envolvendo a administração municipal, no tocante ao Turismo e sigo confiante de que se continuar esse mesmo empenho e dedicação, a cidade vai colher bons frutos no médio e longo prazo.

Reitero meus cumprimentos ao prefeito municipal, Walison Vasconcelos (Mateusinho), por ter encontrado as pessoas certas para estarem a frente do projeto. 

No mais, é aguardar mais um sucesso de público e de pessoas felizes por terem encontrado em Conceição da Barra, a cidade que nasceu de um beijo entre o rio Cricaré e o Mar, as razões para curtir o melhor carnaval de rua do Estado capixaba.

São Mateus-ES, 02/02/2023

Carlos Quartezani