Quando adolescente, lá na escola de ensino fundamental João Bastos Bernardo Vieira, na minha Conceição da Barra-ES, vez ou outra um entrevero bôbo entre adolescentes terminava em uma briga "na saída", depois do "te pego lá fora". Divertia os que não estavam diretamente envolvidos e os galos de briga iam para casa arrebentados ainda correndo o risco de apanhar mais do pai, por ter se envolvido em brigas.
Mais pra frente um pouco, já na minha fase adulta, tive o desprazer de testemunhar fato semelhante, envolvendo um artista da música, que fazia um show na cidade - e eu como assessor de comunicação da Prefeitura - estava no palco junto com ele e sua banda.
Presenciei o seu divertimento quando, de súbito, duas mulheres iniciaram uma pancadaria lá embaixo, Deus sabe o motivo. Ele se divertiu, mas não deixou que o público percebesse, claro.
Esses dois registros que faço, em momentos distintos de minha vida, é para ilustrar o que pretendo discorrer sobre a política e o quão equivocadas estão as pessoas, em sua maioria, a este respeito.
Enquanto os atores principais, os interessados diretamente no poder, altos salários e privilégios "curtem" a confusão gerada no ambiente político (especialmente em períodos eleitorais), que em nada lembra o motivo pelo qual existe a política, os "figurantes" seguem sem ganho algum e invariavelmente ainda com um olho roxo, como acontecia na minha adolescência na escola ou nos shows com público alterado pelo álcool e/ou similares.
Nunca consegui me divertir com isto. Não acredito que a infelicidade de alguém pode ser a senha para a minha felicidade. Se o prazer de um indivíduo é a infelicidade do seu semelhante, realmente alguma coisa deu muito errada com a criatura de Deus.
Não se empolgue com pessoas cujo objetivo está atrelado ao seu envolvimento emocional, que depende de uma postura sua que remete à idolatria, no lugar da razão. Qualquer pessoa é digna de admiração por algo que fez ou pensa, porém, não de adoração. Este recurso, é dos tolos.
Seja livre para elogiar o que merece e criticar o que não é de bom alvitre. Ser politizado, por exemplo, é ser capaz de não confundir gostar da pessoa ou de suas ideias. Embora sejam indivisíveis, gostar de alguém, como pessoa, não é passaporte para abraçar sua ideias e quando se entende isto, deixamos de fazer parte de um sistema que privilegia apenas quem se diverte às custas das emoções alheias.
São Mateus-ES, 03/02/2023
Carlos Quartezani
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