segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Homens e máquinas

Excluindo o fato de que a política como ela é explora sempre a ignorância das pessoas e assim aumenta as chances de seus beneficiários alcançarem seus objetivos eleitorais, quando leio algo sobre a Lei Rouanet, de modo pejorativo, me pergunto até que ponto a exploração da ignorância pode chegar.

É evidente que uma mente com dificuldade de funcionar em sua plenitude não considera que valores intangíveis (como a arte e a cultura) sejam importantes. Para estes, a única coisa que importa é o dinheiro e o quê e quem ele pode comprar. 

Não passa por tais mentes que o dinheiro é efêmero e que valores culturais, por exemplo, são eternos. Para utilizar de um termo bíblico, ainda que apenas em sua parte "a" no livro de Mateus 4-4: "nem só de pão viverá o homem". Isto resume o que quero expressar.

É evidente que qualquer Lei merece revisões para o seu aprimoramento, como é o caso da Lei Rouanet. O alcance dela ainda é insuficiente e está muito atrelado ao capital. O empresário que topa financiar um projeto cultural para ter parte desse recurso devolvido, através de seus impostos, não quer financiar um desconhecido mas alguém famoso. O lucro não sai da visão dele, nem por um segundo.

No entanto, ainda que imperfeita é melhor ter uma Lei Rouanet que incentive ao menos as pessoas poderem ter acesso a um produto cultural e assim, quem sabe, termos uma sociedade menos caótica, do que não ter nenhuma Lei e o capital fique focado apenas nos seus iates, helicópteros, jatinhos, mansões, etc...

É preciso valorizar os talentos pois em tempos de Inteligência Artificial pode ser a única coisa que nos distinguirá entre homens e máquinas.

São Mateus-ES, 06/02/2023

Carlos Quartezani

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