quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A lição que nunca esqueceremos

Quando o Japão foi duramente abatido na segunda guerra mundial (1945) tendo as cidades de Hiroshima e Nakasaki totalmente destruídas e milhares de pessoas feridas e mortas, o país chegou, literalmente, ao fundo do poço. Hoje, pouco mais de cinqüenta anos após este fatídico episódio, o Japão é um dos países mais desenvolvidos do mundo e referência em tecnologia em todo o globo terrestre. Qual será a resposta para uma retomada tão rápida e eficaz para uma nação que foi abalada em sua estrutura física e moral, e que no entanto, ressurge das cinzas como uma grande potencial mundial?

Embora a história envolvendo os conflitos da segunda guerra mundial demandem diversas reflexões a respeito de quem tinha ou não razão, o que quero chamar a atenção neste texto não é a respeito das razões que levaram os países envolvidos a se confrontarem. O meu objetivo é trazer à tona a atitude que fez do Japão sair da condição de arrasado, para uma das maiores potências mundiais.

Em Conceição da Barra não fomos abatidos por torpedos, bombas atômicas, mísseis de longo alcance, etc... como aconteceu no Japão. Mas não seria exagerado dizer que diariamente somos bombardeados por um comportamento social que literalmente nos destrói, quando não percebemos que o inimigo invisível, age principalmente na nossa passividade. Faz-se necessária a reconstrução de uma cultura que até hoje não nos permitiu enxergar dentro de nós mesmos o potencial que temos. A frase “deixa isso como está, sempre foi assim”, me incomoda profundamente porque sei que já ouço tal frase há muito tempo e não vi resultado positivo nenhum que a justificasse.

Hoje, quando estamos prestes a comemorar 119 anos de emancipação política é, talvez, a mesma quantidade de tempo que estamos sendo iludidos por uma retórica que insiste em tentar nos convencer de que haverá um salvador da pátria que vai nos tirar desse marasmo econômico, social, político, espiritual, enfim, de todas essas mazelas que nos travam e ofuscam qualquer possibilidade de vitória coletiva. E o que é pior, a culpa não é de ninguém, é nossa!

Ora, o que o Japão tem a ver com tudo isso escritor? Eu respondo, meu caro e abnegado leitor. Os japoneses ao visualizarem a tragédia que os abateu, não tentaram reconstruir suas casas começando pelo telhado. Perceberam que a inteligência é a única habilidade que Deus nos concedeu e que nos permite, em meio ao caos, descobrir um leque de oportunidades. O governo japonês passou a investir maciçamente em EDUCAÇÃO. E quando falo em educação, não me refiro apenas a mandar as crianças para a escola, para que as suas eventuais faltas não signifique a perda do benefício social “bolsa família”, não! Quando falo desse tema é com a esperança de que as pessoas entendam, não somente os profissionais da educação, mas a todos, que a cidade que queremos e precisamos, não será construída com discursos vazios pré-eleitorais, e estes que os proferem, inclusive, não posso sequer culpá-los, afinal, eles dizem exatamente aquilo que a maioria dos eleitores desejam ouvir. Mas me refiro a uma educação libertadora, aquela que na medida em que o conhecimento invade as mentes, as pessoas percebem que têm direitos e que podem exigi-los sem se preocupar se vai estar agradando as outras pessoas ou não.

O Japão é assim. Um país que aproveitou um dos piores momentos de sua história e acreditou na semente chamada educação. Oxalá que os governantes entendessem, de fato, que o bem estar que eles tanto dizem querer oferecer, não está simplesmente num prato de comida, como se as pessoas fossem animais ávidos por ração. Dê sim um prato de comida! É necessário que as pessoas se alimentem fisiologicamente e se mantenham de pé. Entretanto, não nos esqueçamos de que a injustiça praticada aos escravos, numa abolição cujo formato transformou a vida daquelas pessoas numa miséria absoluta, não pode se repetir quando a escravidão da vez é a rejeição ao conhecimento.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Perigo na praia da Barra


O forte calor neste fim de semana já serviu para termos uma ideia de como será o verão 2010. Em Conceição da Barra, uma das praias mais lembradas da população capixaba, as mornas águas e o amplo espaço para curtir a estação mais esperada do ano, continua sendo a preferência de muitos, sobretudo daqueles que moram nas cidades próximas e que não é banhada pelo oceano atlântico. Exemplos: Pedro Canário, Boa Esperança, Nova Venecia, Montanha, etc... E é para voces que vai o meu aviso de alerta! Há um trecho próximo ao restaurante Tubarão, há cerca de 300 metros do Carangueijão (próximo ao pier) em que o mar formou uma falha na extensão da rua. Por isso, enquanto a Prefeitura não toma as providências para pelo menos sinalizar, muito cuidado ao trafegar na referida área.

A foto é para que você saiba exatamente o trecho ao qual me refiro. E sejam muito bem vindos neste verão e sempre!!!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Precisa disso para vender chinelos???

(*) Carlos Quartezani

Sou um profissional da comunicação e conheço alguns dos artifícios utilizados por publicitários para fazer com que o produto ou serviço de seu cliente, seja lembrado.

Tudo bem, minha área na comunicação social é a escrita e não sou conhecedor profundo das técnicas publicitárias, entretanto, o hábito que constitui um jornalista é, sobretudo, a leitura diária e nesse exercício somos estimulados a oferecer às pessoas o que há de melhor (no nosso entendimento) em termos de informação consistente e produtos literários de qualidade, e assim, contribuir na formação de um leitor que seja inteligente, perspicaz, crítico e acima de tudo, perceba a importância que um profissional deste segmento tem para a qualidade na formação de suas idéias e efetivamente, em sua prática cotidiana.

Mesmo não tendo nada contra as pessoas que nesta profissão (comunicação social) optaram pela publicidade, não poderia deixar de registrar aqui os abusos que esses profissionais praticam, na tentativa de convencer seu cliente que aquela peça publicitária lhe trará bons dividendos para sua empresa. É evidente que a criatividade é o atributo principal para o exercício dessa profissão, principalmente se considerarmos que o público consumidor tem uma tendência a comprar, nem sempre pela qualidade do produto em si, mas o anúncio atraente faz com que se lembre daquela marca. Só não consigo conceber que determinadas marcas, com a tradição de havaianas (sandálias de borracha) necessite interferir na conceituação moral do povo brasileiro, já tão abalada por tantas práticas que estão incentivando os nossos jovens, sobretudo, a desconhecerem valores que são fundamentais, independente da época em que vivemos. Esse público (os jovens) estão em formação, inclusive de caráter, e por isso são tão facilmente influenciados. E é aí que está o grande perigo: incutir conceitos nesta classe da sociedade, que passam ao largo do construtivismo.

Ora, qual a necessidade em produzir um comercial de chinelos, exibindo um diálogo entre uma senhora e uma adolescente (avó e neta, supostamente) passando um princípio para milhões de telespectadores de que a adolescente não precisa se casar com um rapaz com as características do ator Cauã Reimond. Seria suficiente, segundo a avó da moça, que ela apenas fizesse sexo com ele. Será que é realmente necessário induzir milhões de crianças e adolescentes à idéia de que casamento não é importante, apenas para se vender mais chinelos? Eu penso que não. E você, o que pensa?

Não escrevo com o intuito de pregar moralidade barata. Externo minha opinião por acreditar que quando relativizamos assuntos importantes, produzimos gerações sem referência, sem limites e isso tudo contribui sobremaneira para a construção de uma sociedade cujo futuro é viver num país sem perspectiva.

E não é isso que sonhamos para o Brasil.

Em detrimento da qualidade do produto havaianas, sugiro que optemos por uma marca que não tente destruir conceitos importantes, apenas para vender, a mais, uns pares de chinelos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vereadores, a qualidade deve sobrepujar quantidade

(*) Carlos Quartezani

Esta semana, para ser mais exato nesta quarta-feira, dia 09 de setembro, a Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno a PEC (Projeto de Emenda à Constituição) que permite o aumento do número de vereadores nas Câmaras Municipais em mais de 8.000 vagas, em quase todos os municípios brasileiros. Atrelada a esta decisão – permitir aumentar o número de vereadores de acordo com o número de habitantes de cada município – a PEC também determina a redução dos repasses do Executivo para o Legislativo dos atuais 5% para 4,5%, nos municípios com população acima de 500mil habitantes. Já no caso de municípios menores, que é a expressiva maioria, esta redução cai ainda mais: Em alguns casos, como em Conceição da Barra, a redução dos repasses do duodécimo, como é chamado, deverá sofrer uma redução em torno de 2%, caindo dos atuais 8% para 6%.

Naturalmente as dúvidas envolvendo o assunto são muitas. Como haverá redução de gastos nas Câmaras, seu vai aumentar o número de vereadores? Consequentemente aumentando o número de assessores, não aumentaria os encargos com a folha de pagamento, o consumo de combustíveis, diárias, etc...? A conta não fecha! É Verdade. Analisando sob este prisma, a conta não fecha. Entretanto, vale ressaltar que quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu diminuir o número de vereadores nas Câmaras Municipais, numa Resolução editada em 2004 e corroborada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a esmagadora maioria não atendeu ao que pretendia os órgãos de Justiça neste País. É possível se contar nos dedos as Câmaras Municipais que se dispuseram a adequar os seus gastos – em função da redução do número de vereadores – e devolver recursos à municipalidade na mesma proporção. Salvo as medíocres devoluções com o intuito de “fazer graça” com uma população que desconhece e insiste em continuar desconhecendo a real função de um parlamentar, não tenho notícia de nenhuma atitude tomada por qualquer Mesa Diretora das Câmaras de nosso Estado, no sentido de reduzir, na mesma proporção, os gastos que teriam caso o número de vereadores não tivesse sido reduzido. Nosso municípios tinha 13 vereadores e em 2004, passou para 9.

Além disso, devemos considerar que houve um acréscimo considerável de uma Legislatura para a outra, no tocante a arrecadação (refiro-me a nosso município no período entre 2001 e 2008) o que estabeleceu um volume ainda maior de repasse às Câmaras, levando-nos à conclusão de que por falta de recursos, Câmara Municipal nenhuma neste país tem ou terá dificuldade em rever os seus gastos e adequar-se a possibilidade de ter mais representantes, desde que seja esta a vontade popular. No nosso caso, com uma população em torno de 27.000 habitantes, a PEC estabelece um número máximo de 11 vereadores.

É preciso frisar que: “A PEC apenas estabelece o limite máximo de vereadores para cada município e os limites do efetivo repasse. A decisão cabe aos próprios vereadores atuais e de preferência consultando a sociedade, se devem ou não admitir o aumento do número de representantes no Poder Legislativo municipal”.

Se eu sou a favor do aumento do número de vereadores? Sim, porque acredito na força da representatividade política, na democracia e isto só é possível quanto temos a oportunidade de eleger pessoas com o perfil que pelo menos se aproxime do adequado para a função. Se porventura não temos a representatividade que desejamos, não é reduzindo o número de parlamentares que alcançaremos nosso objetivo. É como não trabalhar com dedicação e responsabilidade, por achar que não recebe um salário digno. Precisamos refletir e entender que a qualidade que queremos no Legislativo não acontecerá enquanto utilizarmos os mesmos critérios de escolha, sempre arraigados ao velho conceito de que o nosso voto não vai mudar em nada a realidade que se apresenta.

Entendo ter sido acertada a decisão dos congressistas aprovando a PEC dos vereadores e que deverá ser votada em segundo turno no próximo dia 23. A partir daí, precisaremos fazer o nosso dever de casa e discutir de forma responsável e consciente, qual o tipo de Câmara Municipal que queremos, seja qual for a quantidade de membros que ela terá.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Salgema: Onde estão as nossas autoridades?

(*) Carlos Quartezani

Muito pior do que a quase sempre péssima qualidade na representatividade política é a sensação de que os interesses daqueles que foram eleitos pelo voto popular, passam longe da defesa de temas relevantes e de importância econômica, financeira e também social para o povo de Conceição da Barra. Estou me referindo, mais uma vez, ao descaso para com a questão do sal-gema em nosso município.

Para aqueles que não sabem, vou fazer uma pequena recapitulação de todo o processo envolvendo a maior jazida de sal-gema da América Latina e que por falta de empenho político, não acontece em nosso município. Pedindo licença ao jornalista Cacau Monjardim – colunista do ES Hoje e ex-secretário de Estado da Comunicação – vou reproduzir um trecho do seu texto publicado no site www.eshoje.com.br, no dia 31/08/2009:

“...Em 2002 – e chegamos a estranhar a Petrobrás patrocinou o retorno ao noticiário nacional da questão da jazida de sal-gema de Conceição da Barra. A empresa veio forte e firme, afirmando que a reserva capixaba representava 70% do sal-gema existente no país. E que a empresa iria investir, numa etapa inicial, R$180milhões, que sustentaria uma produção de um milhão de toneladas anualmente, com expressivo retorno econômico-financeiro para o estado e os seus municípios, durante, pelo menos, 30 anos. O anúncio da Petrobrás, que corrigia inclusive o volume das reservas de sal-gema do estado para 19,4bilhões de toneladas, despertou preocupação em outras regiões salineiras do país, especialmente no Rio Grande do Norte...”

Esses são os fatos. A Petrobrás chegou a abrir o processo licitatório para a exploração do mineral em nosso município, à época administrado pelo PMDB, porém, o edital não chegou a ser publicado por ordem da então ministra de Minas e Energia, cedendo pressões da governadora potiguar e as suas bancadas no Congresso Nacional. A governadora Wilma de Faria, temia que a exploração de sal-gema em solo espírito-santense, prejudicaria a economia de seu estado, o Rio Grande do Norte.

Esclarecidos alguns pontos históricos que envolvem a questão sal-gema em Conceição da Barra, volto às perguntas que me motivaram a produção do presente texto: Quando teremos representantes políticos em Conceição da Barra que efetivamente se debruce sobre questões realmente importantes, afastando-se das tradicionais picuinhas de esquina? Será que é para isso que elegemos prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e até mesmos os seus assessores que devidamente nomeados por esses “escolhidos”, deveriam ater-se à função de encontrar mecanismos para contribuir na construção de uma realidade econômica, financeira e social do município, mais justa e desatrelada das incipientes e falidas (no modelo que aí está) atividades turística e pesqueira? Precisamos de pessoas que realmente se preocupem com o desenvolvimento do nosso município, mesmo que isso custe um enfrentamento de questões polêmicas e anti-populares. É para isso que elegemos representantes. Ou estou equivocado?!!

É claro que não estou afirmando que com a exploração do sal-gema todos os nossos problemas estariam resolvidos. Não! Sei que as mazelas são muitas e não se resolve apenas com recursos financeiros, mas estou apenas considerando a possibilidade de as nossas autoridades municipais agirem em prol de uma atividade que vai significar divisas para o país, haja visto a visita dos alemães ao nosso estado, na semana passada, que acompanhados de personalidades como o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, entre outros importantes nomes da política nacional, discutiram investimentos entre os dois países. E para a minha frustração, não havia uma voz sequer, representando Conceição da Barra, chamando a atenção de nossos visitantes para a realidade de que o nosso município é detentor da maior jazida de sal-gema da América Latina. Parafraseando um ilustre companheiro... a luta continua!

Nos próximos textos vou tentar explicar em minucias o que é sal-gema e quais os benefícios que sua exploração poderiam trazer para o nosso município. Até lá!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Professores antenados, alunos motivados



Tive o privilégio de participar recentemente da Conferência Municipal de Educação do meu município. O evento, que precede a Conferência Estadual, que por sua vez preparará uma comissão para discutir os rumos da educação no Estado e no País, na Conferência Nacional de Educação – CONAE – em abril de 2010, aconteceu nas dependências da UAB em Conceição da Barra. Nesta oportunidade deverão estar presentes representantes do setor educacional de todo o Brasil, bem como, a sociedade civil (via Conselhos Estaduais de Educação) que tem a incumbência de ser a voz dos pais de alunos de todas as escolas brasileiras, públicas e particulares.

Agora que já esclareci o que é a CONAE 2010, volto ao real tema que me levou a escrever essas linhas.

Mencionei a palavra “privilégio” ao me referir à minha participação na Conferência porque para minha surpresa (ou talvez nem tenha me surpreendido tanto assim) eu era o único que não representava a classe diretamente envolvida com o evento: Os profissionais da Educação. Entretanto, devo admitir que determinados assuntos são melhor debatidos quando as pessoas envolvidas entendem e vivem no seu dia a dia as questões relacionadas ao tema. Talvez, por esta razão, não cabe aqui uma crítica mais pesada quanto a quase nenhuma representatividade por parte dos pais dos alunos, que na minha opinião, deveriam ser os maiores interessados nos rumos que a Nação terá, após a realização desse evento em nível nacional.

Superado este primeiro sentimento de que definitivamente a educação não faz parte das prioridades dos pais de nossos estudantes, sobretudo se considerarmos que a própria dinâmica do evento estabelecia um quantitativo “x” de participantes, eis que surge no decorrer dos debates, um assunto que me deixou deveras desmotivado dada à resistência da classe docente (presente no evento) em sequer discuti-lo. A assimilação de disciplinas que não sejam a de seu domínio, tais como filosofia, sociologia, ética, política, etc..., como forma de não permitir que determinados questionamentos não fiquem sem respostas, não foi debatido. A justificativa, de que havia “colóquio” específico que tratava do assunto no documento-referência disponibilizado pelo Ministério da Educação, não permitiu a promoção de um debate local acerca da necessidade em estabelecer a excelência na relação mestre/aluno, utilizando como ferramentas a interdisciplinaridade e os assuntos cotidianos.

Ora, não entendo as razões que levam os nossos professores a não aceitarem o desafio do aprimoramento em outras disciplinas – e não me refiro a tornar-se especialistas no assunto – salvo o argumento dos baixos salários, que, convenhamos, ainda não justifica negar-se a absorção de conhecimentos gerais que a bem da verdade, deveria lhe proporcionar, no mínimo, satisfação pessoal.

Por não ser um profissional da área, pode ser que a minha opinião esteja equivocada, entretanto, como pai, não posso deixar de me queixar ao considerar que a minha avaliação é correta, além disso, reproduzo apenas o que grandes nomes da educação brasileira vem defendendo como solução para a baixa qualidade do ensino em nosso País, embora tenhamos que reconhecer que muito se avançou nos últimos anos. Só para citar um deles, leia o que disse o filósofo, professor, teólogo, psicanalista e escritor Rubem Alves a um jornal de grande circulação no nosso Estado: “Tudo depende da sensibilidade do professor, de sua capacidade de pensar outras coisas que não sejam os conteúdos. Se ele for extremamente competente só na sua disciplina, será incapaz de responder às questões provocadas pelo aluno. Conhecer o programa é fácil; complicado é conhecer a vida”.

Essas foram as palavras do professor e acredito que se aplica a todos os profissionais da educação, não importando se ele leciona na capital do Brasil ou em Conceição da Barra. Se não nos dispusermos a romper nossos limites, exigindo de nós mesmos um desempenho excelente a cada dia, sobretudo numa área tão importante quanto a educacional, não surtirá efeito algum as mudanças estruturais que tanto anseia a ampla maioria desses profissionais.

Se o assunto não merecia um debate acalorado, presumo que a prática requerida já é uma realidade em nosso município; pelo menos para aqueles que participaram da Conferência. Caso contrário, não ficou claro para os nossos professores que a sua capacidade sensitiva, também é uma determinante para a qualidade do seu aluno. Não creio na hipótese de um aluno desmotivado, sem perspectiva e alienado diante de um professor pró-ativo e antenado (para usar um termo moderno) a ponto de promover debates inteligentes e que rompam as barreiras que limitam a sua disciplina dos fatos cotidianos.

Tenho certeza de que os professores que estão lendo este texto, não me tomarão por um inimigo e sim alguém que valoriza a nobre profissão de professor e gostaria de vê-los realizados, em todos os sentidos.
Carlos Quartezani

Conceição da Barra-ES, 08 setembro de 2009

A desunião faz a fôrca

(*) Carlos Quartezani

O hábito de procurar culpados por nossas mazelas talvez seja uma das reações mais naturais e que caracteriza a natureza humana com maior fidelidade. Segundo relatos bíblicos, quando Deus questionou a Adão sobre os motivos pelos quais foi levado a comer da árvore que havia ordenado não comer, o primeiro homem da Terra disse: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”. (Gn 3:12)

A partir deste ato, praticado há alguns milhares de anos, nós, seres humanos, nos concentramos muito mais em justificar nossas falhas do que reconhecê-las e nos aprimorar fundamentalmente a partir de uma análise criteriosa, cujas bases mais eficientes serão sempre os erros. Os acertos, embora muito comemorados, logo são esquecidos; mais ou menos como o que acontece com o funcionamento da memória daquele que agride em relação ao agredido: “Quem bate, esquece”.

Trazendo essas considerações que fiz para o campo do exercício da cidadania, percebemos o quanto as mazelas de uma cultura imediatista e que não visa resultados a médio e muito menos a longo prazo, vem impedindo que o nosso município – Conceição da Barra – vislumbre um futuro de oportunidades, onde o trabalho venha ser a prioridade número um de quem tem o poder de dar este encaminhamento. E é claro, quando digo “poder de dar encaminhamento”, me refiro sim ao papel da classe política, afinal, num sistema de governo onde a democracia é a regente e as pessoas são eleitas para nos re-pre-sen-tar, esperamos no mínimo que os movimentos por eles orquestrados, resultem em benefícios, senão para todos, pelo menos para a maioria, se considerarmos não ser possível ser unânime quando lidamos com seres humanos. Entretanto, não podemos nos esquecer que o papel do político não é o de gerar emprego. O seu papel é possibilitar um ambiente que favoreça a produtividade, consequentemente, o emprego.

Contudo, a atitude de cruzar os braços numa clara intenção de atribuir toda a responsabilidade para aqueles que foram eleitos e culpa-los por seus fracassos, configura-se na perpetuação de procedimentos e comportamentos que ao longo dos anos nos engessaram e não apenas impediram-nos de crescer, como sem dúvida nenhuma, nos fizeram regredir. Sim, regredir, pois é notória a nossa decadência nas duas atividades econômicas que são nossa maior potencialidade: A pesca e o turismo. Na outra ponta, o serviço público, é comum encontrar pessoas que não enxergam a sua função como nobre e desdenha como se servir ao povo (e receber por isso), fosse um fardo e não um orgulho.

Despreparo? Ingenuidade? Ou um misto disso tudo e mais algumas coisas? Talvez... mas até as crianças rompem também a fase do despreparo e da ingenuidade e tornam-se adultos bem mais dinâmicos do que podíamos supor. E nós? Até quando vamos assistir à banda passar, vivendo de nostalgias, ao invés de seguirmos em frente, contribuindo na elaboração de um projeto de desenvolvimento para o nosso município que não esteja atrelado apenas às pessoas que irão geri-lo e sim aos resultados que poderá apresentar no médio e principalmente, no longo prazo?

Não se faz projetos pensando em quem vai executá-lo. É preciso entender que bons projetos, sobretudo projetos que demandem ações políticas, só terão viabilidade se cada um abrir mão do que deseja em detrimento do que é necessário e isto requer coragem, maturidade, altruísmo e uma força de vontade que provavelmente superará os diversos obstáculos que aparecerão. Precisamos, não apenas demonstrar mas ter maturidade. Até a natureza nos ensina que o sucesso das formigas é que elas tem foco no que estabeleceram como objetivo, enquanto a cigarra, cantarolando sem nenhuma objetividade, gemerá no próximo inverno.

É preciso assumir responsabilidades e parar de discutir o sexo dos anjos. O nosso município não suportará a continuidade de um comportamento egoísta que permeia a natureza de muitos e que os conduzem ao equivocado entendimento de que se o “seu” problema está resolvido, o resto que se lixe.