(*) Carlos Quartezani
Sou um profissional da comunicação e conheço alguns dos artifícios utilizados por publicitários para fazer com que o produto ou serviço de seu cliente, seja lembrado.
Tudo bem, minha área na comunicação social é a escrita e não sou conhecedor profundo das técnicas publicitárias, entretanto, o hábito que constitui um jornalista é, sobretudo, a leitura diária e nesse exercício somos estimulados a oferecer às pessoas o que há de melhor (no nosso entendimento) em termos de informação consistente e produtos literários de qualidade, e assim, contribuir na formação de um leitor que seja inteligente, perspicaz, crítico e acima de tudo, perceba a importância que um profissional deste segmento tem para a qualidade na formação de suas idéias e efetivamente, em sua prática cotidiana.
Mesmo não tendo nada contra as pessoas que nesta profissão (comunicação social) optaram pela publicidade, não poderia deixar de registrar aqui os abusos que esses profissionais praticam, na tentativa de convencer seu cliente que aquela peça publicitária lhe trará bons dividendos para sua empresa. É evidente que a criatividade é o atributo principal para o exercício dessa profissão, principalmente se considerarmos que o público consumidor tem uma tendência a comprar, nem sempre pela qualidade do produto em si, mas o anúncio atraente faz com que se lembre daquela marca. Só não consigo conceber que determinadas marcas, com a tradição de havaianas (sandálias de borracha) necessite interferir na conceituação moral do povo brasileiro, já tão abalada por tantas práticas que estão incentivando os nossos jovens, sobretudo, a desconhecerem valores que são fundamentais, independente da época em que vivemos. Esse público (os jovens) estão em formação, inclusive de caráter, e por isso são tão facilmente influenciados. E é aí que está o grande perigo: incutir conceitos nesta classe da sociedade, que passam ao largo do construtivismo.
Ora, qual a necessidade em produzir um comercial de chinelos, exibindo um diálogo entre uma senhora e uma adolescente (avó e neta, supostamente) passando um princípio para milhões de telespectadores de que a adolescente não precisa se casar com um rapaz com as características do ator Cauã Reimond. Seria suficiente, segundo a avó da moça, que ela apenas fizesse sexo com ele. Será que é realmente necessário induzir milhões de crianças e adolescentes à idéia de que casamento não é importante, apenas para se vender mais chinelos? Eu penso que não. E você, o que pensa?
Não escrevo com o intuito de pregar moralidade barata. Externo minha opinião por acreditar que quando relativizamos assuntos importantes, produzimos gerações sem referência, sem limites e isso tudo contribui sobremaneira para a construção de uma sociedade cujo futuro é viver num país sem perspectiva.
E não é isso que sonhamos para o Brasil.
Em detrimento da qualidade do produto havaianas, sugiro que optemos por uma marca que não tente destruir conceitos importantes, apenas para vender, a mais, uns pares de chinelos.
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