Uma sessão
extraordinária ao Poder Legislativo Municipal foi requerida pelo chefe do
Poder Executivo de Conceição da Barra, para a data de hoje, 27/09/2013. A
pauta, no mínimo polêmica, constava Projetos de Lei dizendo respeito a um novo
concurso público; a criação de um novo Conselho Tutelar (suprimindo o existente)
e a concessão de abono salarial aos servidores da Educação, conforme acordo com
a categoria celebrado este ano. Vamos aos fatos:
O Projeto
de Lei que tratava da criação do novo Conselho Tutelar, que reduz de 2 para
apenas um Conselho no município, foi retirado de pauta por solicitação do
próprio prefeito. Uns acreditam que ele irá pedir uma nova sessão para votar o
famigerado PL, outros acreditam que ele desistiu da ideia. Fico com a primeira
opção, pois “ele é brasileiro e não desiste nunca” principalmente quando é para
prejudicar.
Ao ser
retirado de pauta o tal PL, os membros do Conselho Tutelar presentes na sessão
e os estudantes que os acompanhavam, foram todos para fora do plenário, "tomar um ar", onde
havia duas viaturas da PM e alguns policiais de prontidão para conter algum eventual
excesso. Não houve necessidade.
O Projeto
relativo ao Concurso Público foi encaminhado às Comissões competentes, como
deve ser.
Vereador Amaury: Não posso votar o
que não conheço!
O vereador
Amauri Januário (PPS), foi o primeiro a usar a tribuna e foi claro no seu ponto
de vista em relação ao PL que estabelece o “bônus por mérito”: “Não sou contra
o Projeto de Lei que concede o bônus aos servidores públicos, contudo, não
posso votar algo que sequer conheço, pois chegou ontem às minhas mãos e nós já havíamos
combinado que não votaríamos projetos a toque de caixa, como já aconteceu aqui
em outras situações” disse o parlamentar que votou contra o parecer e o projeto
em si, justificando sua posição de só votar quando realmente souber o conteúdo
do que está votando.
Vereador Carlinhos Rosário: Tem
gente aqui que fala de Deus mas não parece ser de Deus!
Carlinhos
Rosário foi enfático em relação ao PL e a incoerência com o que foi firmado com
os servidores públicos. O vereador disse que a mudança na Lei que previa o bônus
de mérito, a 2.657/2013, dizia que todos receberiam o correspondente a um
salário de referência a ser pago de uma só vez no mês de Outubro/2013. “Por que
mudou a regra com o jogo em andamento?” disse o parlamentar que também reiterou
que está sendo contra o PL na forma que está, mas que deveria haver uma
discussão antes de aprová-lo, o que não ocorreu. O vereador criticou colegas
que apoiam o Projeto e alfinetou a parlamentar Sirlene do Cartório, que é
evangélica, dizendo que “não entende como pode ter pessoas que falam de Deus e
agem como se não fossem de Deus”.
Vereadora Nildécia
(Nêga): Voto apenas aquilo que for bom para o povo!
A vereadora
Nega foi a tribuna e também protestou com relação à forma do Projeto de Lei e
reafirmou seu descontentamento com os colegas que “votam tudo o que o prefeito
quer, sem questionar e muito menos propor melhorias”. A parlamentar afirmou
que, a exemplo do vereador Carlinhos, que não é contra o “bônus”, mas que o
acordo deve ser cumprido e não há razões para mudanças, a não ser prejudicar
aqueles que esperavam receber o salário integralmente e agora não irão receber.
Apesar dos
apelos feitos pelos vereadores contrários ao Projeto de Lei e as manifestações
dos presentes, cuja maioria eram de estudantes, o mesmo foi APROVADO por 5 x 4.
Os vereadores que aprovaram o projeto, saíram do plenário sob os gritos de
protesto que durante a sessão, obrigou o Presidente, vereador Anderson Kleber, a pedir que os
presentes se acalmassem para que não fosse preciso pedir a intervenção
policial.
Com relação
ao Projeto de Lei que suprime um Conselho Tutelar, a expectativa é de que haja
uma nova solicitação de sessão extraordinária, prazo que vencerá no próximo dia
04/10/2013, quando expira o mandato do Conselho Tutelar atual.
Com a
participação popular, em especial dos jovens estudantes barrenses, é possível
que comecemos a mudar a realidade em Conceição da Barra e as decisões políticas
passem a ter caráter democrático e não ditatorial como é o que vem ocorrendo.