segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A raiz de todos os males



Ainda não se pode afirmar que há uma resposta para o individualismo que assola a nossa sociedade, desencadeando uma sucessão de problemas que enxergados sob um ponto de vista específico, não parecem ter solução. Aliás, talvez seja essa a resposta: Estamos sempre olhando as soluções sob um ponto de vista específico, ou seja, olhando para o nosso próprio umbigo, logo, a solução que se apresenta não é eficaz.

Em Conceição da Barra, que é onde nasci e vivo, não é diferente. Raramente alguém deseja fazer algo que necessite o envolvimento de outras pessoas. Sempre com a justificativa de que “aqui ninguém quer nada”, aqueles que têm uma boa ideia, um projeto, seja ele social ou que envolva um determinado negócio, quer tudo, menos parceria com outras pessoas. É o personalismo, outra vez, imperando!

Pode ser que estejamos realmente desanimados, sem perspectivas em relação ao semelhante face às provas constantes que temos quanto ao seu caráter, mas a imperfeição é característico do ser humano, o que não significa que não seja possuidor de  virtudes e que podem sim serem úteis para o sucesso de uma ideia que temos em mente, sobretudo que venha gerar empregos, oportunidades, ou, até mesmo, socorro a quem precisa.

O individualismo também está no destruindo. Não queremos fazer nada que não seja exclusivamente para o atendimento de nosso próprio “eu”. As associações não funcionam; as cooperativas não existem; os Conselhos Municipais são um “teatro” e assim vamos caminhando como “zumbis”, aqueles seres privados de vontade própria, que agem de forma estranha e instintiva, uma espécie de morto-vivo. É assim que estamos: Mortos-vivos! E vou considerar que “estamos”, porque é assim melhor definir do que dizer que “somos”. Sim, porque não foi sempre assim. Já houve tempos melhores...

Pode ser que a globalização, as tecnologias em geral, sobretudo a internet com suas espetaculares redes sociais, tenham nos feito mais introspectivos, individualistas e com pouca preocupação com o mundo lá fora, mas não justifica que não nos preocupemos mais com a vida em comunidade. Somos seres sociáveis, dependemos do relacionamento com outras pessoas para vivermos e o que estamos fazendo em Conceição da Barra em relação a isto? Respondo: Nada! O que vem reinando aqui, hoje mais do que nunca, é o ditado popular “farinha pouca, o meu pirão primeiro”. E a farinha está ficando cada vez mais escassa...

Não quero fazer diagnósticos sombrios sobre tudo isso que está acontecendo, mas colaborar para que essas minhas palavras sirvam de reflexão para todos nós. Se não atentarmos para a importância da unidade, de nos organizarmos a ponto de fazer valer a palavra “cooperação”, não adiantará nada apresentar uma cidade bonita por fora para os visitantes, se por dentro estamos ocos, vazios, sem perspectivas. A última vez que nos unimos em torno de um objetivo comum, a orla, o resultado foi uma obra do governo de aproximadamente R$80 milhões. Mas este é só um exemplo e o maior problema que temos hoje, embora o senso comum irá afirmar que é a segurança pública, para mim é a nossa desunião que é a raiz de muitos males.

As Igrejas, que para mim é a Instituição mais importante na sociedade, não conseguem dar exemplo. É tudo na base do “cada um por si, Deus por todos”. Se Deus é um só, por que temos tanta dificuldade em falar a mesma língua? Lamento que seja assim e que as pessoas não tenham coragem de olhar para dentro de si mesmas e perceberem que o mal que tentamos combater não é externo, mas está dentro de nós mesmos. Porém, é muito mais fácil dizer que o erro está nos outros do que reconhecê-los em nós.

Vou parar por aqui porque ainda há muito a dizer e não quero enfadar os meus leitores. Mas voltarei a falar sobre isto aqui mesmo neste espaço.


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