Ainda não
se pode afirmar que há uma resposta para o individualismo que assola a nossa
sociedade, desencadeando uma sucessão de problemas que enxergados sob um ponto
de vista específico, não parecem ter solução. Aliás, talvez seja essa a
resposta: Estamos sempre olhando as soluções sob um ponto de vista específico,
ou seja, olhando para o nosso próprio umbigo, logo, a solução que se apresenta
não é eficaz.
Em
Conceição da Barra, que é onde nasci e vivo, não é diferente. Raramente alguém
deseja fazer algo que necessite o envolvimento de outras pessoas. Sempre com a
justificativa de que “aqui ninguém quer nada”, aqueles que têm uma boa ideia,
um projeto, seja ele social ou que envolva um determinado negócio, quer tudo,
menos parceria com outras pessoas. É o personalismo, outra vez, imperando!
Pode ser
que estejamos realmente desanimados, sem perspectivas em relação ao semelhante
face às provas constantes que temos quanto ao seu caráter, mas a imperfeição é característico
do ser humano, o que não significa que não seja possuidor de virtudes e que podem sim serem úteis para o
sucesso de uma ideia que temos em mente, sobretudo que venha gerar empregos,
oportunidades, ou, até mesmo, socorro a quem precisa.
O
individualismo também está no destruindo. Não queremos fazer nada que não seja
exclusivamente para o atendimento de nosso próprio “eu”. As associações não
funcionam; as cooperativas não existem; os Conselhos Municipais são um “teatro”
e assim vamos caminhando como “zumbis”, aqueles seres privados de vontade
própria, que agem de forma estranha e instintiva, uma espécie de morto-vivo. É
assim que estamos: Mortos-vivos! E vou considerar que “estamos”, porque é assim
melhor definir do que dizer que “somos”. Sim, porque não foi sempre assim. Já
houve tempos melhores...
Pode ser
que a globalização, as tecnologias em geral, sobretudo a internet com suas
espetaculares redes sociais, tenham nos feito mais introspectivos,
individualistas e com pouca preocupação com o mundo lá fora, mas não justifica
que não nos preocupemos mais com a vida em comunidade. Somos seres sociáveis,
dependemos do relacionamento com outras pessoas para vivermos e o que estamos
fazendo em Conceição da Barra em relação a isto? Respondo: Nada! O que vem
reinando aqui, hoje mais do que nunca, é o ditado popular “farinha pouca, o meu
pirão primeiro”. E a farinha está ficando cada vez mais escassa...
Não quero
fazer diagnósticos sombrios sobre tudo isso que está acontecendo, mas colaborar
para que essas minhas palavras sirvam de reflexão para todos nós. Se não
atentarmos para a importância da unidade, de nos organizarmos a ponto de fazer
valer a palavra “cooperação”, não adiantará nada apresentar uma cidade bonita
por fora para os visitantes, se por dentro estamos ocos, vazios, sem
perspectivas. A última vez que nos unimos em torno de um objetivo comum, a
orla, o resultado foi uma obra do governo de aproximadamente R$80 milhões. Mas
este é só um exemplo e o maior problema que temos hoje, embora o senso comum irá
afirmar que é a segurança pública, para mim é a nossa desunião que é a raiz de
muitos males.
As Igrejas,
que para mim é a Instituição mais importante na sociedade, não conseguem dar
exemplo. É tudo na base do “cada um por si, Deus por todos”. Se Deus é um só,
por que temos tanta dificuldade em falar a mesma língua? Lamento que seja assim
e que as pessoas não tenham coragem de olhar para dentro de si mesmas e
perceberem que o mal que tentamos combater não é externo, mas está dentro de
nós mesmos. Porém, é muito mais fácil dizer que o erro está nos outros do que
reconhecê-los em nós.
Vou parar
por aqui porque ainda há muito a dizer e não quero enfadar os meus leitores.
Mas voltarei a falar sobre isto aqui mesmo neste espaço.
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