A Viação São Geraldo, empresa que oferece viagens de Conceição da
Barra para destinos interestaduais tais como Minas Gerais e Rio de Janeiro, avisou
que está encerrando o embarque e desembarque no município a partir de 1º de
Maio próximo. O barrense que quiser viajar para tais destinos, terá que comprar
a passagem e embarcar na cidade de São Mateus. Quanto a comprar a passagem, pode
fazê-lo pela internet, mas o embarque terá que ser na cidade vizinha.
Agora, além das limitações que temos para nos deslocar da
Barra para São Mateus e outras cidades vizinhas, pois a empresa que tem o “monopólio”
desse serviço aqui (Viação Águia Branca) não avalia como lucrativo oferecer
mais linhas para o nosso município, estamos também perdendo o conforto de
embarcar para outros estados, tendo que se deslocar para São
Mateus em horários que farão com que o passageiro espere bastante até a hora de
sua viagem.
Tenho muito orgulho de minha cidade, a história que ela tem, sendo um dos municípios mais antigos do estado e que desperta tanta paixão nas
pessoas. Por isto e muito mais, merecemos um tratamento digno por parte de
prestadores de serviços que tanto lucraram e lucram às nossas custas,
sobretudo quando fomos um grande destino turístico, condição que um dia
voltaremos a ter.
Espero que o poder público local, bem como a sociedade,
possa entender que problemas como esse tem a ver com nossa alienação, e porque
não dizer, nosso comodismo que tem sido a principal razão para sermos
desrespeitados em tempo integral. Não podemos mais cruzar os braços e deixar
tudo como está. Se para alguns “a vontade de Deus” se resume em aceitar tudo
pacificamente, sem lutar, sem dizer nada, para mim a “vontade de Deus” é que
não aceitemos o que nos joga para baixo. Não somos “Barra de São Mateus”, como
no passado longínquo; somos Conceição da Barra e merecemos respeito e com ele a
dignidade!
Não posso evidentemente exigir que se construa, por exemplo,
um aeroporto na Barra porque sei que os custos são altos e não temos demanda
para tal investimento, contudo, achar normal que empresas de ônibus, que fazem
um transporte que beneficia tantas pessoas, possam simplesmente nos ignorar
enquanto cidadãos e para atender suas planilhas de custos
equivocadas, cortam ou limitam serviços sem se lembrarem que somos gente e que
também pagamos impostos, passa da conta do razoável.
Se não agirmos, provocando os Poderes constituídos a usar
suas prerrogativas para a valorização do nosso lugar, seremos uma cidade de
ruas calçadas mas sem dignidade. O exercício legítimo da política se faz
necessário, porém, enquanto nosso povo achar que política é algo ruim e
dispensável, o fundo do poço pode ser bem mais fundo do que imaginamos.