terça-feira, 28 de abril de 2015

Barra de São Mateus

A Viação São Geraldo, empresa que oferece viagens de Conceição da Barra para destinos interestaduais tais como Minas Gerais e Rio de Janeiro, avisou que está encerrando o embarque e desembarque no município a partir de 1º de Maio próximo. O barrense que quiser viajar para tais destinos, terá que comprar a passagem e embarcar na cidade de São Mateus. Quanto a comprar a passagem, pode fazê-lo pela internet, mas o embarque terá que ser na cidade vizinha.

Agora, além das limitações que temos para nos deslocar da Barra para São Mateus e outras cidades vizinhas, pois a empresa que tem o “monopólio” desse serviço aqui (Viação Águia Branca) não avalia como lucrativo oferecer mais linhas para o nosso município, estamos também perdendo o conforto de embarcar para outros estados, tendo que se deslocar para São Mateus em horários que farão com que o passageiro espere bastante até a hora de sua viagem.

Tenho muito orgulho de minha cidade, a história que ela tem, sendo um dos municípios mais antigos do estado e que desperta tanta paixão nas pessoas. Por isto e muito mais, merecemos um tratamento digno por parte de prestadores de serviços que tanto lucraram e lucram às nossas custas, sobretudo quando fomos um grande destino turístico, condição que um dia voltaremos a ter.

Espero que o poder público local, bem como a sociedade, possa entender que problemas como esse tem a ver com nossa alienação, e porque não dizer, nosso comodismo que tem sido a principal razão para sermos desrespeitados em tempo integral. Não podemos mais cruzar os braços e deixar tudo como está. Se para alguns “a vontade de Deus” se resume em aceitar tudo pacificamente, sem lutar, sem dizer nada, para mim a “vontade de Deus” é que não aceitemos o que nos joga para baixo. Não somos “Barra de São Mateus”, como no passado longínquo; somos Conceição da Barra e merecemos respeito e com ele a dignidade!

Não posso evidentemente exigir que se construa, por exemplo, um aeroporto na Barra porque sei que os custos são altos e não temos demanda para tal investimento, contudo, achar normal que empresas de ônibus, que fazem um transporte que beneficia tantas pessoas, possam simplesmente nos ignorar enquanto cidadãos e para atender suas planilhas de custos equivocadas, cortam ou limitam serviços sem se lembrarem que somos gente e que também pagamos impostos, passa da conta do razoável.

Se não agirmos, provocando os Poderes constituídos a usar suas prerrogativas para a valorização do nosso lugar, seremos uma cidade de ruas calçadas mas sem dignidade. O exercício legítimo da política se faz necessário, porém, enquanto nosso povo achar que política é algo ruim e dispensável, o fundo do poço pode ser bem mais fundo do que imaginamos.


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