quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Renovar

Na política (pelo menos como ela deveria ser) o mais importante é a missão e como em toda missão, cumpre-se e parte-se para uma outra. Não cabe, ao meu ver, a eternização no poder. A rotatividade deve ser praticada.

Por mais que o argumento seja forte, aquele que prescinde que o time que está vencendo não precisa mudar, na política, diferente dos esportes, o que está em jogo não é só vencer, mas fazer com que todos os cidadãos que querem contribuir, sintam-se motivados para essa participação. 

Quem daria crédito a um processo no qual o vencedor já está determinado? Qual é o cidadão que tenha realmente vontade de servir, através de um mandato político, vai se submeter sabendo que a carta já é marcada?

Sempre digo que a política, caso fosse uma modalidade esportiva, estaria mais assemelhada com as modalidades em equipe, aquela em que o mérito é de todos e não um indivíduo especificamente. É uma corrida de bastão e não os cem metros rasos. Se não for assim, não é democrático. 

Outro problema que também considero desfavorável em relação a este tema, é o mandato de pai para filho, ainda que essa "paternidade", não seja no sentido literal. 

A quem estamos escolhendo para nos representar politicamente? O que defende uma ideia, uma corrente de pensamento sobre como deve ser conduzida uma cidade, ou a substituição de uma pessoa por outra?

Sinceramente, não acho produtivo. Embora saiba que este ponto de vista vai incomodar, não se pode deixar de falar sobre o tema. Tudo que incomoda, provoca mudanças!

Nessas eleições reflita sobre as questões que realmente importam e observem quem de fato entendeu o seu papel ou se é apenas mais alguém que viu na política, um bom emprego e por isto quer continuar.

Como dizem por aí, fica a dica!

Carlos Quartezani

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Proposta de gestão

Eu sei que a maioria da população tem um conceito diferente acerca da função da campanha eleitoral. O carisma é de longe o que mais se leva em conta quando vai escolher seu candidato. Mas, é um aspecto que realmente importa quando o que está em questão é a administração da cidade?

Certo, eu não vou dar murro em ponta de faca, afinal, os especialistas em marketing e propaganda já sabem que as pessoas escolhem como candidato, aquele que elas gostam, seja um parente, um amigo, alguém que seja próximo, mesmo que seu histórico nada tem a ver com a política.

É assim, na nossa cultura. Não importa o seu currículo. O trabalho político, na visão da maioria, pode ser desempenhado por qualquer pessoa, inclusive aqueles que não sabem como ela funciona. As escolhas feitas até hoje revelam essa realidade. 

No entanto, não custa lembrar que o cargo de Prefeito, especificamente, requer alguém capacitado politicamente, para ter à sua volta, além de pessoas que o aconselhem acertadamente, mas que também tenha uma ideia clara a respeito de sua gestão, qual o seu objetivo nos próximos 4 anos e como se dará esses passos, até o atinjimento dessas metas. 

Ele, o Prefeito principalmente, será o responsável por decisões que vão determinar o desenvolvimento da cidade, como ele estará no período em que terá essa responsabilidade. 

A Lei determina que os candidatos apresentem seu Plano de Governo no momento em que registra sua candidatura, mas o que está escrito ali é cobrado de fato? É uma mera formalidade ou é um documento que realmente tem valor, podendo ser cobrado o cumprimento inclusive na seara judicial?

Essas perguntas devem ser feitas, embora não hajam respostas, mas se cada cidadão e cidadã que passarem a se interessar de fato pela política e não apenas pela campanha eleitoral, ainda que demore, estaremos criando um novo ambiente na política, no qual os candidatos não explorem tanto o fato de que a maioria, não tem interesse em saber se o candidato tem ou não uma proposta para governar a cidade e se tem, se realmente pretende cumprir o que propôs. 

Dar justificativas do porque não conseguiu fazer um bom governo, não nos devolverá o tempo perdido. Observar quem tem um plano efetivo para a cidade não custa nada. Escolher a "pessoa" é importante, mas esta precisa mostrar que tem proposta e clara.

Carlos Quartezani

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Muita calma nessa hora

Outro dia, na fila do caixa da padaria, ofereci minha vaga a uma mulher (aparentemente mais velha que eu), na expectativa de que o gesto fosse agradar. No entanto, ao ter dito em tom cordial que ela deveria "ter mais dias sobre a Terra do que eu" e portanto, merecia ter a preferência, fui bombardeado por uma reação intensa e indignada "você está me chamando de velha?!!!"

Se Deus tivesse me contemplado com a capacidade do avestruz, de esconder a cabeça num buraco, certamente seria uma solução melhor do que, já com o rosto corado, pedir desculpas e dizer que não foi a minha intenção. 

Se meus amigos mais antigos estiverem lendo este texto, estão às gargalhadas, pois sabem que sou dotado de uma capacidade enorme de dizer palavras que eram melhor permanecerem apenas em meus pensamentos. Mas, sabem também que eu jamais teria a intenção de ofender, por mais que a madame em questão não acreditasse nisso. 

O episódio remete a este tempo difícil que vivemos, onde a paciência, o equilíbrio, a mansidão, não existem mais. Poucos conseguem relevar um ato falho, uma frase mal colocada, um "dia ruim", partindo para uma atitude extrema e desproporcional ao que realmente a situação pede. 

Para não ficar apenas em um exemplo e o leitor que me acompanha não achar que estou exagerando, outro episódio em circunstâncias diferentes, também revelou com clareza essa anomalia nas relações de convívio social. 

Trafegando com o meu veículo numa determinada via, fui obrigado a freá-lo repentinamente para evitar atropelar um animal silvestre que lentamente, atravessava a via. Não atropelei o bicho, mas o motociclista que imprudentemente estava muito próximo ao meu veículo, para evitar chocar-se na traseira do veículo que eu dirigia, fez uma manobra que o levou ao chão. 

Preocupado se o rapaz havia se machucado, estacionei e fui prestar um eventual socorro. Sabia que eu não era o responsável por seu infortúnio, mas talvez precisasse de algum auxílio. 

O rapaz veio em minha direção enfurecido, questionando quem iria pagar seu prejuízo. Bom, eu não entendi nada, já que quem por pouco não me deu um prejuízo foi ele, ao bater levemente no pára-choque do veículo, mas sem danificá-lo. 

Os dois fatos aqui narrados, descreve o momento que vivemos no país ou quem sabe até no mundo, onde as pessoas não conseguem ter capacidade de conter suas emoções, sobretudo o ódio, e por motivos fúteis, explodem agindo como seres primitivos.

Proponho essa reflexão para que possamos nos permitir colocar em prática um comportamento que seja condizente com a educação que recebemos e atenda aos padrões mínimos de civilidade. Se precisar,  conte até dez e tenha muita calma nessa hora!

Carlos Quartezani

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Vergonha alheia

Na condição de cidadão brasileiro e de quem sempre defendeu a fundamental importância da educação, também na política, me sinto envergonhado do que dois candidatos à Prefeitura de São Paulo, a maior cidade da América Latina, fizeram ontem no debate promovido pela TV Cultura. 

O apresentador de TV, José Luiz Datena, candidato pelo PSDB, reagiu com uma cadeirada à provocação do candidato do PRTB, o ex-coach (como o próprio se denomina), Pablo Marçal. Um show de tolos que fazem sarcasmo com o povo Paulista e Brasileiro. 

Não é disso que o País precisa, principalmente enquanto quase todo o território brasileiro é assolado pela seca e incêndios que, inclusive, podem estar sendo agravados por razões políticas, algo que de certa forma, também explica o "telequete" entre os candidatos em São Paulo e a péssima formação política no nosso país. 

A política não é um ringue e mesmo que fosse, certamente teria regras e seriam cumpridas pelos atletas, algo que lamentavelmente não acontece com os gladiadores da política de hoje, que não dão a mínima sobre os efeitos ruins que podem provocar na sociedade e para o País, que surge na mídia internacional como um país que está pegando fogo, inclusive literalmente. 

Não é possível que o povo brasileiro irá continuar insistindo com essas "soluções" chamadas de outside, gente que não entende nada de política e se infiltra, sob o manto do "salvador da Pátria", termo muito em voga na década de 80, pela novela da TV Globo, que retratava um matuto cuja popularidade, transformou-o num "fantoche" de quem vive da ignorância alheia. 

Sinceramente, você precisa despertar para a importância da democracia e a efetiva preparação para participar dela. Não se esconda. Diga o que pensa e se tiver consciência da importância da sua opinião, sempre alicerçada em base sólida, o conhecimento, o futuro sorrirá para nós e seremos de fato uma grande Nação. 

Não posso concordar com essa bagunça que se tornou a política e se ficarmos em silêncio "no trono do apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar", a bagunça só vai piorar. 

Carlos Quartezani

domingo, 15 de setembro de 2024

O voto útil

O ano era 2012 e eu me apresentava como candidato a Vereador pela primeira vez. Após 10 anos atuando, ora no Executivo, ora no Legislativo, e compondo diversos Conselhos Municipais, nos quais participava efetivamente dos debates sociais, decidi me colocar à disposição numa eleição municipal. 

Foi uma experiência bacana, interessante e que me ensinou muito sobre a política. Embora não tenha conquistado o cargo pretendido, assimilei conceitos que são fundamentais na vida em sociedade. 

Em política, nem sempre não vencer, significa que você perdeu. É um paradoxo, eu sei, mas se você fizer um esforço compreenderá exatamente o que quero dizer. 

Mas o que quero destacar aqui neste texto, é a respeito do chamado voto útil, aquele voto que embora não contemple a pessoa que você gostaria de ver no poder, mas que pode trazer resultados mais efetivos. Votar em quem efetivamente pode ganhar. 

Na época referida, em 2012, além de eu estar envolvido em diversas atividades, no ambiente político, ainda era membro de uma igreja evangélica. Fazer parte de uma denominação religiosa, além de proporcionar um conforto espiritual, também lhe permite interagir com um grupo específico, o que pode também ser um fator positivo numa eleição. 

No entanto, naquela oportunidade havia um outro candidato a Vereador, pertencente a mesma denominação religiosa que eu e que pleiteava o mesmo cargo. Um direito legítimo, tal qual o meu, mas com uma diferença: O registro de candidatura dele foi indeferido pela Justiça Eleitoral.

Essa condição, ou seja, o registro de candidatura indeferido, provoca a possibilidade dos votos não serem computados na Urna Eletrônica. O voto neste candidato, poderá ser inútil, a menos que consiga em instâncias judiciais superiores, reverter a situação. Raro, mas não impossível. 

No caso específico, os votos dados ao então candidato não foram validados e assim como eu, mas por razões distintas, não conseguiu sua eleição. 

Achei oportuno falar sobre este assunto hoje, porque esta não foi a primeira e nem será última vez que as pessoas não abrirão mão de uma candidatura, mesmo sabendo que poderão ganhar e não levar.

Carlos Quartezani

sábado, 7 de setembro de 2024

Os Poderes

Numa democracia, como é o caso de nosso país, quando nos referimos a GOVERNO estamos falando de Executivo, Legislativo e Judiciário. É esta a estrutura de poder idealizada pelo filósofo francês Montesquieu e que hoje impera na maioria das Nações. 

Essa estrutura, que dá forma ao Governo Central, se desdobra nos 27 Estados da Federação e nos mais 5.600 municípios brasileiros. Em todos eles existem os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 

O que diferencia os dois primeiros do último, é que estes são escolhidos por meio do voto popular, enquanto o terceiro, o Judiciário, a seleção é feita por meio de concurso público, com exceção dos cargos de Ministro do STF que são uma indicação do Presidente da República, os quais são sabatinados pelo Senado da República, antes de serem efetivamente incorporados ao cargo. 

Bem, o que quero dizer com essas informações é que não deveríamos considerar nenhum desses poderes superior entre um e outro. Os 3 Poderes, embora harmônicos, são independentes, portanto não justifica a subserviência deste sobre aquele. 

Numa democracia é Governo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. E se cada integrante desses Poderes - destaco aqui com veemência o Legislativo - compreender corretamente o seu papel, teremos sempre a possibilidade de um efetivo governo democrático, onde os representantes do povo (no caso dos municípios) os Vereadores, devidamente conscientes do Poder que lhe são conferidos nas urnas, poderão de fato governar e não serem meros capachos de quem chefia o Poder Executivo. 

A vida toda escutei a expressão "sou base aliada", uma expressão de quem ocupa um cargo de Vereador e escolheu ficar a reboque do Poder Executivo. Concordar sempre com o Prefeito, pode não ser bom inclusive para ele!

Para mim a "base aliada" é aquela que apoia mas também discorda, e assim não permitile que o Poder Legislativo seja rebaixado a um mero "puxadinho" do Poder Executivo. Harmonia não é subserviência, e isto precisa ficar claro. 

A democracia é como se fossem músculos que atrofiam, caso não seja exercitada. Pensemos nisso, especialmente quem pleiteia um cargo no Legislativo. 

Carlos Quartezani

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Efeito Marçal

É certo que a campanha eleitoral em São Paulo tornou-se o exemplo de como não deve ser a luta política. 

Efetivamente, quem compreende minimamente a importância da escolha de um bom gestor público, não irá relacionar os "bate-boca" proporcionados pelos candidatos ao cargo de Prefeito daquela cidade, com aquilo que de fato importa para o eleitor, para que possa fazer a escolha mais acertada possível. 

Penso que a participação do "ex-coach" nas eleições municipais da metrópole mais importante da América Latina, pode ter apenas um beneficiado: O candidato do PSOL. 

Na minha avaliação, acerta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, quando opina que a candidatura de Pablo Marçal tem como único resultado, eleger o candidato da esquerda radical. 

Ao não se identificar com o candidato e atual prefeito, Ricardo Nunes, a direita paulistana pode entregar de bandeja a Prefeitura para Boulos. Um resultado que, com certeza, não atende os propósitos do Bolsonarismo.

A direita unificada já não tem garantia de vitórias, dividida então, esquece!

Carlos Quartezani

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

A política e a propaganda

A política e a propaganda 

Desde que decidi frequentar um curso de Comunicação Social, há algum tempo atrás, passei a conviver com as definições e características das atividades que envolvem esta ciência. Embora estejam enquadradas na mesma área científica, o Jornalismo e o Marketing e Propaganda transitam em vertentes diferentes. 

Dito isto, entro em definitivo no assunto que de fato quero abordar e que justifica o título do presente texto. 

Tal como no Jornalismo, embora haja controvérsias em razão do uso inapropriado da Profissão por alguns, a Política tem uma função extremamente importante na sociedade e o seu compromisso é diferente do compromisso da Propaganda, em relação ao Jornalismo. 

Não se trata de desmerecer os profissionais que se dedicam a enaltecer as qualidades do seu cliente - fundamento da atividade do profissional do Marketing e Propaganda - mas de saber separar uma e outra atividade e o seu objetivo fim. Tem que estar atento para não se deixar levar por "nuvens passageiras".

Assim como no Jornalismo é preciso zelar pela qualidade da informação e de como ela é transmitida, a Propaganda também tem a obrigação de, ao destacar as qualidades do cliente, não induzir as pessoas ao erro, o que em muitos casos ocorre quando esse cliente é um Político. É certo que quem não é visto não é lembrado, mas há que prevalecer a ética, antes.

Meu objetivo aqui é o de despertar as pessoas que me dão a honra de ler o que eu escrevo, para que embora tenhamos critérios distintos e pessoais em relação às escolhas políticas que fazemos, não devemos esquecer que o que está em jogo é a representação política de sua cidade, o lugar que você escolheu para viver e cujo futuro, está visceralmente ligado a essas escolhas. 

Todos têm o direito de fazer suas dancinhas no TikTok, criar vídeos bem humorados e postar nos Reel's do Instagram e do Facebook, enviar por WhatsApp tudo que possa chamar a sua atenção. Não tenho nada contra isto, mas você eleitor que realmente tem interesse em dar sua contribuição no desenvolvimento do seu lugar, não se deixe levar por técnicas que tem o objetivo de apenas chamar sua atenção e concentre-se naquilo que realmente pode fazer valer a pena o seu nobre gesto de se dirigir a uma urna eleitoral e votar.

Enfim, ao escolher o "produto", não esqueça de distinguí-los entre o que é fato e o que é propaganda. Seria muito ruim a sensação de ter comprado uma coisa e levou outra, totalmente diferente.

Carlos Quartezani