quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Muita calma nessa hora

Outro dia, na fila do caixa da padaria, ofereci minha vaga a uma mulher (aparentemente mais velha que eu), na expectativa de que o gesto fosse agradar. No entanto, ao ter dito em tom cordial que ela deveria "ter mais dias sobre a Terra do que eu" e portanto, merecia ter a preferência, fui bombardeado por uma reação intensa e indignada "você está me chamando de velha?!!!"

Se Deus tivesse me contemplado com a capacidade do avestruz, de esconder a cabeça num buraco, certamente seria uma solução melhor do que, já com o rosto corado, pedir desculpas e dizer que não foi a minha intenção. 

Se meus amigos mais antigos estiverem lendo este texto, estão às gargalhadas, pois sabem que sou dotado de uma capacidade enorme de dizer palavras que eram melhor permanecerem apenas em meus pensamentos. Mas, sabem também que eu jamais teria a intenção de ofender, por mais que a madame em questão não acreditasse nisso. 

O episódio remete a este tempo difícil que vivemos, onde a paciência, o equilíbrio, a mansidão, não existem mais. Poucos conseguem relevar um ato falho, uma frase mal colocada, um "dia ruim", partindo para uma atitude extrema e desproporcional ao que realmente a situação pede. 

Para não ficar apenas em um exemplo e o leitor que me acompanha não achar que estou exagerando, outro episódio em circunstâncias diferentes, também revelou com clareza essa anomalia nas relações de convívio social. 

Trafegando com o meu veículo numa determinada via, fui obrigado a freá-lo repentinamente para evitar atropelar um animal silvestre que lentamente, atravessava a via. Não atropelei o bicho, mas o motociclista que imprudentemente estava muito próximo ao meu veículo, para evitar chocar-se na traseira do veículo que eu dirigia, fez uma manobra que o levou ao chão. 

Preocupado se o rapaz havia se machucado, estacionei e fui prestar um eventual socorro. Sabia que eu não era o responsável por seu infortúnio, mas talvez precisasse de algum auxílio. 

O rapaz veio em minha direção enfurecido, questionando quem iria pagar seu prejuízo. Bom, eu não entendi nada, já que quem por pouco não me deu um prejuízo foi ele, ao bater levemente no pára-choque do veículo, mas sem danificá-lo. 

Os dois fatos aqui narrados, descreve o momento que vivemos no país ou quem sabe até no mundo, onde as pessoas não conseguem ter capacidade de conter suas emoções, sobretudo o ódio, e por motivos fúteis, explodem agindo como seres primitivos.

Proponho essa reflexão para que possamos nos permitir colocar em prática um comportamento que seja condizente com a educação que recebemos e atenda aos padrões mínimos de civilidade. Se precisar,  conte até dez e tenha muita calma nessa hora!

Carlos Quartezani

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