As
dificuldades existem em todo lugar e em Conceição da Barra não é diferente.
Sofremos com o nosso posicionamento geográfico, que inviabiliza instalação de
indústrias, com o declínio da pesca, sobretudo em função do assoreamento do rio
Cricaré, entre outras mazelas. Mas em se tratando da Barra, nem tudo é sofrimento...
temos motivos sim para acreditar que somos um povo com qualidades e que estas,
se valorizadas, podem mudar por completo a nossa realidade.
Já disse
aqui, em outro texto, sobre a importância da valorização de nossa cultura, dos
costumes de nossa gente pacata e com vocação para recepcionar pessoas,
características estas fundamentais para uma cidade que tem tudo para ser um
grande destino turístico. Hoje, destaco um outro aspecto que passo a narrar a
seguir, mas que também pode ser um importante incremento neste sentido.
A pesca, um importante setor e quem também sofre, apesar de termos mais de 3 mil
pescadores cadastrados na mais antiga Colônia do Estado, a Colônia Z1, poderia
também ter seu viés exploratório no turismo, servindo de referência como um
lugar criativo e que se utiliza do modo de vida de seu povo, como atrativo para
um turismo qualitativo e não apenas baseado em trios elétricos e carros de som.
Como
exemplo do que digo, quero apresentar a vocês duas mulheres barrenses (foto) que
são donas de casa mas desenvolvem um trabalho que além de ser colaborativo com
a atividade dos respectivos maridos, revela uma cidade cujo valor é muito maior
do que se pode imaginar.
Dona Iraci (em
pé na foto) e dona Benedita são as responsáveis por remendar as redes e tarrafas que
chegam do mar avariadas. O mais interessante é o prazer de vê-las fazendo um
trabalho que naturalmente deveria ser feito por seus respectivos maridos, mas
que ao ajudá-los constitui-se uma parceria importante e que estimula a boa
convivência e o respeito mútuo entre os casais. A alegria ao fazer o trabalho é
outro ingrediente que chama a atenção, e como é peculiar nas mulheres, a tarefa
é sempre feita com disciplina e qualidade.
Escrevi o
presente texto como uma homenagem à mulher barrense, que participa do cotidiano
profissional do marido numa atividade tão importante mas pouco assistida pelo
poder público. Da mesma forma que poderíamos ter uma visão diferenciada de como
explorar o turismo em Conceição da Barra, seria de bom tom que observássemos o
valor de nossa gente e passássemos a enxergar o tesouro que temos aqui e que
tem tudo a ver com a nossa cultura em geral, bem como a pesca, abandonada e
reduzida a um departamento da Secretaria de Agricultura.
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