Para quem é natural de Conceição da Barra como eu ou escolheu-a para viver, sabe que a Biblioteca que me referi acima é onde se localiza o acervo histórico do município, bem como, diversas outras obras que fazem parte do universo literário brasileiro.
Ali estava o nosso principal recurso quando nossos professores, nas décadas de 1970 e 1980, nos estimulava a fazer trabalhos de pesquisa. O cheiro dos livros parece estar presente, ao escrever essas palavras.
Você que é dessa geração, a geração dos celulares, notebooks e outros equipamentos, não faz ideia o quanto esse ambiente era importante para nós. Claro que nem sempre, ou melhor dizendo, raramente o prazer de pesquisar assuntos na biblioteca era considerado melhor que uma partida de futebol na quadra do Centro Social (hoje a Sede da Comunidade Católica) ou na praia, mas é nesse ambiente de pesquisa que conseguimos nos formar e seguir em frente, com dignidade, nossa vida colegial, pessoal e profissional.
Dito tudo isto e já caminhando ao meu objetivo, tomei conhecimento de que a nossa Biblioteca Cunha Júnior, fundada em 1969 no mandato do então prefeito José Luiz da Costa, o popular Zé Miranda, neste momento se encontra desativada e o motivo é a falta de um imóvel público para sediá-la.
Desde os velhos tempos, em que o acervo bibliográfico ficava no anexo à Escola Dr Mário Vello Silvares ou na Escola Professor João Bastos Bernardo Vieira, sempre houve uma atenção adequada por parte do poder público. Inclusive, a pouco tempo recebeu incentivo da empresa Suzano que fomentou o projeto da biblioteca Ler é Preciso, uma parceria entre o município, a empresa e o Instituto Eco Futuro. O projeto funcionava na Cunha Júnior.
Escrevo essas palavras para alertar os atuais mandatários do município, que embora estejamos vivendo tempos em que a modernidade tende a tentar substituir o que é antigo, o patrimônio histórico e cultural de um lugar não deve perder em importância. Negligenciar a história é negligenciar a alma humana e a característica mais forte da expressão "povo" é a sua alma.
Sei que num passado recente a biblioteca foi absorvida pela Secretaria Municipal de Educação. Louvável já que o mundo dos livros está diretamente relacionado à educação. Contudo, considerando o valor histórico que ela possui, razoável seria voltar a ser gerida pela Secretaria de Cultura, de onde a mesma foi originada, nos tempos do lendário prefeito Humberto de Oliveira Serra.
Se algum conterrâneo estiver lendo essas palavras e tenha alguma ligação e influência com nossos representantes, e, claro, se concordar comigo, colabore para que a Biblioteca Professor Cunha Júnior encontre abrigo e esteja disponível, como sempre foi, para aqueles que não abrem mão de ler livros físicos e valorizam a cultura de nosso lugar.
Carlos Quartezani
Nenhum comentário:
Postar um comentário