É muito provável que a minha crença de que a política possa alcançar patamares mais elevados se as pessoas passarem a enxergá-la por um viés mais racional e menos emotivo, seja apenas um delírio de minha parte, na visão da esmagadora maioria. No entanto, vejam bem, se eu considerar que essa esmagadora maioria não tem uma base sólida para receber a informação a respeito da política, como presumir que ela esteja com a razão?
Para exemplificar, se numa pesquisa de opinião pública for perguntado ao cidadão comum na rua, se ele é a favor do sistema presidencialista, semipresidencialista ou parlamentarista, que resposta teremos? Acredito que se a resposta for honesta, um grande número de pessoas irá responder que não sabe.
Não se pode plantar tomate e colher outro fruto senão tomate. O interesse das pessoas pela política não pode se resumir em manifestações odiosas na Internet, instrumento pelo qual se tornou muito mais fácil divulgar belos trabalhos, mas também condutas nada cortezes por parte de pessoas que a gente esperava um pouco mais de calma e racionalidade.
O antídoto contra esse mal é a busca não por informação, como se costuma dizer, mas conhecimento, sem o qual, somos apenas massa de manobra para atender este ou aquele interesse.
Da mesma forma que somos capazes de criar uma Inteligência Artificial, por exemplo, também somos capazes de utilizar desses mecanismos para compreender os sistemas de governo e avaliar com mais propriedade qual o modelo seria o mais adequado para a vida em sociedade. Aí sim, a pesquisa que me referi acima faria algum sentido.
A informação, dependendo de quem a manipula é capaz de coisas extraordinárias. Contudo, se essa manipulação estiver a serviço de propósitos macabros, o horror pode se tornar banal exatamente como descreveu Hannah Arendt, a judia filósofa e escritora sobrevivente do holocausto em seu livro "A banalização do mal".
Não confunda conhecimento com informação. Uma coisa tem pouco a ver com a outra. Se você não buscar o conhecimento, a informação por mais qualidade que tenha será como esterco, servindo apenas como adubo nas plantações.
Não se deixe manipular reverberando coisas que você vê na Internet. Não ceda à tentação de compartilhar informação de cunho duvidoso só porque atende a uma percepção às vezes equivocada que você tem a respeito daquele tema. Agindo assim, de fato você vai estar contribuindo para um país melhor e reduzindo o poder de quem usa nosso pouco conhecimento, para atender seus propósitos nem sempre republicanos.
Carlos Quartezani
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