Decidi que apenas incorporar os valores que vem sendo considerados como inerentes ao tempo que vivemos, não é efetivamente ser moderno. Afinal, se para vestir-se da modernidade for preciso renunciar a tudo de melhor que aprendemos por toda uma vida, me parece algo incompreensível.
São vários os exemplos que eu poderia citar aqui e que tem a ver com o que eu quero dizer prá você que gentilmente, tirou um tempinho para ler o que escrevo. Mas o assunto que me despertou nos últimos dias, foi o comentário de um internauta, numa matéria envolvendo salário de políticos, no qual sugeria que especificamente o cargo de Vereador, deveria ser extinto e substituído por Conselheiros, estes sim, voluntários e a serviço do interesse público.
Ora, mas porque ninguém pensou nisso antes? É brilhante a ideia! Sim, a ideia é excelente, se já não houvesse sido tentada há muito tempo e abolida, provavelmente por terem chegado à conclusão que o trabalho que envolve representar politicamente a comunidade, não é apenas sentar-se numa cadeira da Casa de Leis, duas vezes a cada 15 dias (como é o caso na minha cidade) e votar projetos encaminhados pelo Poder Executivo, denominar ruas e logradouros e outras indicações.
Não, representar pessoas é muito mais do que isto e se a pessoa em questão não entendeu que a sua remuneração tem a função de torná-lo refratário às tentações, o problema é de caráter e não do salário que foi estabelecido para alguém que escolhido pelo povo, vai cumprir seu papel por 4 anos, preferencialmente se dedicando exclusivamente a isto.
Não concordo que um Conselheiro municipal substitua um Vereador e suas efetivas obrigações. Ninguém voluntariamente em uma sociedade que escolheu o capitalismo, vai conseguir se dedicar plenamente ao trabalho de representar as pessoas, tendo que dar prioridade para o pagamento de suas contas. O seu trabalho para o qual é remunerado, será sempre a sua prioridade.
Mas voltando ao que disse no preâmbulo, não é o salário do representante do povo que deveria nos indignar. Ao homem que trabalha, é digno o vosso salário. No entanto, e agora sim voltando aos "valores" aos quais me referi e que na minha opinião não devem ser negligenciados por conta da "modernidade" (e a coloco em aspas para que saibam que esta pode interpretações variadas), um Vereador, ou qualquer outro cargo político, deve ser alicerçado não no salário que pode obter, mas na honra de ter sido escolhido por sua comunidade. Não conheci moeda ainda que possa ter mais valor do que esta: Ser escolhido por seu povo!
Este texto é sobre observar que precisamos nos atentar menos ao que tem preço e muito mais ao que tem valor. Em seu livro "O pequeno príncipe", o autor Antoine de Saint Èxupery, ao criar um diálogo entre a raposa e o príncipe, faz uma revelação que é uma das muitas, da épica obra: "O essencial é invisível aos olhos"!
Não nos deixemos enganar. Ser moderno não é abrir mão de princípios elementares e se o poderoso algoritmo não consegue enxergá-los, a boa notícia é que é isto que nos faz poderosos, a capacidade de escolher entre a mesquinhez e a honra. Que escolhamos a honra!
Carlos Quartezani
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