quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Trabalhando por amor

Logo após o anúncio feito pela assessoria da Presidente da República, Dilma Rousseff, com relação ao novo Ministro da Educação - aquele que comandará a pasta mais importante para o País em seu novo mandato - choveu nas redes sociais críticas sobre o escolhido. O ex-Governador do Ceará, Cid Gomes, irmão do polêmico e competente ex-Ministro e ex-Presidenciável, Ciro Gomes, foi bombardeado pela oposição. O motivo principal foi por uma declaração que deu durante as negociações com o Magistério de seu Estado. Cid Gomes teria dito que “professor deve trabalhar por amor e quem não o fizer, deveria escolher outra profissão”.

É claro que chega a ser patético achar que alguém se disporá a trabalhar por amor, como sugeriu Cid Gomes, em qualquer área mas, convenhamos, o profissional da educação é tão importante que não há remuneração capaz de suprir o seu mérito. Alguém capaz de transformar uma sociedade, para o bem, não pode ter como motivação exclusiva o salário que recebe. Entretanto, é preciso pagar contas, manter a dignidade, até para que se possa de fato ser uma referência na sociedade, em todos os sentidos.

Para mim, o professor deve ser alguém tão admirado e ter seu valor tão consolidado na sociedade, que sequer deveria pagar pelas roupas que veste. Assim como os parlamentares têm direito ao chamado “auxílio-paletó” (entre outros direitos), os professores deveriam ter também por parte do Estado, a garantia de que até o seu vestir, é de responsabilidade do Estado, ou seja, nossa responsabilidade.

Mas é também importante ter consciência de que alguém cuja responsabilidade é tão grande, não pode se comportar como um mendicante do Estado. O professor não pode simplesmente considerar-se menor, aceitando sua condição imposta por uma sociedade que ainda não percebeu a importância do seu trabalho, e principalmente, transmitir esse sentimento (ou pensamento) para aqueles que dependem dele para não estarem, um dia, nessa mesma condição, ou seja, seus alunos. Não na condição de professor, que seria uma honra para cada um deles, mas na condição de coitadinho, injustiçado, por ter escolhido a profissão errada. Ser professor é sobretudo uma honra e merece ser exaltada em primeiro lugar pelo próprio professor.

É preciso se apaixonar pela educação e fazer isso em conjunto, estabelecendo metas na escola em parceria com os demais atores, a saber, a própria sociedade, pais de alunos e os profissionais. Se o então Governador do Ceará e agora Ministro da Educação, Cid Gomes, está correto ou não, ao afirmar que a educação não é para quem quer ficar rico, é difícil dizer, mas enquanto a educação for apenas uma questão de salários, tenho certeza de que nunca chegaremos a nenhum lugar, pois no sistema capitalista sempre queremos mais. Só nos esquecemos de que no capitalismo, é preciso dar retorno e assim, automaticamente, o mercado nos valoriza.

É preciso que os profissionais e os futuros profissionais da educação, iniciem a construção de uma sociedade que o valorize naturalmente, sem que seja preciso que Sindicatos pressionem Governos para reconhecerem o seu valor. Os Sindicatos são uma grande conquista, mas em relação à educação, uma sociedade consciente e avançada faria o seu papel, com louvor. Sem o professor, não iremos a parte alguma.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Mais capim que no pasto

Na sessão extraordinária realizada hoje, 22, pela Câmara de Vereadores da Barra, aliás, duas sessões, tendo em vista que a primeira era exclusiva para votação do Orçamento 2015, dois fatos em especial me chamara a atenção.

O primeiro, e aqui faço questão de deixar o registro, é o Projeto de Lei de autoria da Vereadora Mirtes que consiste em estabelecer em Lei, para que haja nas escolas municipais o procedimento de medição do Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças. O objetivo é avaliar se há de fato uma alimentação apropriada para os alunos e garantir seu desenvolvimento conforme as normas estabelecidas pelas políticas de segurança alimentar do Governo. O Projeto foi aprovado, merecendo, inclusive, agradecimentos e elogios por parte da autora, às Comissões Permanentes que avaliaram o projeto e, segundo Mirtes, valorizou ainda mais o argumento para que a Lei seja sancionada e regulamentada pelo Executivo Municipal.

Como eu disse no início, dois fatos me chamaram a atenção mas sem desmerecer a importância da aprovação do Orçamento 2015, no qual os Vereadores concederam 10% para o Executivo remanejar e o abono aprovado para os funcionários da Câmara, no valor de trezentos reais. O presidente, Vereador Clebinho, lamentou não poder dar um valor maior, conforme fez seu antecessor, explicando as dificuldades orçamentárias que passou o Poder Legislativo barrense no ano presente. Cá entre nós, uma realidade vivida também pelos servidores públicos do Estado que irão receber de abono, apenas quinhentos reais conforme mensagem enviada pelo Governador à ALES e ainda não foi votado pelos deputados estaduais.

Mas vamos ao segundo ponto. Ao utilizar a tribuna, o Vereador Carlinhos Rosário fez uma dura crítica aos serviços de limpeza da cidade, num modelo bem diferente do seu estilo habitual. O parlamentar trouxe uma informação dada na sessão anterior, que dizia respeito ao proprietário de um cavalo que foi multado em R$300,00 pela Prefeitura em virtude do seu animal (um cavalo) estar solto nas ruas da cidade. O infrator é reincidente. Pois bem, mas o que isso tem a ver com a limpeza da cidade? Uma pergunta que eu e qualquer outro faria, mas a resposta veio na sequência pelo próprio parlamentar:

“O dono do cavalo me disse que fica difícil manter o animal preso, porque nas ruas da cidade está tendo mais capim do que no pasto!” Disse Carlinhos Rosário, denunciando o quanto as ruas da Barra estão sujas, com terrenos imensos cobertos de mato, entre os quais terrenos de propriedade do próprio prefeito municipal, apesar dos discursos efusivos e constantes com relação aos investimentos feitos neste setor.

No mais, espero que o Vereador Carlos Rosário possa ser surpreendido nos próximos meses com relação à limpeza da cidade, já que estamos no período de verão e os turistas, convenhamos, fazem bastante sujeira. E que o cavalo do Saulo, caso seja recuperado e fuja de novo, encontre o capim para comer, mas no lugar devido, sem causar transtornos para a população.





quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crianças no andar superior

Os pais, cujos filhos estudam as séries iniciais na Escola Municipal de Ensino Fundamental Angelo Luiz Sagrillo Smiderle, em Conceição da Barra, receberam esta semana uma cartinha da Secretaria Municipal de Educação, com a informação oficial de que seus pequenos, a partir de 2015, vão mudar de prédio. O destino destes, bem como, de outros em idade entre 5 e 9 anos, oriundos de outras escolas do Ensino Infantil, será o prédio recém-construído com a finalidade inicial de funcionar uma cozinha industrial (foto).

A mudança, muito requerida pelos pais das crianças que estudam na “fornalha” onde funciona a Escola Angelo Luiz, só não aconteceu como todos esperavam. No lugar de um prédio apropriado para abrigar crianças em tão tenra idade, a administração municipal optou por colocá-los num lugar onde há riscos iminentes, a começar por ser no andar superior e mesmo com as telas de proteção, particularmente, não sei se será suficiente para evitar um infortúnio. Uma avaliação feita por especialistas talvez nos desse um alento, neste sentido.

Para o atendimento da Lei que estabelece a obrigatoriedade em matricular crianças a partir dos 3 anos de idade, seria necessário criar os espaços devidos e tempo houve para tais providências, pois a atual administração caminha para o seu sétimo ano. No entanto, como as prioridades do governo municipal são estabelecidas a partir do pensamento de um só homem, a tarefa se torna ainda mais difícil. Por isto, para abrigar o contingente que só cresce, somos obrigados a aceitar que crianças pequenas sejam transferidas para um prédio que, evidentemente, não foi construído pensando nelas.

Tudo isso ainda pode piorar caso, de fato, venha a funcionar uma cozinha industrial no andar térreo, conforme vem sendo propagandeado há alguns anos desde que a obra foi iniciada. Equipamentos como exaustores potentes, item essencial para o funcionamento de uma cozinha industrial, poderá ser mais um fator preocupante na medida em que crianças (pequenas) estarão bem próximas deles, sujeitas a acidentes. Não sou especialista em segurança, mas há que se consultar especialistas, para saber se há riscos, antes de transferir as crianças para o local.

Procurei a secretária de educação para que pudesse me esclarecer o assunto. Não a encontrei. Mas acredito que de pouco adiantaria saber seu posicionamento, uma vez que o próprio prefeito municipal se antecipou e levou a decisão para o conhecimento dos pais das crianças, numa reunião com esse objetivo. Não me pareceu haver espaço para considerações. A decisão já foi tomada.


Espero que tudo o que relatei aqui sirva para reflexões quanto aos riscos de levar as crianças para o referido prédio sem os cuidados mínimos necessários. Minha torcida é para que tudo dê certo, mas o seguro, como diz o ditado, morreu de velho. 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Nunca é tarde demais

O assunto que vou discorrer agora poderia até estar relacionado exclusivamente à beleza do espetáculo que assisti na minha Conceição da Barra, no último sábado, 13, quando alunas da professora de balet Cláudia Lago, nos proporcionaram momentos de encantamento com a exposição de movimentos merecidamente aplaudidos por uma plateia que, de fato, desacostumou-se a eventos dessa natureza. Definitivamente, a arte e a cultura não têm sido o que podemos chamar de prioridade. Mas quem sabe não estejamos assistindo a uma mudança de ventos neste sentido na Barra? Tudo é possível ao que crê.

Contudo, não me aterei ao viés político, embora acredite que se há uma mudança em curso na Barra, no que diz respeito à arte e a cultura, se deu sobretudo em função de críticas e observações que se fazem sempre que possível, colaborando assim para o despertar de quem governa. Como eu sempre digo: Governar é também ouvir pessoas e não fazer tudo ao seu bel prazer. Este sim, um outro paradigma que precisa ser quebrado aqui e em outros lugares desse imenso Brasil.

Paradigmas... quantos foram quebrados durante o evento na quadra do Jemar! Com uma sensibilidade própria de quem trabalha e é apaixonada pela arte, a professora Cláudia surpreendeu ao incluir em um dos grupos de dança, uma menininha numa cadeira de rodas, passando uma mensagem importante de que as limitações físicas ou de outra ordem, não podem anular sonhos. Para alguns pode até ter sido um fato normal, corriqueiro, mas creio que para a grande maioria, uma pessoa com limitação física se apresentar num espetáculo de dança, é chocante dada à realidade de que ainda vivemos num Mundo aonde um “defeito físico”, constitui incapacidade... mais um equívoco desfeito.

Inspirado em fábulas natalinas, o espetáculo contou especialmente com a participação de pessoas de religiões diversas. Mais uma demonstração de que convicções de qualquer ordem, não podem servir de abismo, de distância entre seres humanos. A interpretação da índia Pocahontas, pela “Ministra de Dança” da Igreja Batista Vida e Paz, Daniele Venâncio, arrancou aplausos de uma plateia que não se dispersou, como acontece comumente, na medida em que suas pequenas princesas vão dando seu recado e descendo do palco.

Por fim, a sequência de paradigmas quebrados numa noite muito especial para quem decidiu assistir a um espetáculo tão incomum na cidade, foi a participação de Kátia Quartezani, minha esposa, dançando com a leveza de uma verdadeira bailarina, apesar de contabilizar e não esconder seus 44 anos de idade. “Nossa, não acreditei que era você Kátia!”, foi a frase que ela mais ouviu, pós evento, provocando a resposta imediata própria de sua personalidade: “Você também pode, é só querer”.

Que a nossa cidade possa a cada dia se permitir olhar as pessoas com “outros olhos”. Com os olhos da admiração, do bem querer, da torcida a favor e não regozijar-se com os fracassos alheios pois até mesmo os eventuais fracassos, servem de impulso para o crescimento daqueles que têm certeza que Deus está em tudo o que se faz com amor. Um grande e fraterno abraço à Cláudia Lago e a todos os responsáveis por tão belo espetáculo, a quem dedico este texto, além de minha amada esposa. Sejam felizes, sempre!



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Democracia ou Ditadura?


                                                          João Baptista Herkenhoff
          Aécio Neves pode ser candidato a Presidente da República daqui a quatro anos e vencer as eleições. Isto é absolutamente normal. Característica fundamental da Democracia é a alternância do poder, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Quem assegura o mandato de fulano ou beltrano, ou a maioria parlamentar do partido X ou do partido Y, é o voto secreto, depositado na urna, sob a eficiente vigilância da Justiça Eleitoral.

          As forças políticas derrotadas, num pleito eleitoral, prestarão grande serviço ao povo fazendo oposição. É indispensável que haja opositores ao governo constituído.
          Atribui-se a Juscelino Kubitschek um desabafo quando estava sendo violentamente atacado no Congresso e através da imprensa: “É difícil governar com tão ferrenha oposição.” Mas o grande estadista completou: “Sem oposição, entretanto, é impossível.”

          Assusta-me que algumas pessoas estejam pedindo a instauração de um regime ditatorial no Brasil. São pessoas que não conhecem nossa História, ou conhecem os fatos mas não sabem interpretá-los. Essas pessoas têm pleno domínio da internet. Têm sido capazes de espalhar seu pensamento obtuso por todo o território nacional, através das redes sociais.

Para superar a deficiência de formação cidadã seria de bom conselho, numa perspectiva de futuro, que os professores, nas escolas de todos os graus, debatessem com seus alunos a questão democrática.

O avanço da cidadania tem ampliado a rejeição do povo aos artifícios que fazem da Política um espaço secreto, um verdadeiro gueto. A transmissão dos debates parlamentares, através da TV Senado e TV Câmara, é um progresso admirável. Melhor seria ainda se o sinal dessas emissoras pudesse ser captado por todos os televisores, em todo o território nacional.

O Brasil vive uma hora de debate. Razão teve Millôr Fernandes, que citamos em artigo recente e voltamos a citar hoje: ”Nada é mais falso do que uma verdade estabelecida.” É um equívoco de consequências desastrosas supor que se alcancem altos padrões de conduta, por parte dos governantes, através de serviços secretos de informação, supressão de garantias, abandono de franquias democráticas. A História de nosso país e de outras povos contesta esse ledo engano.

O maior antídoto da corrupção é a possibilidade de criticar, é o jorro de luz sobre os fatos, a abertura de todas as cortinas, a supressão de reticências convenientes. Pondere-se, entretanto, para evitar equívocos, que o político, que é colocado sob suspeita, tem o direito de defender-se. Admitir o massacre, sem a contrapartida da defesa, é uma derivante da ditadura.
João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado (ES), professor e escritor. E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com
É livre a divulgação deste artigo, por qualquer meio ou veículo, inclusive através da transmissão de pessoa para pessoa.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Barra divulga atrações para o Verão 2015

Em Conceição da Barra atrações musicais para o Reveilon 2015 já estão definidas e a tradicional queima de fogos, este ano, acontecerá na Orla da Sede e nos distritos de Itaúnas, Cricaré e Braço do Rio. A novidade da temporada será o espaço Arena do Farol, área específica reservada para shows pagos, onde se apresentarão as bandas nacionais Psirico, Parangolé e Neto Luxúria, nos dias 1º, 02 e 03 de janeiro, respectivamente.

Nos meses de janeiro e fevereiro, até o carnaval, serão realizados shows em todos os finais de semana. Ao todo serão 46 shows gratuitos, sendo 22 com bandas locais, 18 com bandas regionais e 06 com bandas nacionais, entre elas: GRUPO RAÇA, KIT-ILUSÃO, SOM DO POVO, A BLITZ, POLENTINHA DO ARROCHA e CARLINHOS ROCHA. A tradicional Bandinha da Barra também se apresentará pelas ruas do Centro Histórico, às sextas e sábados, levando diversão para as famílias e foliões que preferem o encanto das marchinhas e dos antigos carnavais.

Na Praça da Igreja Matriz, a Tenda Cultural será o palco das manifestações culturais e de toda a tradição barrense, nos finais de semana de janeiro e fevereiro. A programação esportiva contará com torneios diversos e aulas de zumba e aeróbica. Para garantir o conforto dos banhistas, ao longo da Orla serão instalados chuveiros e banheiros químicos.

A segurança de moradores e turistas será garantida pela presença de 50 guarda-vidas, 109 policiais militares e 06 conjuntos de cavalaria. Além disso, com as 32 câmeras de videomonitoramento instaladas no município, a Orla, em especial, será toda monitorada.

Os shows da virada acontecerão na Praça da Folia, a partir das 22 horas, conforme programação abaixo:

DIA 31/12/14 - QUARTA-FEIRA
Jarley da Bahia
GRUPO RAÇA-RJ
Kelly Muniz e Banda.

DIA 1º/01/15 - QUINTA-FEIRA
Trio Fogumano
Banda Plano Alto

Na Arena do Farol - Show com PSIRICO

DIA 02/01/15 – SEXTA-FEIRA
Banda Atitude Positiva
Sob Efeito Banda Show

Na Arena do Farol - Show com PARANGOLÉ


DIA 03/01/15 – SÁBADO
Banda Kaya na Onda
Chama Chuva

Na Arena do Farol - Show com NETO LUXÚRIA

sábado, 29 de novembro de 2014

O Dia do Evangélico e a Festa do Leite

Hoje, dia 29 de Novembro, comemora-se o Dia do Evangélico em Conceição da Barra. Segundo a Lei Municipal que o instituiu, será sempre no último sábado do mês de Novembro e lembrado através de uma Sessão Solene no Poder Legislativo como forma de homenagear o segmento da sociedade que hoje gira em torno de 40% da população.

Sob a presidência ad’oc da Vereadora Sirlene Olimpio, e participação dos Vereadores Amaury Januário e Istelina Fundão, o Dia não passou “em branco” e o Poder Legislativo pôde fazer as honras da Casa aos representantes dos evangélicos com a colaboração de funcionários que deixaram o conforto do seu lar num dia de sábado, para o trabalho de honrar os homenageados.

Não decidi escrever o presente texto apenas para descrever o que se passou na sessão solene. Apesar de considerar fundamental que gestos como estes devam ser rigorosamente praticados, por serem estabelecidos em Lei - e os Vereadores citados honraram o dever da Casa ao realizar a presente - não poderia deixar de lamentar a ausência de diversas lideranças no Município, em especial, lideranças evangélicas. Deixaram de presenciar o momento dedicado ao povo do qual fazem parte, evidenciando o grave e elevado nível de deslocamento no que se refere aos deveres cívicos pelo qual o segmento também deve priorizar e valorizar.

Utilizando uma metáfora do Vereador Amaury, em conversa informal antes da sessão, digo que o número de pessoas presentes à sessão lembra a “festa do leite”, onde todos estão convencidos de que terá muito leite na festa (pois todos irão levar) e então decidem levar água, no lugar do leite. Resultado: A festa do leite, virou a festa da água.

Por acreditar que de fato foram enviados convites à exaustão a todos os líderes do Município, pois a estrutura da Câmara Municipal, inclusive o Motorista Legislativo, Alexandre Marques (diácono da Igreja Vida e Paz}, se dedicou pessoalmente na empreitada, sou levado a admitir que a rigor, os ausentes pensaram exatamente como aqueles que acharam que haveria muito leite na festa e decidiram levar água. Por acreditarem que os outros convidados estariam lá, decidiram não ir e o resultado foi uma presença reduzidíssima, embora não tenha comprometido a importância do evento.

Como tudo aquilo que pode piorar, quase sempre piora mesmo, ouvimos da Vereadora Sirlene, a sugestão de que no Município deveria se criar uma Associação de Igrejas Evangélicas. A defesa foi feita após constatar que o segmento “necessita” de maior representatividade, embora reconhecendo que o Comec, cujo representante também compunha a mesa de honra, tenha sua relevância.

Apesar de considerar a sugestão legítima, sobretudo por vir de uma parlamentar capacitada e também membro de uma igreja evangélica, não posso deixar de registrar aqui que a sugestão é inócua na medida em que estaremos apenas criando mais uma Instituição, ao invés de lutarmos para a consolidação daquela que já existe, a saber, o Comec.

A Vereadora Sirlene colocou seu gabinete e seu escritório particular à disposição das igrejas evangélicas que queiram se regularizar. Enfim, ofereceu apoio mas, eu pergunto, porque isto não é efetivado através do Comec? Por que não aproveitar a Instituição existente no lugar de se criar outra? Por que não podemos lutar pela “unidade”, aproveitando uma Instituição que já existe, tem história no Município e requer apenas que as igrejas queiram participar?

Essas são perguntas que gostaria de ver respondidas e se caso a Vereadora Sirlene está lendo o presente texto, peço que faça reflexões, converse com o seu Pastor e o convide a participar do Comec. Seria muito mais fácil que criar uma nova Associação que com o tempo e a mudança de lideranças, venha a cair no esquecimento.




sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mulheres barrenses, mulheres de valor

As dificuldades existem em todo lugar e em Conceição da Barra não é diferente. Sofremos com o nosso posicionamento geográfico, que inviabiliza instalação de indústrias, com o declínio da pesca, sobretudo em função do assoreamento do rio Cricaré, entre outras mazelas. Mas em se tratando da Barra, nem tudo é sofrimento... temos motivos sim para acreditar que somos um povo com qualidades e que estas, se valorizadas, podem mudar por completo a nossa realidade.

Já disse aqui, em outro texto, sobre a importância da valorização de nossa cultura, dos costumes de nossa gente pacata e com vocação para recepcionar pessoas, características estas fundamentais para uma cidade que tem tudo para ser um grande destino turístico. Hoje, destaco um outro aspecto que passo a narrar a seguir, mas que também pode ser um importante incremento neste sentido.

A pesca, um importante setor e quem também sofre, apesar de termos mais de 3 mil pescadores cadastrados na mais antiga Colônia do Estado, a Colônia Z1, poderia também ter seu viés exploratório no turismo, servindo de referência como um lugar criativo e que se utiliza do modo de vida de seu povo, como atrativo para um turismo qualitativo e não apenas baseado em trios elétricos e carros de som.

Como exemplo do que digo, quero apresentar a vocês duas mulheres barrenses (foto) que são donas de casa mas desenvolvem um trabalho que além de ser colaborativo com a atividade dos respectivos maridos, revela uma cidade cujo valor é muito maior do que se pode imaginar.

Dona Iraci (em pé na foto) e dona Benedita são as responsáveis por remendar as redes e tarrafas que chegam do mar avariadas. O mais interessante é o prazer de vê-las fazendo um trabalho que naturalmente deveria ser feito por seus respectivos maridos, mas que ao ajudá-los constitui-se uma parceria importante e que estimula a boa convivência e o respeito mútuo entre os casais. A alegria ao fazer o trabalho é outro ingrediente que chama a atenção, e como é peculiar nas mulheres, a tarefa é sempre feita com disciplina e qualidade.


Escrevi o presente texto como uma homenagem à mulher barrense, que participa do cotidiano profissional do marido numa atividade tão importante mas pouco assistida pelo poder público. Da mesma forma que poderíamos ter uma visão diferenciada de como explorar o turismo em Conceição da Barra, seria de bom tom que observássemos o valor de nossa gente e passássemos a enxergar o tesouro que temos aqui e que tem tudo a ver com a nossa cultura em geral, bem como a pesca, abandonada e reduzida a um departamento da Secretaria de Agricultura.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A Cultura como apêndice do Turismo

A data não poderia ser mais emblemática. Dia 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, entra para a história de Conceição da Barra como o dia em que o Poder Público, após 6 meses da criação da tão requisitada Secretaria Municipal de Cultura, aprova Projeto de Lei de autoria do Executivo que relega a pasta a um apêndice do Turismo. A sessão extraordinária que sacramentou a decisão foi realizada hoje, às 9h, na Casa Legislativa barrense.

Apesar da resistência de três dos 11 parlamentares (votaram contrário ao PL os Vereadores Amaury, Istelina e Carlos Rosário), a decisão que ainda passará pela sanção do Prefeito Municipal (lógico que sancionará, pois trata-se de sua própria proposição) unifica as Pastas de Turismo e Cultura e mais uma vez o argumento preponderante é “economia de recursos”.

Segundo o Vereador Carlos Rosário, o representante do Prefeito na defesa do Projeto nas Comissões, argumentou que “a Secretaria de Cultura seria inviável”. Um argumento lamentável, mas compreensivo uma vez que é notório que o escalão principal do Prefeito, é apenas pró-forma, e não tem autorização para discordar do ponto de vista do Chefe.

Em relação a isto, aproveito para esclarecer que Governo se faz com a participação das pessoas e para tanto, as Secretarias ou Ministérios, fortalecem essa relação e não é meramente “um cabide de empregos”, como tentam convencer parte da população, que por desconhecimento do que é a política e sua importância no exercício da democracia, é levada a acreditar em tal justificativa.

Apesar de aceitar que prevaleceu a vontade da maioria, afinal foram 7 votos a 3, registro aqui que o nosso Turismo e Cultura precisam ser discutidos à luz de uma razão que compreenda os aspectos econômico e de preservação de nossa história. Não temos indústrias, como em outras cidades, inclusive vizinhas. Salvo as destilarias de álcool que efetivamente não dá conta de nossa mão-de-obra. Contudo, temos uma riqueza imaterial incomparável e que poderia ser ainda mais destacada, e produtiva economicamente, caso nossos governantes entendessem que uma Secretaria específica nos proporcionaria status e uma relação mais produtiva com a Secult (Secretaria Estadual de Cultura) e o Minc (Ministério da Cultura).

Mas infelizmente a maioria de nossos Vereadores que poderiam impedir mais esse descalabro político-administrativo, preferiram ir à tribuna e defender que “não está se extinguindo a Secretaria de Cultura, mas unindo à outra também importante, o Turismo”. Um argumento que se junta ao do representante do Prefeito que afirmou ser inviável a Secretaria de Cultura. Um ponto de vista insuficiente se considerarmos que a Cultura é nosso maior patrimônio, uma vez que temos 123 anos de história e personagens que marcaram a cultura capixaba e brasileira, em especial, Hermógenes Lima da Fonseca, cuja proposição para ter seu nome gravado para a posteridade na recém criada “Casa da Cultura”, foi vetado pelo Prefeito Municipal. Mas este é assunto para outro texto, pois o Vereador Rogério, hoje, pediu vistas do referido veto.

Enquanto não entendermos que Governo se faz com ações políticas e não exclusivamente visando “economia de recursos”, estaremos enxugando gelo. A economia de recursos pode ser feita também quando se coloca a qualidade em detrimento da quantidade. Cultura representa qualidade; é a atração de um turista que gasta e que traz sua família para um ambiente qualificado e tranquilo. O modelo do nosso turismo, hoje em dia praticado, afastou muitas famílias daqui e que com certeza veem na nossa cultura, nosso maior patrimônio.


Aguardaremos os próximos capítulos dessa novela. Se a “cultura” realmente será assistida com a junção das duas pastas, espero que os sinais sejam dados agora na aprovação do Orçamento 2015, quando os Vereadores poderão emenda-lo e estabelecer que o recurso para a Cultura serja investido em Cultura, e não em outra área como sempre é feito na medida da conveniência do Poder Executivo.

Mas nem tudo é ruim quando se trata do nosso Legislativo. O bom debate travado, a aula de história do Vereador Amaury que lembrou o Dia da Consciência Negra, e a determinação do Presidente que não haverá mais atrasos no início das sessões, também são pontos positivos e que merecem registro deste que vos escreve e agradece aos que o lêem.

domingo, 16 de novembro de 2014

O paraíso dos carros de som

Alguns podem me classificar como “velho” ou outros adjetivos menos simpáticos mas devo dizer que sou contra o evento em Conceição da Barra conhecido como Barracar, que acontece agora, em sua 2ª edição, entre os dias 14 e 16 de Novembro... e explico os motivos a seguir.

Há tempos estamos sofrendo economicamente pela escassez de nossa principal atividade, a pesca, e como uma tragédia sempre puxa a outra, o turismo também vem na rota de decadência. Primeiro pelo problema na orla, maciçamente explorado pela mídia, acabou afastando muita gente de nosso balneário. Agora, temos o desinteresse do poder público em fazer o resgate do setor, talvez considerando que turismo é apenas uma questão de trazer gente prá cá, mesmo que seja para fazer barulho com carros de som.

A nossa dificuldade em debater temas relativos à nossa tão importante atividade econômica – o Turismo – sem o viés do ranço político, é outro entrave. É muito difícil colocar uma opinião sobre o que é melhor fazer para atrair turistas, sem ser tolhido, seja pelo Governo ou a própria sociedade que insiste em destacar apenas “quem falou” e não “o que falou”.

O Barracar é um exemplo emblemático de nosso equívoco em termos de planejamento turístico, onde o foco deveria ser um público de fato consumidor. A exemplo do carnaval, porém com muito menos pessoas visitando a cidade, o barulho produzido é infinitamente maior do que os possíveis “lucros” proporcionados pela festa mais popular da cidade e do Brasil. Dezenas de carros equipados com som de alta potência, atraindo jovens para um local à beira mar onde sequer é possível entender qual é o “barato” de ouvir música sem que ninguém entenda absolutamente nada do que se toca, é o cenário que se apresenta. 

Não posso conceber que tenhamos nos reduzido a tão pouco, em termos de destino turístico, para patrocinar (mesmo que modestamente) um evento que além de não valorizar a nossa cultura rica e admirada por tantos, ainda não produza absolutamente nada em termos de retorno econômico. Nossa rede hoteleira é quem mais se abate, pois os “turistas” do Barracar sequer escolhem os hotéis preferindo, é claro, ficarem amontoados numa pequena casa (geralmente na Cohab), o suficiente para dormir enquanto aguardam a hora de se juntar aos outros para “ouvir” som em alto volume... uma outra semelhança com o nosso “carnaval”. Nos tornamos uma espécie de "paraíso dos carros de som".

Ainda bem que paralelo a este evento desqualificado, pois revela uma juventude que tem dinheiro para ter um carro e equipá-lo - mas não tem bom gosto - acontece também o Encontro dos Motoqueiros. Apesar de não ser  um dínamo para o nosso combalido turismo, atrai um outro tipo de turista que consome e que não perturba os ouvidos de quem já vive numa cidade cujo barulho ensurdecedor é do silêncio de quem não quer ou acha melhor não opinar sobre nada.

O Conselho Municipal de Turismo apesar de ser apenas consultivo, deveria ter participação efetiva de representações da sociedade, sobretudo de quem é proprietário de pousada, hotel, restaurante, bem como, o pessoal da Cultura, outro setor fragilizado e que tanto poderia contribuir para o nosso desenvolvimento. É preciso crescer e para isso temos que fazer reflexões e agir, afinal, nossa indústria principal é o Turismo.

Peço que não tomem minha opinião como uma reles reclamação, mas um ponto de vista de alguém que tem preocupação com nossa cidade e vê no turismo de qualidade nossa, talvez, única solução para a geração de empregos e sobrevivência sem a dependência exclusiva dos poucos empregos oferecidos pela Prefeitura e as duas empresas de álcool.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Cultura como força-motriz para a economia barrense

Há algum tempo venho defendendo a ideia de que em Conceição da Barra deveríamos ter uma Secretaria Municipal de Cultura. A ideia está alicerçada na minha convicção de que Governo é diferente de apenas Administração.

Num Governo é necessária a participação da sociedade e cuja finalidade fundamental é o bem estar das pessoas, além da sensação (no mínimo) de que tem participação na solução apresentada para os problemas. Administrar, todavia, é olhar tudo do ponto de vista da “planilha”, de quanto vai custar isto ou aquilo e se compensaria um determinado gasto ou, se preferirem, investimento. Nada mais participativo do que uma Secretaria Municipal para um setor importante para nós tal qual a Cultura.

Difícil conceber que o Prefeito Municipal esteja correto quando avalia a junção das Secretarias Municipal de Cultura e o Turismo apenas do ponto de vista da “economia de recursos”. O Projeto de Lei que criou a Secretaria de Cultura, no ano passado, foi amplamente explicado por seu propositor – o vereador Amaury Januário – de que se tratava de uma oportunidade para que a riquíssima Cultura de Conceição da Barra, além de receber o status devido e poder estabelecer vínculos importantes com o Estado e a União (na obtenção de convênios), poderá gerar renda numa cidade cuja economia está comprometida com a fragilidade do setor pesqueiro e os altos e baixos da indústria alcooleira, a saber, a antiga Disa.

Ocorre que mesmo considerando que o principal argumento para juntar as duas pastas é a economia de recursos públicos, a Secretaria de Cultura foi ocupada no seu pequeno período de existência por servidores públicos efetivos, salvo alguma rara exceção,  mas que tem forte vínculo com a cultura local. Creio, particularmente, que o Prefeito tem dificuldades em ter pessoas ao seu lado em que possa confiar para ocupar pastas em seu Governo e isto explicaria o porquê juntar duas pastas importantes tais como o Turismo e a Cultura.

Se no passado isto foi praticado, e realmente foi, as circunstâncias eram outras. Não tínhamos receitas compatíveis como nos dias de hoje (a nível municipal) e nem muito menos, havia a devida importância do Ministério da Cultura dentre outros Ministérios que foram criados pelo Governo Federal e que aproximou os cidadãos das esferas de poder, via esses Ministérios. A Secretaria Municipal de Cultura para uma cidade de 123 anos de emancipação política e com a nossa história, não é absurdo, é legítimo!

Penso que está nas mãos do Poder Legislativo questionar a junção dessas duas pastas e discutir com o Poder Executivo e a sociedade a importância da exclusividade da Secretaria de Cultura. O argumento da “economia de recursos” defendido inclusive por alguns parlamentares da base, está relacionada à extinção de uma Superintendência que faz parte do “pacote” do referido Projeto de Lei e não diretamente à extinção da Secretaria de Cultura, que voltaria a ser um apêndice do Turismo. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sessão na Câmara suscita imbróglio sobre “Princípio da Publicidade”

A sessão de ontem, dia 03, na Câmara de Conceição da Barra poderia ter sido mais uma das monótonas reuniões onde os Projetos de Lei encaminhados pelo Poder Executivo são apreciados e aprovados - quase sempre por unanimidade - bem como, as indicações dos parlamentares e outros itens comuns aos expedientes legislativos. Mas ontem não foi bem assim.

A iniciativa do Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais em levar seu equipamento para filmar a sessão, onde os edis estariam em maioria decididos a aprovar um PL do Executivo que reestrutura vencimentos dos servidores públicos (PL 034/2014), provocou um imbróglio no mínimo inusitado.

O Presidente da Câmara, instado por um dos vereadores, interrompeu a sessão que acabara de se iniciar, para consultar o setor jurídico da Casa a respeito da “legalidade em produzir imagens da sessão por alguém não autorizado”.

O Projeto de Lei em questão, apesar de beneficiar servidores públicos, é uma reedição de um outro PL, também encaminhado pelo Poder Executivo e aprovado em Março de 2014, mas que não foi sancionado pelo Prefeito. Voltando à Casa Legislativa, o mesmo foi promulgado, porém, jamais cumprido pelo Chefe do Poder Executivo. Atitude esta contestada pelo Presidente do Sindicato dos servidores, inclusive judicialmente. Embora, para alguns edis, feito de forma tardia pelo Sindicato o que provocou a decisão de aprovação do novo PL, com vistas a não prejudicar por mais tempo os servidores públicos.

No entendimento da minoria dos parlamentares, votar tal Projeto de Lei é enfraquecer o Poder Legislativo, além de teoricamente, “ser conivente com prejuízos aos bolsos dos servidores”, como argumentou o Vereador Carlos Rosário, uma vez que o Projeto de Lei promulgado em Março passado, determina que os pagamentos fossem feitos retroativamente, o que não ocorre com o Projeto de Lei atual.

Os parlamentares que aprovaram o PL (a maioria), entenderam que sua aprovação não causa o efeito levantado pelo Vereador Carlos Rosário, pois a Lei aprovada em Março passado, está em vigor até a presente data e o não cumprimento por parte do Executivo já é objeto de discussão judicial. Assim que o Poder Judiciário determinar, e se determinar, os servidores receberão retroativamente os direitos estabelecidos na referida Lei. "A nova Lei não substitui a anterior em seus efeitos", explicou Thiago Magela, Procurador da Câmara.

Entretanto, voltando ao fato que originou a interrupção da sessão, o Presidente determinou que o Presidente do Sindicato desligasse o seu equipamento após evocar um artigo do Regimento Interno que estabelece não ser permitido o registro de imagens das sessões, a não ser por alguém autorizado ou que tenha requerido o direito no prazo regimental. Diante dos ânimos exaltados, até a Polícia Militar foi chamada para evitar desdobramentos desagradáveis.

O fato em si é que embora há que se reconhecer que o Presidente do Poder Legislativo tem a obrigação de fazer valer o Regimento Interno da Casa, ficou claro que é preciso revê-lo. No século presente cuja marca é a modernização dos meios de comunicação, sobretudo com o advento da internet e as redes sociais, é inadmissível que se possa proibir imagens sobretudo em lugares públicos onde a “publicidade” é um dos princípios elementares para o bom andamento da democracia. A Lei Orgânica, nossa Constituição Municipal, é de 1990, bem como a concepção do Regimento Interno, portanto, num tempo em que a internet dava apenas os seus primeiros passos no Mundo, portanto, requer mudanças.

No lugar do Presidente do Sindicato estar com sua câmera registrando um ato público, que é uma sessão na Câmara, o próprio Poder Legislativo deveria ter instrumentos de divulgação ampla para suas ações, o que além de promover a publicidade devida, manteria a população informada do bom trabalho executado pelos edis, como pude perceber na noite de ontem onde os debates foram de boa qualidade, além do caráter informativo de temas tais como o que foi colocado pela Vereadora Sirlene, explicando sobre a importância de um outro Projeto de Lei que revê nosso Código Tributário e seus desdobramentos positivos para os cidadãos barrenses.

Espero que a sugestão do Vereador Carlos Rosário com relação à revisão do Regimento Interno seja encaminhada e procedida, principalmente no sentido de rever o artigo que impede um cidadão comum gravar imagens nas sessões da Câmara. Por enquanto, considero que o Presidente agiu em conformidade com a Lei, embora há que se registrar seu efeito jurássico, justificando exageros populares tais como "isto era no tempo da Ditadura!"

Aproveito para registar o quanto é importante a participação popular nas sessões legislativas. Um número considerável de pessoas estava presente e cuja qualidade com certeza estimulou os vereadores ao bom debate, algo raríssimo aqui e em muitos lugares de nosso País.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uma questão de cidadania!

Já escrevi aqui neste mesmo espaço a respeito da morosidade da administração municipal de Conceição da Barra em relação a algumas obras, com destaque para o ginásio de esportes. Minhas queixas já foram parar, inclusive, em jornais de grande circulação como A Gazeta. No entanto, as respostas são sempre as mesmas e o tempo passa e o ginásio continua com as obras paralisadas.

Pois bem, desta vez, não vou me ater especificamente às obras em si e seus atrasos que já remontam anos. No mínimo, cinco anos. Quero ressaltar nessas minhas mal traçadas linhas o quanto a cidadania é atingida na medida em que uma cidade, ao não oferecer espaços adequados para a prática esportiva, sobretudo para o público estudantil, dificulta aspectos importantes na garantia de direitos fundamentais previstos na Constituição.

O esporte não é apenas um lazer, como muitos pensam. Se oferecido a um público cuja formação ainda está em curso, se torna uma ferramenta primordial para uma geração saudável tanto físico, quanto intelectualmente. As regras e a fundamental disciplina imposta pelos esportes de modo geral, colaboram consideravelmente para que crianças e adolescentes entendam o valor do respeito ao seu líder (técnico), ao espaço alheio, à organização, a conduta leal para com o adversário, enfim, uma série de valores que se aprendidos desde cedo, serão levados para a vida adulta, o que possibilitará uma sociedade menos violenta, participativa e consciente de seu papel. Obviamente, essa geração entenderá o valor da liberdade e tenderá a não violar regras.

Hoje, em Conceição da Barra, vivemos uma realidade horrorosa no que diz respeito ao relacionamento dos jovens com os demais segmentos da sociedade. Não é necessário ir muito longe para ouvir relatos de um adolescente que desrespeitou um professor ou outras pessoas no exercício de sua função, seja no serviço público ou privado. Para não citar coisas piores. A disciplina e o respeito ao semelhante tão difundidos prazerosamente através das práticas esportivas, não tem sido possível em Conceição da Barra pelo descaso que se registra quando vemos o emblemático ginásio de esportes inacabado a tantos anos e a maioria parece ter se acostumado aquela paisagem. 

Como eu disse no início, não vou nem mencionar o desperdício de recursos públicos numa obra interminável, porque já disse isto outras vezes e decidi que o foco teria que ser outro. Quero chamar a atenção da sociedade barrense para que despertem para uma cobrança mais qualitativa das ações de governo, porque embora seja bom que vejamos ruas calçadas, um bom governo não se encerra neste quesito, mas em ouvir a sociedade e oferecer além da rua calçada (numa clara demonstração de ação eficaz para o voto), a cidadania que muito tem a ver com a existência de praças esportivas qualificadas especialmente para o público estudantil.

sábado, 19 de julho de 2014

A César o que é de César

Tenho me manifestado nas redes sociais e em outros ambientes onde vejo ser conveniente, a respeito do problema em Conceição da Barra envolvendo o avanço do mar no setor norte da orla. Não posso ficar calado diante de um problema que não é dos hoteleiros, simplesmente, mas de uma cidade cuja economia tem no setor de turismo um importante incremento. No entanto, observo algumas manifestações negativas a respeito da grande obra realizada pelo governo do Estado, sob a batuta de Paulo Hartung, que praticamente devolveu à cidade a condição para voltar a sonhar em ter novamente um turismo eficaz e cuja base são as praias.

Muitas críticas estão sendo feitas com relação à execução das obras na orla, face aos efeitos colaterais provocados no setor norte. Entretanto, me cabe ressaltar que ao findar as obras que aqui já me referi, inclusive em outros textos, ficou claro por parte dos profissionais responsáveis que “o trabalho não terminava ali” e que seria fundamental sua manutenção. No entanto, o que se percebeu, foi no mínimo um descaso por parte do governo atual, bem como, o representante do governo municipal que atentou exclusivamente para o embelezamento da orla, esquecendo-se de que outras providências deveriam ser tomadas para que a obra continuasse a manter seu padrão de eficácia e utilidade pública.

Efetivamente encontrar culpados é a primeira providência que a população toma, o que é legítimo pois espera-se do poder público ações que venham a resolver os problemas, principalmente quando envolve muitas pessoas e seus bens materiais. Contudo, responsabilizar o ex-governador Paulo Hartung, como tenho verificado, no meu modo de entender é injusto e sem base sólida. Se houve erros foram por leniência tanto do governo estadual quanto do municipal. O primeiro por ter atentado para o fato de que uma obra dessa envergadura (foram mais de 60 milhões de reais investidos) não poderia ser esquecida, um comportamento infelizmente comum no meio político, quando a obra em questão foi executada por quem o antecedeu. O segundo, o prefeito municipal, por não ter envidado esforços como representante número 1 da população barrense e cobrar dos responsáveis o que efetivamente lhes cabia. Se o fez, foi muito discreto a ponto de sequer dar publicidade a isto, pois nunca ouvi e nem li nada a respeito de reunião do prefeito com o governador para tratar do assunto orla da Barra.

Para aqueles que porventura se interessaram em ler este texto e têm dúvidas com relação às obras realizadas no governo Paulo Hartung, na orla de Conceição da Barra ofereço abaixo os nomes dos responsáveis técnicos pelas obras e seus respectivos registros profissionais:

Josiane Dornelas Machado – Crea-ES nº 006021/D – Responsável técnico principal
Márcio Francisco Pegoraro – Crea-ES nº 2009483  - Corresponsável
Léo Maniero Filho – Crea-ES nº 850027

Espero ter ajudado, pelo menos no encaminhamento para elucidação de dúvidas quanto às obras, talvez a mais importante de todos os tempos para a nossa amada cidade.


terça-feira, 8 de julho de 2014

Nas bikes o destino é o Nordeste

Encontrei este jovem casal próximo à rodoviária da Barra, hoje, e não resisti em perguntar-lhes para onde iriam montados em suas modestas bicicletas, mas equipadas o suficiente para que eu soubesse que a viagem seria longa.

Léo e Cozzy saíram do Rio de Janeiro há 3 semanas e pretendem conhecer o nordeste brasileiro. A parada em Conceição da Barra foi planejada, pois pretendem conhecer Itaúnas, lugar que muito já ouviram falar mas ainda não tiveram a oportunidade, bem como, o próprio Estado do Espírito Santo.

Carioca, Léo é casado com a australiana Cozzy que decidiram fazer essa aventura com a finalidade de conhecer uma parte do Brasil gastando, segundo eles, pouco.

"O gasto maior é com borrachinhas dos freios", relata Léo que evidentemente deve estar sendo modesto, a menos que esteja contando com patrocínios para a compra de pneus e outros materiais, entretanto, neste aspecto ficarei apenas na especulação, pois esta pergunta não fiz em razão do nosso rápido encontro.

De fato, um gesto de coragem e o espírito aventureiro desse casal simpático e que me pareceu ter gostado de nossa cidade.  Eles seguirão para Itaúnas e depois, voltarão à BR 101 seguindo viagem para o nordeste brasileiro.

Desejo sucesso e uma ótima viagem aos amigos aventureiros!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Uma “Atitude Positiva”


De fato, não é fácil a vida artística principalmente em pequenas cidades. No entanto, tem muita gente batalhando para conquistar seu “lugar ao sol”, com persistência, competência e foco. Este é o caso dos rapazes da Banda Atitude Positiva, de Conceição da Barra.

O grupo composto por Juninho (percussão), Saulo (voz) e Guilherme (baixo) surgiu em 2010 e o trabalho tem por influência sons trazidos por bandas e artistas consagrados tais como Ben Harper, Bob Marley, Red Hot Chili Peppers, Ziggy Marley, kid abelha e O Rappa.

Hoje, a Banda desfruta do sucesso da música “Flor do Jardim” que foi lançada nas rádios com grande aceitação do público abrindo as portas para grandes shows.

Sucesso ao grupo e que possam estimular outros artistas barrenses a não desistirem do seu sonho!


domingo, 8 de junho de 2014

O dia que a Barra se entristeceu por completo

Me lembro como se fosse hoje, apesar de ter apenas 12 anos de idade: O então prefeito eleito, médico de muitas famílias barrenses, Dr. Aloizio Feu Smiderle, morreu num acidente automobilístico gravíssimo e com ele toda a sua família. A exceção, foi a filha do meio (ou mais velha), não sei ao certo, que não estava no veículo por morar na capital, destino onde a família iria encontrá-la. Sem dúvida um dos dias mais tristes já registrados em Conceição da Barra... Mas, no dia de hoje, um domingo, voltei a ter tal sentimento.

Por coincidência, vinha de São Mateus a poucos minutos do trágico acontecimento que ceifou a vida de 4 jovens barrenses. A tragédia aconteceu ontem, à noite, por volta das 23h. O mais velho e que dirigia o veículo, tinha apenas 21 anos de idade. Minha mulher, abalada mas acostumada a me ver registrar tudo, disse: Não vai fazer uma foto? Não! – respondi – não consigo fazer um registro desses... o carro onde estavam se resumia a um amontoado de ferro e latão retorcidos.

A gravidade do acidente foi tal, que o ônibus que transportava um grupo de religiosos, e que retornava ao seu destino (Pinheiros), foi lançado para fora da pista e 19 passageiros ficaram feridos, mas sem gravidade, exceto uma dessas pessoas, que ainda se encontra internada. 

Mas não quero dedicar esse texto ao fato em si. Quero me ater, como disse no início, à tristeza que se abateu por toda a cidade e, claro, não é para menos.

Peguei o carro hoje, domingo, e sai pela cidade e o que vi, tanto no olhar das pessoas quanto em suas palavras, foi apenas uma tristeza profunda, como se cada um daqueles jovens, fossem seus próprios filhos. Não há palavras que possa consolar a mãe e o pai desses jovens... é uma dor que não há possibilidade de descrever. Jamais esperamos que alguém que colocamos no mundo, se vá antes de nós, sobretudo com tão pouca idade. Mas, a vida é assim e temos que seguir em frente, apesar de tão intensa dor.

Decidi escrever este texto, não por função jornalística que a mim caberia, pois também é minha atividade; mas meu texto é de um pai de três amados filhos, um dos quais, o mais velho, era amigo desses jovens. Gostaria de alguma forma consolar os pais desses meninos, mas não tenho força, por isto, escrevo. Que o Senhor lhes dê a força necessária neste momento de tanta dor. Tão profunda dor, que até a natureza parece ter decidido se manifestar, conforme se pode perceber na foto que ilustra este texto.

Um dia profundamente triste e que não vai sair de nossa memória, como até hoje me fez recordar de outro tão trágico acidente quanto este e que levou, entre os demais, o meu colega de sala da 6a série, meu querido amigo Angelo Luiz Sagrillo Smiderle.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Setor norte da orla na Barra sofre com avanço do mar e descaso

Quem conheceu a Barra antes das obras de contenção da orla executadas pelo governo estadual anterior, diria que realmente estávamos fadados ao desaparecimento. Pelo menos, na parte atingida pelo mar.

No entanto, com a força popular, o empenho de empresários e o setor político local, resultou numa fantástica obra que possibilitou a proteção da cidade, sobretudo sua área histórica que contempla a Igreja Matriz entre outros prédios e residências que contam sua história, não apenas dos 123 de emancipação política, mas desde os tempos em que éramos apenas “Barra de São Mateus”.

De fato, foram R$60 milhões de reais que fizeram com que a esperança voltasse a fazer parte do vocabulário barrense. Coube ao ex-governador Paulo Hartung, ser o autor de uma das mais importantes obras de nossa história. Entretanto, é preciso relembrar que tal investimento, bem como, todo investimento feito por um governo, requer o acompanhamento e manutenção e esta responsabilidade cabe aos que o sucedem, pois é obra de governo e não de uma pessoa.

No nosso caso, o da orla, estamos vivendo um problema – no setor norte – que poderia ter sido evitado, se o governo atual (e me refiro ao municipal e estadual), tivesse cumprido o seu verdadeiro papel. Ao governo municipal atribuo o descaso e  ao estadual, o olhar insensível por se tratar, acredito, de uma obra do governo anterior e não é novidade para ninguém que “eles” não gostam de enfeitar o pavão alheio, preferindo obras com suas próprias digitais.

Penso que se não mudarem essa postura e olharem para os problemas enxergando pessoas e o seu patrimônio conquistado com muito trabalho e dignidade, na corrida de bastão que é a gestão pública, sairemos sempre derrotados. Espera-se responsabilidade de quem governa uma cidade, um estado ou um país, e posturas apequenadas pela vaidade só atrapalham o nosso desenvolvimento, tanto econômico quanto social.


O setor norte da orla de Conceição da Barra está ameaçado e com ele pousadas e residências de pessoas que também lutaram pela obra que resultou na revitalização do centro histórico. Portanto, que nos unamos em favor dessas pessoas e forcemos o poder público, em todas as esferas, a fazer a intervenção que sem dúvida nenhuma, requer recursos muito pequenos se comparados ao que já foi feito pelo governo anterior.

domingo, 25 de maio de 2014

Um ginásio inteiro de prepotência

Famosa por ter criado uma página no facebook para denunciar o descaso do poder público em relação à escola que estudava, a catarinense Isadora Faber, publicou um livro no qual narra sua experiência e o quanto sua vida mudou depois de sua iniciativa que gerou conquistas, mas, muitas agruras no relacionamento com professores, alunos e demais integrantes da escola. O livro tem por título “Diário de Classe – A Verdade”, tem 272 páginas e é uma publicação da Editora Gutenberg.

Jovem e determinada, Isadora é um exemplo de que não é o silêncio que permite mudar a nossa realidade. Em seu depoimento, muitos pontos são interessantes mas o que me levou a escrever esse artigo é sua declaração a respeito do que dizia a direção da escola quando ela questionava as razões das maçanetas quebradas, portas dos banheiros que não fechavam, pintura deteriorada, enfim, uma escola “detonada”, concluía Isadora. A diretora simplesmente explicava que era “culpa da licitação”.

Alguma semelhança com o que vemos em Conceição da Barra, inclusive em relação à falta de medicamentos? A “licitação”, essa desculpa esfarrapada que me faz lembrar o argumento dos bancários quando não se consegue fazer um simples pagamento de um boleto e logo dizem “o sistema está fora do ar”, para mim não faz o menor sentido, uma vez que se o processo licitatório é fundamental, é preciso antecipar os procedimentos para que não seja necessário utilizá-la como desculpa pela incompetência na gestão pública.

No caso específico da garota destemida de Santa Catarina que utilizou a internet para conseguir chamar a atenção de um problema que não é uma exclusividade daquela cidade, ela informa que apesar de não mais estudar lá, tem registros de que uma semana após suas denuncias terem ganhado a grande mídia, a escola foi reformada. A desculpa da licitação foi resolvida em tempo recorde. Mas será que é preciso alguém dizer o óbvio para que problemas como este não custem tanto para a comunidade e em certos casos, até mesmo a população inteira de uma cidade?

Particularmente, venho cobrando do governo de Conceição da Barra providências em relação às obras intermináveis do Ginásio de Esportes que desde 2009, não funciona. Entre outros problemas de gestão existentes, venho utilizando inclusive do envio de notas em jornais de grande circulação no Estado, tal qual o jornal A Gazeta, para denunciar este descaso. Contudo, o setor de Comunicação da Prefeitura, ao responder ao jornal acerca de uma das queixas que registrei, utilizou palavras e acusações contra mim que de longe lembram a verdadeira função de um setor como este. Lamentável e inexplicável pois ainda estamos sob o regime democrático e é legítimo que o que é público esteja sujeito a críticas.

Por fim, espero que essas palavras estejam chegando àqueles que me lêem como ventos que sopram pela cidadania e saibamos que temos direitos e que se não os provocarmos, como fez a Isadora de Santa Catarina, estaremos mergulhados cada vez mais fundo no submundo da ditadura que é a marca do governo que infelizmente reelegemos em Conceição da Barra.