quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Reeleição e o atraso

Um dos maiores entraves ao desenvolvimento do nosso país é, sem dúvida nenhuma, a proximidade entre uma eleição e outra, razão pela qual vejo com bons olhos a volta do mandato de 5 anos no Poder Executivo, sem reeleição.

As decisões que requerem coragem, inclusive de perder votos, sobrepõe a da necessidade de fazer o que é preciso, adiando e empurrando o abacaxi para o próximo gestor que, via de regra, também não toma a decisão, pela mesma razão.

A solução não é fácil mas falar sobre isto é bom, afinal, é de um discurso que nasce a prática, ainda que leve muitos anos para ser executada.

Carlos Quartezani

domingo, 3 de dezembro de 2023

Prostituição partidária

A filiação do ex prefeito da Serra-ES, Audifax Barcelos ao PP, partido com residência fixa na Direita, depois de ter se desfiliado da Rede, é uma evidência clara de que não tem alguma coisa fora da ordem, mas está tudo fora da ordem.

O interesse particular e em muitos casos de grupos que não tem outro interesse senão o poder pelo poder, se generalizou e o ingrediente fundamental para o sucesso dessa empreitada, é claro, chama-se polarização.

Esse fenômeno, a polarização, que inclusive não é invenção brasileira mas aqui isto foi assimilado com paixão avassaladora, não permite que as pessoas avaliem os fatos com um mínimo de racionalidade. 

Literalmente não faz a menor diferença o partido político ao qual o indivíduo é filiado. Se ontem estava na esquerda e hoje está na direita, os votos são encaminhados de acordo com o soar do berrante, que diga-se de passagem é tocado tanto na direita, quanto na esquerda.

O estelionato eleitoral inicia na filiação partidária e o povo depois que os elegem, fica lamentando ter sido enganado. 

Diga-se de passagem, a ignorância política induziu muitos eleitores com perfil de direita, a votarem no Senador Fabiano Contarato, mesmo estando muito clara sua inclinação â esquerda evidenciada por sua então sigla partidária, a Rede Sustentabilidade.

O conceito do "eu voto na pessoa e não em partido" está nos levando à total desordem política e estabelecendo como regra a prostituição partidária, um triste fim para uma instituição que foi criada para ser o instrumento da democracia.

Carlos Quartezani


domingo, 26 de novembro de 2023

O racismo e as palavras

Uma mentira repetida muitas vezes ganha contorno de verdade e nos distancia muito da possibilidade de conhecer a verdade. É como na alegoria da caverna, de Platão, na qual os indivíduos limitados a sua realidade, ignoravam haver outra e assim permaneciam, sem o privilégio de sentir o valor e o calor do sol.

Este preâmbulo é para tratar de um tema que ainda é recorrente no nosso cotidiano, embora, é preciso reconhecer, alguns avanços já houveram. Falta muito, mas estamos caminhando.

Me refiro ao racismo que de tão arraigado na nossa cultura, afinal foram mais de 400 anos tratando seres humanos como bichos, ficou extremamente difícil de estirpá-lo definitivamente de nossas consciências e de nossas atitudes. Uma doença que infelizmente, herdamos.

Nem é preciso testemunhar alguém "de cor" (como eram classificados os negros) sendo especialmente revistado na entrada de um estabelecimento - enquanto os "sem cor" passam sem muito rigor neste aspecto - para perceber que a "caverna de Platão" está em nosso tempo, mais presente do que nunca.

A luta dos povos afrodescendentes em solo americano ainda é muito grande, apesar de todos os avanços e essa discriminação, latente, se percebe em gestos que sequer nos damos conta. Palavras, que para muitos soam como "mi-mi-mi" de quem está procurando pêlo em ovo, evidenciam esse problema crônico em nossa sociedade.

Não nos damos conta, só para exemplificar, o quão ultrajante é definir como "a coisa tá preta" ao nos referir a uma situação difícil que passamos ou quando queremos explicar que alguém nos difamou, é comum usarmos a expressão "denegrindo a minha imagem" e por aí vai. 

São muitos os exemplos de que o racismo não sai da gente, mesmo que nos esforcemos ao máximo para isto.

Como eu disse, já foi pior. No entanto, o esforço para continuar avançando é necessário, do contrário, continuaremos involuntariamente contribuindo para que o nosso país não alcance a condição de desenvolvimento que desejamos e merecemos, pois no que se refere a se desenvolver, o aspecto humano é tão importante quanto a economia ou qualquer outro indicativo.

Não se trata de minimizar as palavras que usamos como se não fosse algo importante. É das palavras que se revela quem nós somos e as atitudes são concretizadas por meio delas e quando elas, as palavras, são lançadas, não voltam mais.

Carlos Quartezani

26/11/2023

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Agir aqui

O Greenpeace, entidade não-governamental que tem por objetivo ações em defesa do meio ambiente em nível global, tem um lema muito interessante e que precisa ser objeto de reflexão para todos nós. 

O lema é "Pense global e aja local"!

Pode ser que as palavras não sejam exatamente essas, já que não domino outro idioma a não ser o nosso (embora cometa erros invariavelmente). Contudo, significam algo que percebo temos a estranha mania de fazer o contrário: Pensamos local e na hora da ação, nosso foco é o global, se é que pode-se chamar de ação ficar xingando este ou aquele líder de outro país, nas redes sociais, por não concordar com seu governo...

Por mais que eu me compadeça com os problemas da Venezuela, o Haiti, as guerras aqui e acolá, terremotos, maremotos, vulcões, tsunamis e etc... Qual o sentido tem em me dedicar a tais causas, tão distantes de onde vivo, se ao meu lado tem gente sendo assassinada cruelmente, por motivos torpes ou irrelevantes, e não me disponho a contribuir com a minha sugestão e principalmente, participação na busca por algo que possa reduzir esses dilemas?

Discutimos com voracidade os problemas alheios e não temos tempo em nossas agendas para uma reunião de bairro, cujo objetivo é unir forças com as autoridades para reduzir a criminalidade, por exemplo.

Ninguém é tão forte quanto todos nós juntos, mas se continuarmos focados em algo que o máximo que podemos fazer é especular sobre quem tem ou não tem razão em determinados conflitos no mundo, continuaremos com os nossos conflitos locais graves porque a nossa atenção está voltada para aquilo que não temos nenhum poder de resolução.

Agir local e pensar global!

Carlos Quartezani

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Eu quero paz

O Brasil é um país pacífico e a sua participação na 2a Guerra Mundial se deu por pressão política dos EUA que ao entrar no conflito, precisava confirmar sua quase hegemonia nas Américas.

Quando o Presidente do Brasil declara que Israel está sendo terrorista, tal qual o grupo terrorista Hamas, atingindo gente inocente na Faixa de Gaza na Palestina, não faz mais que sua obrigação enquanto líder de um país de natureza pacífica.

Não se trata de apequenar a política e dizer que tudo o que o governante faz não é correto, mas de analisar cada gesto e tirar uma conclusão racional, sem o ranço provocado por essa polarização nociva que vive o nosso país.

Que a paz invada os corações, seja aqui, no Oriente Médio e no Mundo!

Carlos Quartezani

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Paixão avassaladora

Muito comum na idade adolescente e jovem, as paixões remetem ao descontrole, desequilíbrio emocional e em alguns casos até um final trágico. Muitas dessas paixões, inclusive, ao longo dos séculos, inspiraram escritores a produzirem obras para o teatro, livros, novelas que não saem da memória de muita gente.

No entanto, quando esse sentimento migra para a política e acerta em cheio o coração de adultos, o descontrole ganha contornos ainda mais sérios, pois não atinge apenas o casal envolvido (como no caso dos adolescentes e jovens) mas toda a sociedade. A paixão dá subsídio ao ódio e dificilmente alguém ganha com isto.

Na esteira desse ódio, vem a insanidade que se revela em divulgação de fatos inexistentes, ou sem a devida contextualização, provocando, além de mais ódio, o pior dos males que é a informação distorcida, muito pior que a desinformação.

É preciso tentar um melhor controle sobre as paixões. No final, as melhores e mais importantes decisões são tomadas pela razão e contra este fato, é muito difícil encontrar argumentos.

Carlos Quartezani

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

São tantas emoções

Se a política fosse utilizada realmente para o fim ao qual foi criada, nosso país estaria bem mais evoluído. No entanto, temos que considerar que somos muito jovens, em termos de existência enquanto Estado, e muito se avançou nesses 523 anos, partindo do pressuposto de que o "descobrimento" é o nosso referencial.

A parte negativa desse, digamos, atraso, é que as pessoas são manipuladas e são convencidas que governar é um ofício fácil e que basta ser honesto e tudo dará certo. Sim, honestidade é imprescindível, mas se não vier acompanhada de outras virtudes, será mais um "honesto" que entrou e saiu como "desonesto", muitas vezes sem sequer ter um teto para morar.

Penso que pode chegar um tempo em que poucos se interessarão pela vida pública pois, na medida em que perceberem que não é um oásis, corremos o risco de voltar ao totalitarismo e assim, pensar será proibido e agir então, será motivo para sofrer penas que incluem até a morte.

Eu sigo acreditando na democracia mas as pessoas precisam compreende-la melhor e tratarem os temas sob um olhar mais racional e um tanto menos emocional.

Carlos Quartezani

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Política uma dádiva humana

A política é um mecanismo criado pelo homem que se viu num dilema envolvendo sua própria existência: Os conflitos eram resolvidos à espada. 

A solução, tendo como única ferramenta a espada, não apresentava um resultado satisfatório. A tendência seria, certamente, o extermínio da raça humana. Daí surge a política, da necessidade de se ter solução para os conflitos, sem o alto custo de vidas humanas. 

Nem sempre foi possível soluções pacíficas, a partir do exercício da política e a prova disso são as mais diversas guerras, seja entre países ou até mesmo no próprio país, as chamadas guerras civis.

Contudo, antes da política, não havia qualquer possibilidade de se estabelecer um acordo entre as partes. A política foi quem trouxe essa possibilidade.

Embora pouco valorizada nos tempos de hoje, a política não perdeu sua importância, pelo contrário, nunca se fez tão necessária. Seu valor questionado, fruto do pouco ou nenhum esforço dos que deveriam enaltecê-la, via de regra se revela nos momentos de crise. É como um guarda-chuva que você esquece em qualquer lugar quando não está chovendo, mas lamenta quando não o tem a mão no tempo chuvoso.

Em tempos de graves conflitos entre países no mundo e entre cidadãos no Brasil que erroneamente acham que política é duelo mortal, deixo a reflexão sobre a importância da política como o mecanismo de paz, de construção de acordos cujo objetivo mor, é uma sociedade livre, justa e próspera.

Que sigamos em frente, lutando no campo das ideias, divergindo e convergindo, mas nunca nos esquecendo que o mais importante, é a nossa perpetuação enquanto raça humana.

Entender e praticar a política é uma obrigação de quem compreende o seu papel no processo civilizatório da humanidade.

Carlos Quartezani

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A cidade do já teve

Vou tratar de um tema aqui e espero que as pessoas que lerem o texto, o encaminhem como algo que sugere reflexão e não uma crítica ácida pois não é este o meu perfil e nem muito menos, meu objetivo.

Estou fora da cidade já há algum tempo mas não me desvencilhei afetivamente de Conceição da Barra, por isto os fatos continuam sendo do meu interesse, principalmente quando retrata algo que precisa mudar, para o bem da cidade.

O fato ao qual me refiro e logo você entenderá onde eu quero chegar é o encerramento das atividades do clube social Aldeia, um espaço privado e que infelizmente não viu saída para a sua permanência.

Não se trata de apenas um espaço de lazer que fecha, um fato normal para quem conhece um pouco sobre investimentos e o vínculo que existe entre sua existência e a viabilidade. Não, não é simples assim. Trata-se de mais um sintoma de que algo não vai bem e o reflexo se vê também na viabilidade de um clube social.

Quando estaremos prontos para admitir que sem uma mínima união, sem brigas pessoais que não nos levam a nenhum lugar e sem a visão de que não temos mais condições de tratar o que é profissional com amadorismo, o sucesso ficará a cada dia mais distante da cidade que nasceu de um beijo?

Sinceramente, é muito difícil assistir a tudo isto, entra ano e sai ano, sem no mínimo expressar preocupação e tristeza. 

Ainda que saibamos que nem tudo é papel do governo, afinal tem uma dose cavalar de indiferença de certos setores da sociedade, cabe sim, aos eleitos, serem fonte de inspiração e principalmente, o exercício da inteligência, para canalizar recursos aonde haja possibilidades de geração de emprego e renda, sem as quais, não existe viabilidade, nem para um clube e nem para nada.

O povo, por sua vez, precisa entender que investimento em eventos não é "dinheiro jogado fora", frase que escuto rotineiramente acompanhada sempre da indefectível frase "tem que investir em educação e saúde". 

Evidente que educação e saúde são fundamentais, mas se não houver investimento público em setores que gerem emprego e renda, a educação e a saúde falecem pois é através dos impostos gerados por quem consome, que surge o investimento para esses setores fundamentais.

O clube Aldeia, para ficar bem claro aos que me lêem, de fato nada tem a ver com o poder público, no entanto, sempre que um prestador de serviços fecha as portas, o problema é bem mais complexo do que o que envolve a gestão desta prestadora de serviços.

Não tenho conhecimento detalhado dos motivos que levaram ao fechamento do clube, mas por ser um observador atento, tenho quase certeza que algumas das razões foram abordadas neste texto, que compartilho com aqueles que me acompanham neste democrático espaço chamado rede social.

Carlos Quartezani

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Liberdade, abre as asas sobre nós

Hannah Arend't, filósofa judia que destrinchou o fenômeno do totalitarismo e o condenou como uma involução da raça humana, afirmava que a política é a ação em favor do convívio em sociedade e que o silêncio, diante do absurdo, alimenta aquilo que mais queremos evitar.

A crueldade do totalitarismo, cuja referência maior do século XX foram os nazistas na Alemanha e os comunistas na Rússia, é que tem por instrumento aniquilar o pensamento, a capacidade de fazer o julgamento e assim, a partir do seu julgar, escolher o que entende ser o melhor para todos.

O totalitarismo anula o ser humano naquilo que lhe é mais caro, mais sagrado, que é a liberdade de fazer escolhas. 

Que a liberdade de fazer escolhas abra as asas sobre nós e democraticamente possamos gritar aos quatro ventos que somos de fato livres.

Carlos Quartezani

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Escrito nas estrelas

Eu sempre defendi o parlamentarismo porque acredito que o poder concentrado, neste caso no poder Executivo, aumenta as chances do erro ao passo que quando essa decisão é compartilhada, as chances de acerto são maiores.

O preâmbulo desse texto é para que o leitor compreenda claramente o meu ponto de vista a respeito de um problema em Conceição da Barra-ES que não é novo, mas que poderia já ter sido pelo menos amenizado, se o Parlamento tivesse o poder de fato e não apenas de direito.

Ocorre que com o avanço do mar, uma realidade que se verifica em todo Globo terrestre mas em especial no nosso país e mais especificamente ainda no nosso Estado, persegue a cidade que nasceu de um beijo e mesmo com uma importante obra de contenção no governo Paulo Hartung, o problema perdura, já que essa contenção que impediu a destruição do centro histórico da cidade, refletiu em outra faixa da praia, a saber, o bairro Guaxindiba.

Pois bem, voltando a questão inicial e que me provocou a escrever o presente texto, o avanço do mar revelou mais um problema e que poderia ter sido evitado, se a atividade parlamentar não fosse uma mera formalidade.

Ocorre que uma escola foi construída, no governo municipal anterior, justamente nesse bairro onde o possível reflexo da contenção poderia ocorrer. O resultado é que um volume muito grande de recursos públicos agora estão ameaçados, caso o mar se aproxime mais de onde a escola foi construída.

A função do Parlamento, além de fiscalizar o poder Executivo é propôr, discutir, analisar viabilidades e chegar a uma conclusão em conjunto com os outros poderes, sobre o que é mais apropriado fazer. Enquanto for apenas uma atividade de pouca relevância e o poder supremo é apenas do Executivo, pouco ou nada mudará no tocante à redução dos erros.

Agora é pedir providência divina, já que faltou aos seres humanos a coerência tão fundamental, sobretudo quando envolve dinheiro público.

Carlos Quartezani

terça-feira, 18 de julho de 2023

Democracia ou ditadura do ilusionismo?

Há tempos venho querendo abordar esse tema, sob esse viés, mas receava ser mal interpretado. Por ser um democrata convicto, corro o risco de ser considerado um "traidor" da democracia ao fazer tal abordagem, mas, vamos lá, quem está na chuva não deve temer se molhar.

Qual o sentido de enaltecer a democracia se estamos amarrados num sistema que consiste em eleger, para os mais importantes cargos públicos, pessoas que por apresentarem uma personalidade destoante da maioria, consegue se destacar e convencer as massas de que é o melhor representante político?

Não se pode negar que por diversas razões, dentre estas a nossa frágil formação política, escolhemos sempre pessoas que não tem sequer condições de debater a proposição de uma Lei, pois não teve este aspecto exigido quando se estabeleceu as regras para disputar uma eleição.

O resultado é, em muitos casos, alguém manipulável cuja incapacidade intelectual gera o ambiente de "mandato de faz de conta", já que este não tem vontade própria e quando tenta fazer prevalecer a vontade do seu eleitor, o resultado nem sempre é compatível com o que este eleitor de fato precisa, para melhorar sua vida na comunidade.

É certo que a democracia é o melhor sistema, já que sem ela imperaria o autoritarismo. Mas, o que faremos contra esse "autoritarismo" velado, travestido de democracia, que é o político sem ideias ou projetos que simplesmente se aproveita de sua eventual fama, para se projetar nos ambientes de poder?

Com a popularização da internet e suas redes sociais, esse problema se ampliou e tornou-se praticamente incontrolável. 

Quem não se lembra do homem em situação de rua que foi acusado de abusar de uma mulher em seu próprio carro, que viralizou na internet e foi levantada a hipótese do mesmo disputar uma eleição, por conta de sua fama repentina? 

E um outro caso emblemático foi a enfermeira que recebeu a primeira dose de vacina contra a COVID 19 e foi rapidamente procurada por partidos políticos, para filiação e possível candidatura.

Se não ficarmos atentos a isto estaremos enxugando gelo e jamais sairemos dessa condição de país em desenvolvimento, cuja representação política revela que é possível confundir democracia com ditadura do ilusionismo.

São Mateus-ES, 18/07/2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 4 de maio de 2023

A lógica do absurdo

O controle social, que tem por principal agente o cidadão, é o único mecanismo capaz de assegurar sintonia entre o interesse da coletividade e a ação do representante nas esferas de poder.

O imediatismo, a velocidade que se é exigida em tudo que cabe ao ser humano fazer, impede esse fundamental "controle social" pois demanda participação efetiva e com qualidade. 

Não se pode confundir participação com brigas muitas vezes desnecessárias e que dificultam ainda mais encontrar a solução para o problema.

A formação política do cidadão é o fundamento de uma pólis (cidade) bem governada. Quando o que se exige do poder público tem cabimento, está alicerçado no direito que o assiste e tem orçamento que o sustente, é natural que se obtenha êxito. 

Contudo, se o absurdo é matéria-prima para o aparecimento de personagens "folclóricos" que prometem o céu na Terra, fica impossível chegar a algum lugar. O absurdo é destaque e ganha muitas curtidas nas redes sociais, logo, o que importa é o absurdo, lamentavelmente.

Acredito que o educador Paulo Freire está correto quando atribuí à educação a liberdade do homem. Ninguém é realmente livre se não sabe identificar o que é melhor para si e a comunidade da qual faz parte e esta faculdade, pertence àquele que busca, através do conhecimento, as respostas para suas perguntas.

A ignorância está nos vencendo, mas ainda há esperança. Educação liberta!

São Mateus-ES, 04/05/2023

Carlos Quartezani

sábado, 22 de abril de 2023

Justiça, um caminho complexo

Algo que é inerente ao ser humano e a intensidade varia conforme a cultura de cada lugar, é a dificuldade em distinguir justiça de vingança. 

A linha que os separa é tênue, pois um está ligado intrinsecamente ao direito positivo, uma obra humana e o segundo, a vingança, tem sua estrutura no direito natural exigindo assim mais que técnica para a interpretação que mais se aproxime de justiça.

O caso do ex pastor Georgeval, recentemente resgatado na mídia em virtude do seu julgamento no qual foi condenado a 146 anos de prisão, despertou mais uma vez esse debate no que se refere ao tempo que um condenado pode permanecer atrás das grades. É apenas um exemplo. Não pretendo me aprofundar nas minúcias do caso pois tenho meu juízo formado a respeito.

Não sem razão, tendo em vista se tratar de um crime hediondo e envolver crianças e as pessoas em geral não tem uma visão processual dos fatos, se indignam em saber que embora a sentença determine 146 anos de prisão, o réu não poderá ficar lá mais do que 25.

O motivo disso é que por já ter cumprido 5 anos de reclusão e a nossa Lei Penal, na data em que o crime foi cometido, estabelecia que ninguém deve ficar mais que 30 anos em reclusão, resta ao condenado então "apenas" mais 25 anos e assim terá cumprido integralmente o que determina sua sentença condenatória.

Em 2020 essa Lei endureceu um pouco mais, ampliando o limite máximo de prisão para 40 anos. A partir da vigência dessa nova lei penal, ou seja, 2020, quem cometer um crime, for julgado e sentenciado, terá como período máximo de reclusão, 40 anos privados do convívio social.

Há propostas de ampliação para 50 anos o tempo máximo de prisão, porém os argumentos contrários e que se sustentam na incapacidade do Estado em suportar o já caótico sistema prisional, tem muita força entre os parlamentares. Não terá muitas chances de passar no Congresso, mas impossível não é.

Vejam, e já sendo repetitivo, o meu objetivo ao escrever o presente texto, não é fazer um juízo de valor sobre o crime citado e nem muito menos o sentimento das pessoas a este respeito. A indignação é parte importante para que haja um equilíbrio nesse sistema que embora tenha a pretensão de obedecer a uma certa lógica metodológica, não está imune às reações das pessoas em relação a sua funcionalidade. 

Se as pessoas não aprovam, é preciso rever os conceitos. Tudo é passivo de mudanças e a indignação popular, embora não possa ser considerada a única razão, não deve ser desprezada mas meticulosamente analisada pelo legislador.

É preciso avaliar o quanto se pode ainda avançar na adequação de um sistema que efetivamente produza o efeito necessário e assim, aquele que errou, não erre mais. Caso erre, terá muito mais tempo para refletir longe do convívio em sociedade. Do contrário, seremos forçados a considerar o retorno do "olho por olho, dente por dente", em resumo, a barbárie.

Sou a favor sim de que se amplie o tempo de prisão, sobretudo nos crimes de natureza hedionda e vou além: 

"Que não haja possibilidade de que o comportamento prisional, possa ser argumento a se considerar, na redução desse tempo de reclusão".

O mínimo que a pessoa deve ter para conviver socialmente é saber que o seu direito fundamental à vida, também vale para o outro. Simples assim.

Respeitando as opiniões contrárias, encerro este texto lembrando ao leitor que nessa mesma linha de raciocínio, que tem por fio condutor a eficácia da punição como medida de enfrentamento a violência, defendo também o pleno direito de defesa. 

Mesmo recluso, acredito que aquele a quem o Estado julgou e condenou, poderá sempre ter a oportunidade de provar o contrário, que não cometeu o crime ao qual lhe foi atribuído e assim, voltar ao convívio social.

São Mateus-ES, 22 de Abril de 2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 9 de março de 2023

O investimento certo

A esquerda conhece o caminho para que o alimento chegue ao mais pobre, mas será este o maior desafio que temos? Nós temos que aceitar tranquilamente que nosso grande e eterno compromisso enquanto sociedade, é dar o alimento ou criar o ambiente para que a população possa, apenas, comprar esse alimento?

Afirmo e reafirmo que NÃO! Como denunciava em alto e bom som uma das bandas de rock mais celebradas nos Anos 80, Os Titãs, "A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA; A GENTE COMIDA, DIVERSÃO E ARTE ".

Ainda hoje é assim e sempre será assim. É preciso INVESTIR mas na mais pura e verdadeira acepção da palavra. Investir!!! Que significa empenhar recursos e/ou mão de obra em algo que dê um resultado satisfatório para sair do ponto A e ir para o ponto B. Por enquanto estamos andando em círculo.

Neste momento, quando o investimento acontece visando o bom resultado, mudamos tudo, não apenas a nossa vida mas a vida em sociedade, cujos membros passam a se ocupar mais com o que importa, trabalhando, no lugar de ficar se agredindo uns aos outros, e, não raro, terminando em tragédia.

É fundamental que as pessoas compreendam que quando se fala em investir por exemplo em EDUCAÇÃO, não se trata apenas de comprar computadores, reformar o ginásio de esportes, melhorar a merenda entre outras coisas também importantes, mas tornar a atividade profissional de ensinar a mais importante da Nação. 

Por mais importantes que sejam os cargos tais como Presidente, Vice Presidente, Senador, Deputado, Governador e Vice, Prefeito e Vice e o Vereador, não competem com a importância que tem o professor, no que se refere ao poder de mudar os rumos de um lugar. Mas, quem o cidadão quer ser quando se avalia a remuneração? Os cargos que eu citei ou o de Professor?

Certamente, não tem muitos sonhando em ser aquele vizinho ou vizinha, que sai cedo para o trabalho e quando volta, vai corrigir provas e avaliar trabalhos para a nota do bimestre. Não tem, mas se tiver dá para contar com os dedos das mãos.

Para alimentar um povo com comida é fácil. O difícil é mostrar o caminho, para que a fome nunca mais seja o fator motivador que levam pessoas sem nenhuma capacidade administrativa a achar que tem a solução de todos os problemas que vive um país. Noção básica para saber aonde investir com maior probabilidade de bons resultados para a sociedade, muito menos e ainda convence outros tantos nesta falácia. 

São Mateus-ES, 07/03/2023

Carlos Quartezani

segunda-feira, 6 de março de 2023

O Vereador xenófobo

A função pública, cujo cargo é conquistado por meio do voto popular, deveria ser mais criterioso. Ser brasileiro, maior e saber ler e escrever, nunca foi suficiente.

Recentemente, um vereador de um município do estado do Rio Grande do Sul, em seu discurso na defesa da mão de obra local em detrimento dos baianos que migram para lá, em busca de oportunidade de trabalho nas vinícolas, proferiu um discurso de ódio no qual classificava o estado da Bahia como "lugar onde o povo vive na praia batendo tambor".

Se fosse numa mesa de bar ou numa esquina qualquer, ainda assim seria inconcebível. No entanto, no uso das prerrogativas de vereador, que tem liberdade de se expressar mas não liberdade de ofender quem quer seja (muito menos uma população inteira de um estado da federação), é um ultraje.

É preciso repensar o sistema que permite que loucos ocupem os espaços públicos. Os partidos, principalmente, precisam ser responsabilizados por darem legenda a qualquer pessoa que tenha popularidade, sem se preocupar que princípios básicos da República façam parte do conjunto de valores que tenha aquele candidato.

Não mudaremos nada se não mudarmos o modo de fazer as coisas. Isto vale para qualquer área da vida e inclusive para o processo eleitoral no nosso país. Enquanto se mantiver os atuais critérios, seremos um país do eterno "em desenvolvimento" porque se desenvolver começa pelas mentes que nos representam e se essa representação é sofrível como esse vereador gaúcho, estaremos sempre dando um passo prá frente e dois para trás.

Espero que seus pares o cassem pois o lugar dele não é no Parlamento, onde deveriam estar pessoas que debatem soluções para o bem comum e não suas preferências, principalmente se forem macabras como é o caso.

São Mateus-ES, 06/03/2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Uma população desequilibrada e armada

Seis adultos e um adolescente foram mortos numa cidade do estado de Mato Grosso, na última terça feira, por conta de uma derrota no jogo de sinuca.

Os dois atiradores, após perderem 4 mil reais numa aposta, atiraram e mataram as pessoas. Consta no relatório policial que a aposta perdida e a chacota, provocaram a atitude dos criminosos.

Já no nosso Estado, o Espírito Santo, um caso menos lamentável, já que não houve vítimas, um jovem armado dispara várias vezes para o alto assustando e dispersando a multidão que participava de um bloco carnavalesco. Ninguém se feriu.

Uma das razões que me motivam a escrever sobre esse tema, é que por mais que os defensores do porte e posse de arma justifiquem sua posição, o argumento perde potência quando se recorre a um outro argumento, mais potente ainda: O temperamento das pessoas, em muitos casos, surpreendente e estas portando uma arma, pode resultar em algo positivo?

Pasmem meus ilustres leitores, no primeiro caso citado (em Mato Grosso) os atiradores foram até o carro, pegaram as armas e foram atirar nas pessoas, sob uma forte pressão emocional, já que a perda do dinheiro na aposta veio acompanhada da chacota e para usar um termo muito em voga nos dias atuais, bullying. E o pior aconteceu.

Eu tenho minhas dúvidas se até mesmo os agentes que tem autorização do Governo para portarem uma arma, tem de fato condições de portá-las. Estamos vivendo um tempo desafiante e se não pararmos para refletir sobre alguns temas por muitos considerados definidos, a contabilidade de vítimas poderá continuar aumentando e sem expectativa de redução.

A vida tem valido pouco ou nada para muitos e a quantidade de armas de fogo circulando, pode intensificar ainda mais essa tragédia.

São Mateus-ES, 23/02/2023

Carlos Quartezani

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A intenção não é suficiente

Quem pode dizer que já tomou uma atitude com má intenção? É sempre uma "boa intenção" que leva pessoas a agirem numa determinada circunstância, visando no mínimo o seu próprio bem estar, portanto, a intenção era boa.

Já os resultados alcançados nem sempre são os melhores. Embora não se deva crucificar ninguém por ter agido com boa intenção, a prática pode trazer danos incalculáveis para alguém e só o fato de ter boa intenção, não vai mudar essa realidade e fazer as coisas voltarem ao seu lugar.

O nosso país tem vivido momentos bem difíceis envolvendo catástrofes relacionadas ao grande volume de chuvas. Inclusive, bem acima da média histórica. Só para ficar num exemplo, o caso deste fim de semana no litoral norte do estado de São Paulo.

Quando iremos ter gente responsável pelo governo das cidades que irão de fato agir para impedir que pessoas parem de construir aonde não devem, tendo em vista o alto risco de desmoronamentos com a ação das intempéries? A "boa intenção" está favorecendo a quem?

Embora o volume de chuvas tenha sido intenso, como já foi dito, o que trouxe infelicidade para muitas pessoas inclusive quem não tem suas residências em locais de risco, o exemplo que dou sobre não permitir construções irregulares está no topo das atitudes mais sensatas, mas que são as mais difíceis de se por em prática em virtude da precariedade da relação entre o líder e sua real função para a qual foi escolhido.

Tenho dito aqui ao longo da minha trajetória de "escrevedor" que o populismo vai nos destruir e não será lentamente como eu imaginava. Estamos caminhando a passos largos num processo que pode provocar o desaparecimento da raça humana, por conta do culto à ignorância.

A responsabilidade de liderar um povo implica em fazer o que é preciso, não importando se a princípio esse mesmo povo não entenda que a medida é para o seu próprio benefício. 

Não deveria ser permitido que governantes deixem de agir, por considerar que a determinação é impopular. Se agir com lógica, fundamentado em conceitos científicos, mesmo que não alcance êxito terá agido com sabedoria e não "boa intenção", que como diz o dito popular, o inferno está cheio.

Isto vale para todos, embora na política seja essencial.

São Mateus-ES, 22/02/2023

Carlos Quartezani

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Carnaval retrô

Seria muito bacana ter de novo aqui aquelas pessoas que passavam o carnaval na Barra, especialmente as que vinham por intermédio do lendário Bloco Pararai. Não é acepção de pessoas, mas precisamos resgatar o charme dessa festa já que não temos estrutura financeira (e nem o dinheiro público é para isto) para competir com o balneário vizinho.

O festival de verão foi a comprovação de que é possível tirar leite de pedra e transformar a cultura do trio elétrico, hoje sinônimo de violência (pelo menos na nossa região) em algo que famílias inteiras vão curtir, saboreando junto com filhos e netos o gostinho do carnaval retrô. Tem muitos problemas que para resolver, precisa buscar no passado a solução.

Ao meu ver o que é razoável e possível, seria atrair essas pessoas por via de nossos amigos que mesmo não morando em Conceição da Barra-ES, tem grande carinho pela cidade e sabe que nossa dependência econômica do verão e carnaval é muito grande. Mais uma vez, cito o festival de verão 2023, cujo modelo de atrações atraiu pessoas que não estariam na Barra se a proposta fosse outra.

Muito ainda precisa ser pensado e realizado para que possamos de fato ser uma cidade turística. Itaúnas, que fez o seu dever de casa, está anos-luz a frente, mas o município é o mesmo e a população tem que entender que é nas decisões políticas que poderemos encontrar o fio dessa meada.

O carnaval é nossa oportunidade de virar a página e começar de novo a nossa reconstrução!

São Mateus-ES, 12/02/2023

Carlos Quartezani

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Homens e máquinas

Excluindo o fato de que a política como ela é explora sempre a ignorância das pessoas e assim aumenta as chances de seus beneficiários alcançarem seus objetivos eleitorais, quando leio algo sobre a Lei Rouanet, de modo pejorativo, me pergunto até que ponto a exploração da ignorância pode chegar.

É evidente que uma mente com dificuldade de funcionar em sua plenitude não considera que valores intangíveis (como a arte e a cultura) sejam importantes. Para estes, a única coisa que importa é o dinheiro e o quê e quem ele pode comprar. 

Não passa por tais mentes que o dinheiro é efêmero e que valores culturais, por exemplo, são eternos. Para utilizar de um termo bíblico, ainda que apenas em sua parte "a" no livro de Mateus 4-4: "nem só de pão viverá o homem". Isto resume o que quero expressar.

É evidente que qualquer Lei merece revisões para o seu aprimoramento, como é o caso da Lei Rouanet. O alcance dela ainda é insuficiente e está muito atrelado ao capital. O empresário que topa financiar um projeto cultural para ter parte desse recurso devolvido, através de seus impostos, não quer financiar um desconhecido mas alguém famoso. O lucro não sai da visão dele, nem por um segundo.

No entanto, ainda que imperfeita é melhor ter uma Lei Rouanet que incentive ao menos as pessoas poderem ter acesso a um produto cultural e assim, quem sabe, termos uma sociedade menos caótica, do que não ter nenhuma Lei e o capital fique focado apenas nos seus iates, helicópteros, jatinhos, mansões, etc...

É preciso valorizar os talentos pois em tempos de Inteligência Artificial pode ser a única coisa que nos distinguirá entre homens e máquinas.

São Mateus-ES, 06/02/2023

Carlos Quartezani

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Quem ri por último

Quando adolescente, lá na escola de ensino fundamental João Bastos Bernardo Vieira, na minha Conceição da Barra-ES, vez ou outra um entrevero bôbo entre adolescentes terminava em uma briga "na saída", depois do "te pego lá fora". Divertia os que não estavam diretamente envolvidos e os galos de briga iam para casa arrebentados ainda correndo o risco de apanhar mais do pai, por ter se envolvido em brigas.

Mais pra frente um pouco, já na minha fase adulta, tive o desprazer de testemunhar fato semelhante, envolvendo um artista da música, que fazia um show na cidade - e eu como assessor de comunicação da Prefeitura - estava no palco junto com ele e sua banda.

Presenciei o seu divertimento quando, de súbito, duas mulheres iniciaram uma pancadaria lá embaixo, Deus sabe o motivo. Ele se divertiu, mas não deixou que o público percebesse, claro.

Esses dois registros que faço, em momentos distintos de minha vida, é para ilustrar o que pretendo discorrer sobre a política e o quão equivocadas estão as pessoas, em sua maioria, a este respeito.

Enquanto os atores principais, os interessados diretamente no poder, altos salários e privilégios "curtem" a confusão gerada no ambiente político (especialmente em períodos eleitorais), que em nada lembra o motivo pelo qual existe a política, os "figurantes" seguem sem ganho algum e invariavelmente ainda com um olho roxo, como acontecia na minha adolescência na escola ou nos shows com público alterado pelo álcool e/ou similares.

Nunca consegui me divertir com isto. Não acredito que a infelicidade de alguém pode ser a senha para a minha felicidade. Se o prazer de um indivíduo é a infelicidade do seu semelhante, realmente alguma coisa deu muito errada com a criatura de Deus.

Não se empolgue com pessoas cujo objetivo está atrelado ao seu envolvimento emocional, que depende de uma postura sua que remete à idolatria, no lugar da razão. Qualquer pessoa é digna de admiração por algo que fez ou pensa, porém, não de adoração. Este recurso, é dos tolos.

Seja livre para elogiar o que merece e criticar o que não é de bom alvitre. Ser politizado, por exemplo, é ser capaz de não confundir gostar da pessoa ou de suas ideias. Embora sejam indivisíveis, gostar de alguém, como pessoa, não é passaporte para abraçar sua ideias e quando se entende isto, deixamos de fazer parte de um sistema que privilegia apenas quem se diverte às custas das emoções alheias.

São Mateus-ES, 03/02/2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

O profissionalismo é bom e eu gosto

Seguindo um padrão que considero essencial para a realização de eventos, seja de pequeno, médio ou grande porte, Conceição da Barra-ES a exemplo do que fez no Festival de Verão, divulga com antecedência as atrações que o turista e o barrense terão durante a maior festa popular do país, o Carnaval.

Quem quer viajar, principalmente quando o objetivo é aproveitar as programações festivas que o destino oferece, precisa se programar e também é claro, verificar se o que está na programação o agrada. Ao divulgar a programação do Carnaval 2023, a cidade trata com respeito o turista e os proprietários das pousadas e hotéis, agradecem.

Me sinto muito confortável em fazer esse reconhecimento do profissionalismo do trabalho envolvendo a administração municipal, no tocante ao Turismo e sigo confiante de que se continuar esse mesmo empenho e dedicação, a cidade vai colher bons frutos no médio e longo prazo.

Reitero meus cumprimentos ao prefeito municipal, Walison Vasconcelos (Mateusinho), por ter encontrado as pessoas certas para estarem a frente do projeto. 

No mais, é aguardar mais um sucesso de público e de pessoas felizes por terem encontrado em Conceição da Barra, a cidade que nasceu de um beijo entre o rio Cricaré e o Mar, as razões para curtir o melhor carnaval de rua do Estado capixaba.

São Mateus-ES, 02/02/2023

Carlos Quartezani

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Turismo além da política

Muito embora as atividades do Poder público não guarde relação com lucro ou prejuízo, por não se tratar de atividade econômica mas sobretudo social, é mister que suas ações reflitam na qualidade da vida das pessoas na cidade, no estado ou no país.

Toda cidade que tem o seu ponto forte deve sim receber o apoio do poder público neste setor. Não se trata de financiar o desenvolvimento econômico, mas fomentá-lo através de iniciativas que devem estar previstas no orçamento público, aprovado pelo poder legislativo pertinente.

Assim se constrói a parceria dos sonhos, aquela que possibilita que a engrenagem funcione a todo vapor, possibilitando os resultados que a população quer, seja nos investimentos de infraestrutura, educação, saúde e outras demandas, mas também na geração de empregos, permitindo assim que cada um exerça o seu papel nessa tarefa que só pode ser conjunta e jamais isolada, nas costas de um só.

Dinheiro público não dá em árvores. É produto de impostos, portanto, para que exista o dinheiro público é necessário atividade econômica, sem a qual, a sociedade não progridirá e ficará eternamente tentando explicar se o biscoito tostines vende mais porque está sempre fresquinho ou se está sempre fresquinho porque vende mais (peço licença ao gênio que criou a peça de marketing do biscoito em referência).

Para exemplificar, quando o município de Conceição da Barra-ES decide investir nos eventos da estação verão, não pode ser interpretado como um recurso desperdiçado ou um investimento de pouco retorno. O turismo é um grande negócio e é preciso acreditar nisso.

No entanto, tão importante quanto mostrar para a população os benefícios desse investimento, de maneira clara e transparente, através dos números, é incentivar que haja outros parceiros nessa empreitada e assim custar menos para os cofres públicos.

Quando se divide o peso das cargas, fica leve para todos os que têm a função de carregá-las e o benefício deve chegar a todos, de igual modo.

Fica aqui minha proposta de reflexão, tanto para os que compõem o poder público municipal, quanto os demais setores da sociedade. O resultado dessa reflexão pode ser uma saída para essa dependência visceral do poder público para uma atividade que em muitos lugares desse país funciona com independência e muita qualidade.

São Mateus-ES, 27/01/2023

Carlos Quartezani

domingo, 15 de janeiro de 2023

Pais e filhos na mesma balada

Uma menina com prováveis 12 anos de idade, olhava para mim com expressão de surpresa ao me ver gritar dizendo que eu conhecia a próxima música a ser tocada pelo artista da noite, no trio elétrico em Conceição da Barra, a eterna cidade do amor de verão. 

Um sinal, para mim, de que os organizadores do Festival de Verão, acertaram no resgate dos bons tempos do verão Barrense, sobretudo pela possibilidade de duas gerações ou quem sabe três, estarem se divertindo na mesma "balada", para usar um termo bem moderno.

Se há alguns anos a cultura do trio elétrico passou a ser associada à violência, muito trabalho para os policiais militares e outros fatos desagradáveis, Conceição da Barra em seu Verão 2023, está provando que não é bem assim. 

Das oportunidades que tive para estar na minha cidade neste verão, o que eu pude comprovar é que é possível fazer uma festa bacana, tranquila e com muita gente feliz atrás do trio elétrico, sem se preocupar com a violência e, espero, que continue assim até o final da temporada.

As pousadas e hotéis lotados, restaurantes e lanchonetes a todo vapor e muitos, compreensivelmente, não dando conta e falhando no atendimento, são outros aspectos impossíveis de não perceber, fruto desse trabalho de resgate dos "velhos tempos da Barra" promovido pela administração municipal que tem como responsáveis o prefeito Mateusinho, o secretário de Turismo Roberto Malacarne e o promoter de grande relevância no Estado do Espírito Santo, o barrense Everson Barcelos.

Só posso dizer com toda segurança que no que se refere ao turismo em Conceição da Barra-ES, estamos iniciando um novo tempo e se conseguirmos unir qualidade nas apresentações, que são gratuitas ao público, boas acomodações, limpeza urbana e bom atendimento, toda a competitividade perdida para outros balneários pode ser recuperada e assim, teremos o turista de volta e a atividade turística de novo valorizada, afinal com o declínio da pesca e o fim das atividades de uma indústria alcooleira, no município, ficamos do ponto de vista econômico, muito carentes.

A hora é de acreditar no trabalho dessas pessoas que tem a função de resgatar a cidade para a sua grande potencialidade e o Festival de Verão desse ano, me encheu de esperança de ver minha cidade outra vez brilhando no cenário dos destinos mais procurados do Estado, especialmente na temporada de verão..

Conceição da Barra-ES, dias melhores verão!


São Mateus-ES, 15/01/2023

Carlos Quartezani

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O dever de casa

Para que o nosso sistema político e até mesmo os valores da República tenham chegado a esse nível de desrespeito, tem muitos culpados ao longo do tempo. 

Já passou da hora de rever conceitos, parar de jogar lixo embaixo do tapete (o tapete ficou menor) e definitivamente deixar de tratar tudo o que é público como se fosse privado, como se lhe pertencesse.

Quem escolhe a vida pública deve ter consciência de que o personagem "Lineu" do programa televisivo do passado - A grande Família - não é apenas uma figura folclórica, mas um profissional importante que sabe dos seus deveres e os cumpre, e não está sujeito a "negociações".

Se quisermos apurar minuciosamente o que está por trás desse lamentável episódio em Brasília, no último domingo, dia 8, saberemos que é muito mais que um bando de loucos praticando o impensável, mas os efeitos de uma sociedade que passou a conviver pacificamente com os erros, chegando ao cúmulo de achar que eram acertos e o resultado é a desorientação, principal razão daquelas pessoas agirem daquela forma.

Todas as Instituições devem colocar as barbas de molho sim! Não tem nenhuma "bem na fita" não. Os 3 Poderes devem ir para o divã e refletir sobre tudo isto e mudarem a conduta. Ninguém é perfeito e isto vale para as Instituições que, obviamente, é formada por seres humanos.

E quanto ao resto da sociedade, vigiai pois o interesse público, não pode ser confundido com o interesse de uma determinada camada da sociedade. Não se pode olhar o mundo apenas pelo viés do seu interesse, mas contemplar o todo. Infelizmente, o que se vê na grande maioria das vezes, são pessoas defendendo o seu próprio interesse como se o mundo, neste caso o país, girasse ao seu redor.

Tem dever de casa para todos!


São Mateus-ES, 12/03/2023

Carlos Quartezani

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Uma nova Direita

Com os atos ocorridos neste domingo, 8, em Brasília, acredito que teremos algum saldo positivo naquilo que parece ser só uma enorme vergonha para o Estado brasileiro.

Até bem pouco tempo atrás era impensável esse tipo de gesto, já que saímos de um regime repressivo, inauguramos uma nova Constituição e avançamos em tudo no que diz respeito a cidadania e a liberdade.

Até que infelizmente, ressuscitaram o fascismo e estamos, de novo, lutando para que ele não prospere e assim continuemos a ser uma nação livre, sem o terror próprio do autoritarismo.

Este saldo positivo, acredito, que seja a formação de uma nova Direita, uma Direita reformada, que traga para o centro do debate questões que de fato podem mudar os destinos do país, do ponto de vista político, econômico, social, ambiental e não esse bate boca sem pé e nem cabeça, que desencadeou esse gesto insano de gente que sequer sabe o que é patriotismo.

É preciso uma pauta realista para que a verdadeira direita possa defender seu ponto de vista - dentro das quatro linhas - exatamente conforme estabelece o Estado Democrático de Direito e não essa baderna, essa insanidade, que só tem provocado inimizades entre as pessoas, como se o governante do momento fosse um "deus" e tivesse obrigatoriamente de ser adorado.

Não! Não é assim e não deve ser assim. Tudo é questionável, tudo pode ser debatido. Ninguém tem o monopólio da razão, por isto é importante a liberdade. Porém, com ordem, decência e não essa balbúrdia que se transformou o ambiente político brasileiro.

Que venha uma nova Direita e que o debate evolua e as pessoas deixem de ser usadas, fazendo papel de tolos, como ocorreu neste domingo em Brasília. 

E mais: Punição para os responsáveis, direta e indiretamente. Sem punição, não haverá respeito de outras nações em relação ao nosso país.


São Mateus-ES, 10/06/2023

Carlos Quartezani

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Despertar a vocação é preciso

Se tem algo que eu gostaria que existisse no nosso país é algum mecanismo eficaz o suficiente para que nenhum jovem brasileiro parasse de estudar por falta de recursos financeiros.

Eu sei que hoje é menos difícil que na época que eu tinha 20 anos. Não existia o FIES e outros financiamentos que facilitam o processo para alcançar o nível superior, além das cotas que corrige algumas injustiças históricas do ponto de vista racial.

No entanto, mesmo com essas facilidades, esses jovens terão que pagar no futuro essa conta e isto cria desde já, uma pressão para que a escolha do curso esteja vinculada a apenas sua inserção no mercado de trabalho, não importando se aquela é ou não a vocação daquele jovem.

Enfim, ainda tenho esperança de que isto seja pensado e colocado em prática através das políticas públicas de governo e assim, no lugar de termos gente frustrada por ter sido obrigada a escolher uma carreira apenas por causa do dinheiro, teremos gente feliz por ter escolhido o que a sua vocação apontava e por consequência, uma boa remuneração em sua atividade, além de um serviço prestado com excelência.

Por essas e outras acredito que o ambiente Democrático possibilita esse pensar que vai além de uma lógica mercadológica e que tem transformado as pessoas em objetos da produção e não os protagonistas do desenvolvimento econômico e social do país.

Vamos em frente!

03/01/2023

Carlos Quartezani