quarta-feira, 16 de abril de 2025

Ouro de tolos

O suposto envolvimento do atleta do Flamengo, Bruno Henrique, indiciado pela Polícia Federal por que teria forjado situação para receber um cartão amarelo, em partida realizada pelo Campeonato Brasileiro em 2023 e assim, manipular jogos de apostas on line, escancara um câncer moral que não pára de crescer, que em metástase, atinge todo o tecido social dos tempos modernos. 

Qual a necessidade tem um jovem rico, que joga no futebol profissional num dos maiores Clubes da América Latina, em participar de algo que pode, caso seja comprovado o ilícito, levá-lo a uma punição severa e certa, já que a didática do ato de punir é justamente para que não se cometa o erro de novo, por ele ou por outros?

A investigação aponta que o jogador teria sinalizado a uns familiares que receberia o cartão amarelo e respectiva expulsão, na partida contra o Santos, clube paulista, atitude que desencadearia premiações aos apostadores que assim se posicionassem no jogo de apostas. 

Os valores, segundo as informações obtidas na imprensa esportiva, eram irrelevantes se comparado ao salário que o atleta recebe no Flamengo. Uma forte razão para que os debates acerca da ética, neste e em muitos outros casos que nos assombram especialmente nos dias de hoje, sejam seriamente travados e com urgência inegável. 

Existe um limite para o hábito de querer levar vantagem financeira em tudo, mesmo em situações inegavelmente desnecessárias?

É preciso destacar, claro, que ser indiciado pela Polícia, seja Federal ou não, não é sinônimo de ser culpado. O direito de se defender, um princípio constitucional, vale para qualquer cidadão brasileiro. No entanto, o que pretendo abordar aqui e o caso se revela emblemático, é a importância da sociedade como um todo atentar para esses casos que tornaram-se recorrentes, num tempo em que o "ter" virou regra absoluta e o "ser" apenas uma ladainha de quem parece viver no reino de Nárnia ou na Terra do Nunca, dos clássicos filmes infantis.

Algo precisa ser feito para que a geração atual e futuras, compreendam que ser ético é um fundamento elementar para uma vida social plena. Do contrário, o fundo do poço é logo ali.

Carlos Quartezani

terça-feira, 15 de abril de 2025

Tá difícil demais

Não sei quanto a vocês mas eu estou desanimado com a forma que os representantes dos Poderes do momento, estão confundindo GOVERNAR com tentativa de convencer que estão governando. É patético!

A sensação que tenho é que estamos vivendo uma era em que não importa se tem governo ou não, mas se os posts nas redes sociais estão tendo "curtidas" e "compartilhamentos" ou não. Não é por aí não, Vossas Excelências! É preciso descer do palanque. 

Não imaginava que o futuro que nos aguardava, na política, seria algo pior do que tínhamos há 20, 30 anos. Não importa para onde eu olhe, não vejo mudanças consistentes mas apenas "influencer's" com mandatos, tentando mostrar o caminho que não leva a lugar algum... complicado, muito complicado. 

A política é para quem tem coragem e não para pessoas que por conta do que captaram com o auxílio do algoritmo, diz ou faz aquilo que vai agradar a pseudo-maioria. Não se fie na Inteligência Artificial. Ela é Artificial!!!

Querem um conselho? Não??? Mas eu vou dar assim mesmo: Façam como a Rede Globo de Televisão com suas novelas "remake" e vasculhe o passado para ter o que oferecer de bom. Na natureza, e na vida, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, mas sem uma alma, como um ser humano pode transformar alguma coisa? 

Como dizia Cazuza e neste sentido ele errou - pelo menos na política - eu não vejo o futuro repetir o passado mas um presente que só se recorrer ao passado, para se ter consistência e resultado. 

Não pensei que pudesse tudo ser tão pior do que já foi um dia. Francamente, que realidade cruel e desanimadora. Deus, tenha misericórdia de nós!

Carlos Quartezani

domingo, 30 de março de 2025

A arte a serviço da vida

A relação do ser humano com a arte é sem dúvida nenhuma algo que o Estado, sobretudo o Democrático de Direito, deve considerar como algo fundamental. Ninguém aprende tanto e portanto tornando o mundo melhor, se não por meio da arte ou com o valioso apoio dela.

Recentemente fui impactado por uma produção cinematográfica, inclusive adoro a arte do cinema, em formato streaming, contando uma história de um adolescente de 13 anos que assassinou uma colega de escola a facadas. A minissérie é intitulada "Adolescentes".

A chocante história se passa na Inglaterra, o que aumenta minha perplexidade já que o país é de primeiro mundo e ocorrências como a que foi retratada no filme, está em geral associada a ambientes onde as pessoas são marginalizadas, passam por privações inclusive financeira e tudo isto acaba refletindo no caráter e na percepção de mundo das crianças e adolescentes, principalmente. 

Mas não meus caros amigos, o filme cuja tragédia realmente choca a ponto de todos os envolvidos se sentirem, em parte, culpados pelo crime cometido pelo garoto inglês (aliás, quem atua nesta personagem é um excelente ator mirim) sacudiu a mente de muita gente mundo a fora, por tratar-se de um problema muito grave e que poucos sabem que sequer existiam. 

Sim, diferente da geração Z, não nascemos com um celular nas mãos e tem coisas que demoram mais para que a percebamos ou que a encaremos como natural. O mal será sempre o mal, mas é muito pior quando não o identificamos ou demoramos a identificá-lo.

Por trás de um inocente jogo virtual ou diálogos codificados nas redes sociais, um e-mogi, essas carinhas e outros recursos disponíveis no mundo virtual, pode significar mais que um mero símbolo de conversas inocentes no celular. O mal pode estar se valendo de algo que ignoramos ou não damos a devida importância, por acharmos que educar e cuidar é apenas no sentido de matricular na escola ou levar ao médico quando está doente. É muito mais que isto, pode ter certeza!

Tem outros aspectos a serem observados no filme e certamente não pretendo abordá-los todos aqui, mas acredito que se fizer um esforço para compreender a finalidade de quem criou a história, poderá sim evitar muitas coisas desagradáveis ou até mesmo, como no filme, trágicas.

Carlos Quartezani

domingo, 16 de março de 2025

40 anos de democracia

No dia de ontem, 15 de março, o Brasil lembrou a data em que a redemocratização foi instalada no país. Após 21 anos, voltamos a ser um país livre. No entanto, quero aqui tecer alguns comentários a este respeito. 

Por mais que eu seja otimista, não posso deixar de considerar que o caminho que tomou os democratas, não foi o melhor. O que se viu, ao meu ver, foi um incentivo velado ao analfabetismo político, como forma de se manterem no poder. Os princípios que nortearam a vida de políticos como o Dr Ulysses Guimarães, não viralizou e o que tivemos foi algo bem ao contrário dele.

E o pior resultado chegou com a ascensão da extrema direita que percebeu que para garantir seu intento, teria que usar esse analfabetismo político, fomentado pelos democratas. Muitos não fazem a menor ideia do que era o país antes da redemocratização e defendem gestos que nunca deveriam ser apoiados.

Para exemplificar o que digo acerca do analfabetismo político, particularmente perdi a conta das vezes em que me senti totalmente sozinho, ao tentar falar de política com alguém, sem o viés da vantagem para quem me ouvia. É duro, por exemplo, entrar na casa de uma família para pedir o voto tendo como argumento apenas as palavras. Você sai da casa, outro entra e ao garantir uma benesse, nem se lembram mais quem é a pessoa que esteve lá antes. 

É isso mesmo, os 40 anos da democracia não tem muito o que comemorar, mas ainda continuo acreditando que com a formação política no contexto, teremos melhores resultados no futuro. Assim, espero!

Carlos Quartezani

domingo, 2 de março de 2025

Carnaval na Barra

Essa noite de sábado de Carnaval, tive a honra de ser fotografado com a famosa cake design Katia Quartezani, o advogado Jadison Quartezani e Rita Faria Costa, que para nós seus sobrinhos é quase uma mãe, principalmente por ter herdado a função de perpetuar uma tradição de nossa família em Conceição da Barra. O mingau do Pacotinho!

Para os mais jovens, a razão do "Pacotinho" é porque se tratava do apelido do meu avô, Manoel Faria da Costa, que era proprietário de uma pequena "Venda" próximo ao cais da Barra, onde vendia os produtos em pequenos embrulhos, em pacotinhos. Ele é o criador da receita do mingau de tapioca com leite de coco e açúcar. 

Espero que esse registro tenha lhe sido agradável de se ler... me sinto muito bem em ser parte de uma linda família que tem seus problemas, evidentemente, mas sempre com disposição de continuar, com dignidade, a merecer ser conhecida como uma Família Barrense!

Forte abraço e bom Carnaval!!!

Carlos Quartezani

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Biblioteca Professor Cunha Júnior

Para quem é natural de Conceição da Barra como eu ou escolheu-a para viver, sabe que a Biblioteca que me referi acima é onde se localiza o acervo histórico do município, bem como, diversas outras obras que fazem parte do universo literário brasileiro. 

Ali estava o nosso principal recurso quando nossos professores, nas décadas de 1970 e 1980, nos estimulava a fazer trabalhos de pesquisa. O cheiro dos livros parece estar presente, ao escrever essas palavras. 

Você que é dessa geração, a geração dos celulares, notebooks e outros equipamentos, não faz ideia o quanto esse ambiente era importante para nós. Claro que nem sempre, ou melhor dizendo, raramente o prazer de pesquisar assuntos na biblioteca era considerado melhor que uma partida de futebol na quadra do Centro Social (hoje a Sede da Comunidade Católica) ou na praia, mas é nesse ambiente de pesquisa que conseguimos nos formar e seguir em frente, com dignidade, nossa vida colegial, pessoal e profissional. 

Dito tudo isto e já caminhando ao meu objetivo, tomei conhecimento de que a nossa Biblioteca Cunha Júnior, fundada em 1969 no mandato do então prefeito José Luiz da Costa, o popular Zé Miranda, neste momento se encontra desativada e o motivo é a falta de um imóvel público para sediá-la.

Desde os velhos tempos, em que o acervo bibliográfico ficava no anexo à Escola Dr Mário Vello Silvares ou na Escola Professor João Bastos Bernardo Vieira, sempre houve uma atenção adequada por parte do poder público. Inclusive, a pouco tempo recebeu incentivo da empresa Suzano que fomentou o projeto da biblioteca Ler é Preciso, uma parceria entre o município, a empresa e o Instituto Eco Futuro. O projeto funcionava na Cunha Júnior.

Escrevo essas palavras para alertar os atuais mandatários do município, que embora estejamos vivendo tempos em que a modernidade tende a tentar substituir o que é antigo, o patrimônio histórico e cultural de um lugar não deve perder em importância. Negligenciar a história é negligenciar a alma humana e a característica mais forte da expressão "povo" é a sua alma.

Sei que num passado recente a biblioteca foi absorvida pela Secretaria Municipal de Educação. Louvável já que o mundo dos livros está diretamente relacionado à educação. Contudo, considerando o valor histórico que ela possui, razoável seria voltar a ser gerida pela Secretaria de Cultura, de onde a mesma foi originada, nos tempos do lendário prefeito Humberto de Oliveira Serra.

Se algum conterrâneo estiver lendo essas palavras e tenha alguma ligação e influência com nossos representantes, e, claro, se concordar comigo, colabore para que a Biblioteca Professor Cunha Júnior encontre abrigo e esteja disponível, como sempre foi, para aqueles que não abrem mão de ler livros físicos e valorizam a cultura de nosso lugar. 

Carlos Quartezani

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Gratidão

Uma palavra com enorme poder mas pouco utilizada, intitula este meu singelo texto reflexivo. Quanta falta faz o exercício da gratidão, cujos efeitos alcançam, claro, quem a recebe, mas mais ainda quem a exerce. É quase mágica!

Como você já deve ter percebido, sou um usuário contumaz de ditos populares, essas expressões que evidenciam o quanto o povo é sábio.

Quando por exemplo, os céticos dizem que gratidão "tem prazo de validade", os que conhecem o poder da gratidão têm certeza que não. Se aquele que apanha não esquece, imagine aquele que não apanhou porque alguém impediu? Este sim, é inesquecível. Claro que não me refiro a "apanhar" no sentido literal, mas às agruras que sofremos durante a jornada da vida.

Outro dia estava me lembrando de pessoas que há muito tempo, me abriram as portas, me oportunizaram com um trabalho quando eu mais precisei. Não se tratava de uma simples necessidade. Eu já era pai e minha esposa esperava o segundo filho. Mas fui contemplado e não tem como esquecer essas coisas e muito menos a pessoa que me possibilitou isto. 

Não posso citar nomes porque não é a pessoa em si que pretendo destacar com essas minhas palavras, embora tenha muita vontade de nominá-las. Talvez o faça algum dia aqui, se estes me permitirem. 

O mais importante e que pretendo neste texto chamar a sua atenção, é que por mais que o mundo se modernize e as pessoas necessitem ser mais práticas em suas ações, o exercício da gratidão continua funcionando como uma chave-mestre.

A chave que abre portas e algumas dessas são as mais improváveis, aquela que você nunca imaginou que fosse aberta para você. Depois de aberta, é só entrar e fazer o seu melhor seja qual for a atividade. Se você está ali, é porque você é necessário!

Não é sobre ensinar nada a você. Sou tão falho quanto qualquer um. Mas é sobre não esquecer daquele que lhe estendeu a mão. Certamente o que este espera de você não é um "pagamento" por isto, mas que você não quebre o elo dessa corrente, sem a qual, somos muito menos do que poderíamos ser.

Exerça a gratidão! A recompensa talvez não seja visível aos olhos humanos mas certamente Aquele que criou o Céu, a Terra e tudo o que há nela, não deixará passar despercebido. 

Carlos Quartezani

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Secretaria da Pesca

Um mandato no Poder Executivo, no nosso sistema que é Presidencialista, dá amplos poderes àquele que ocupa o cargo. O prefeito, o governador e o presidente da República realmente podem muito, não resta a menor dúvida. 

Mas não é sobre o sistema em si que venho discorrer aqui, mas sobre a importância de compartilhar as decisões, ainda que essa prerrogativa seja apenas do mandatário. 

Como a maioria da população deve estar informada, o acidente ambiental ocorrido no município mineiro de Mariana, trouxe consequências graves num enorme contigente populacional, levando as empresas envolvidas e o governo a fecharem um acordo que indeniza pessoas, estados e municípios. O acordo totaliza 170 bilhões de reais que paulatinamente serão depositados nas contas dos beneficiários. 

Por se tratar de recursos que irão para a esfera pública, ou seja, serão objeto de fiscalização dos tribunais de contas, do Ministério Público e a sociedade, é preciso uma alta dose de responsabilidade na aplicação desses recursos. Aliás, exatamente como é em qualquer outra conduta daquele que administra a res pública.

O Governo do Estado do Espírito Santo, por conta dessa responsabilidade que surgiu, decidiu criar uma Secretaria específica para gerir esses recursos. O Governo do Estado entendeu que a bacia do rio Doce, deveria ter exclusividade na aplicação desses recursos e com a aprovação da Assembleia Legislativa, criou o órgão. 

Trazendo agora o tema para minha região, especificamente Conceição da Barra-ES, que também receberá recursos vultosos - algo em torno 70 milhões de reais - precisa aproveitar essa singular oportunidade e dar ao setor pesqueiro a importância pública que merece. 

Ao meu ver a criação da Secretaria Municipal da Pesca nunca foi tão necessária e possível, já que os recursos advindos do acordo de indenização, tem por finalidade suprir as necessidades dos atingidos pelo desastre ambiental, que em sua ampla maioria são os pescadores. Outros foram atingidos, claro, mas especialmente o setor pesqueiro. 

O Vereador Leandro Paranaguá, o Leandro do Estaleiro, fez a indicação da criação da nova Secretaria Municipal na última sessão ordinária na Câmara e os seus pares aprovaram-na. Próximo passo será a anuência do prefeito municipal e as devidas providências para a implantação da Secretaria, com o envio do projeto a Casa de Leis. 

Se for realmente criada e o ocupante do cargo reúna capacidade administrativa e política, poderá fazer com que o setor, nevrálgico como é, se una e promova os avanços que certamente estão no radar de quem de fato entende e vive dessa atividade. 

A economia barrense tem na Pesca um importante aliado do desenvolvimento e acredito que havendo recursos, vontade política e participação social na escolha sobre o que farão com esse dinheiro, pode sim fazer uma enorme diferença na vida das pessoas que vivem em Conceição da Barra. 

Carlos Quartezani

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Informação não é suficiente

É muito provável que a minha crença de que a política possa alcançar patamares mais elevados se as pessoas passarem a enxergá-la por um viés mais racional e menos emotivo, seja apenas um delírio de minha parte, na visão da esmagadora maioria. No entanto, vejam bem, se eu considerar que essa esmagadora maioria não tem uma base sólida para receber a informação a respeito da política, como presumir que ela esteja com a razão?

Para exemplificar, se numa pesquisa de opinião pública for perguntado ao cidadão comum na rua, se ele é a favor do sistema presidencialista, semipresidencialista ou parlamentarista, que resposta teremos? Acredito que se a resposta for honesta, um grande número de pessoas irá responder que não sabe.

Não se pode plantar tomate e colher outro fruto senão tomate. O interesse das pessoas pela política não pode se resumir em manifestações odiosas na Internet, instrumento pelo qual se tornou muito mais fácil divulgar belos trabalhos, mas também condutas nada cortezes por parte de pessoas que a gente esperava um pouco mais de calma e racionalidade.

O antídoto contra esse mal é a busca não por informação, como se costuma dizer, mas conhecimento, sem o qual, somos apenas massa de manobra para atender este ou aquele interesse. 

Da mesma forma que somos capazes de criar uma Inteligência Artificial, por exemplo, também somos capazes de utilizar desses mecanismos para compreender os sistemas de governo e avaliar com mais propriedade qual o modelo seria o mais adequado para a vida em sociedade. Aí sim, a pesquisa que me referi acima faria algum sentido. 

A informação, dependendo de quem a manipula é capaz de coisas extraordinárias. Contudo, se essa manipulação estiver a serviço de propósitos macabros, o horror pode se tornar banal exatamente como descreveu Hannah Arendt, a judia filósofa e escritora sobrevivente do holocausto em seu livro "A banalização do mal".

Não confunda conhecimento com informação. Uma coisa tem pouco a ver com a outra. Se você não buscar o conhecimento, a informação por mais qualidade que tenha será como esterco, servindo apenas como adubo nas plantações. 

Não se deixe manipular reverberando coisas que você vê na Internet. Não ceda à tentação de compartilhar informação de cunho duvidoso só porque atende a uma percepção às vezes equivocada que você tem a respeito daquele tema. Agindo assim, de fato você vai estar contribuindo para um país melhor e reduzindo o poder de quem usa nosso pouco conhecimento, para atender seus propósitos nem sempre republicanos.

Carlos Quartezani

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Sem participação, não tem solução

Desde que fui meio que forçado a seguir o caminho da política, já que um desempregado na minha cidade, em 2002, só tinha como fonte de trabalho praticamente a Prefeitura (acho que isso ainda não mudou muito), mergulhei nesse universo que para muitos é apenas fonte de renda, mas para mim, influenciado pelo comportamento sempre republicano do Prefeito de então, iniciei essa minha jornada de muito mais pedreira do que glamour.

Alguns até dizem que é como a cachaça, que depois que começa, não larga mais. A comparação é justa, mas nem sempre a motivação para continuar na política é por vício. Acredito que como eu, existem muitos que acreditam que podem fazer sua parte para colaborar com o bem-estar coletivo, através da sua participação política na comunidade. 

O maior desafio, entretanto, é conseguir convencer as pessoas em geral que a participação política vai muito além de escolher seu candidato e digitar seu número na urna eleitoral. Essa é a parte mais fácil, embora seja fundamental. A não participação, que ocorre hoje, alimenta um monstro chamado autoritarismo levando sempre a um destino ruim. 

Pois bem, a participação a qual me refiro consiste em encontrar tempo para saber como andam os trabalhos daqueles a quem você outorgou poderes para lhe representar e é bom lembrar que a "representação" a qual me refiro, não é aquela que se destina a atender demandas pessoais, mas a que contempla a coletividade, o seu bairro e de preferência que a ação se reverta em benefícios de todos, não somente a sua casa. 

A organização da sociedade civil por meio de Associações em geral, empodera o povo e permite inclusive a legitimação dos Conselhos Municipais que embora não substitua o
Poder Legislativo, torna-se um parceiro importante nessa luta pela representatividade. 

Não se deixe enganar por milagres que não venham de Deus. Eles não virão. Mas se quiser de fato ver seu DNA nos avanços que a sua cidade terá, descruze os braços, páre de reclamar e procure fortalecer o associativismo e assim verá realmente com quantos paus se faz uma canoa.

A vontade do povo é soberana, mas numa democracia a participação é o elemento chave para que essa soberania se sustente.

Carlos Quartezani

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

As narrativas

Estamos dominados pelas narrativas. Aquele que for capaz de ser mais convincente, ainda que não tenha razão, vence. É estranho, mas é a realidade. 

Quem se importa em entender os eventos, principalmente aqueles relacionados à Economia? Poucos. E aqueles que se importam, preocupam-se mais em encontrar a explicação que atenda ao que já tem como o certo em sua mente, não admitindo nada diferente disso. O caos se instalou.

Por conta principalmente do palanque que não se desfaz, termina uma eleição e imediatamente se inicia outra, não conseguimos nos conectar com o que de fato importa. As narrativas não nos permitem fazer isto. O que importa é alimentar as narrativas, nada mais. Está de fato uma loucura.

Ainda que saiba que o café, o tomate, os ovos, ou qualquer outro produto cujo preço esteja acima do normal, está relacionado a fatores que fogem à capacidade de intervenção governamental (é a lei da oferta e da procura) principalmente se este governo, mesmo ideologicamente socialista, flerte em tempo integral com as leis de mercado, as narrativas sempre nos levam ao lugar comum, ou seja, o ódio ao governo e a tudo o que está relacionado a ele. O palanque não se desfaz.

Aquele que porventura tentar explicar que falas tais como "tá caro, não compre", não está prejudicando mas apenas lembrando ao consumidor o poder que tem nas mãos, logo é massacrado pelas narrativas que insistem em focar no que não importa. A ordem é inviabilizar quem governa e ponto final. 

Não escrevo essas palavras e é bom que fique claro, com o objetivo de defender este ou aquele governo. Procuro defender quem eu ache que tem razão, seja governo ou oposição.

Não sou um eleitor que se submete a repetir mantras só porque aquele em quem votei, quer que eu o faça. Quero que me convença de que realmente este ou aquele posicionamento é o melhor para a sociedade. Não me deixo contaminar por narrativas sem antes examiná-las. Me vacinei contra isto!

Espero que a minha proposta sirva para sua reflexão. Me sinto bem em expor o que penso sobre as narrativas disponíveis e lembro ao meu estimado leitor que os profissionais do marketing e propaganda, geralmente não são especialista em governar, portanto, basear-se apenas nas narrativas, é insuficiente para fazer o que é o certo. 

Carlos Quartezani

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Lugar de honra

Decidi que apenas incorporar os valores que vem sendo considerados como inerentes ao tempo que vivemos, não é efetivamente ser moderno. Afinal, se para vestir-se da modernidade for preciso renunciar a tudo de melhor que aprendemos por toda uma vida, me parece algo incompreensível. 

São vários os exemplos que eu poderia citar aqui e que tem a ver com o que eu quero dizer prá você que gentilmente, tirou um tempinho para ler o que escrevo. Mas o assunto que me despertou nos últimos dias, foi o comentário de um internauta, numa matéria envolvendo salário de políticos, no qual sugeria que especificamente o cargo de Vereador, deveria ser extinto e substituído por Conselheiros, estes sim, voluntários e a serviço do interesse público. 

Ora, mas porque ninguém pensou nisso antes? É brilhante a ideia! Sim, a ideia é excelente, se já não houvesse sido tentada há muito tempo e abolida, provavelmente por terem chegado à conclusão que o trabalho que envolve representar politicamente a comunidade, não é apenas sentar-se numa cadeira da Casa de Leis, duas vezes a cada 15 dias (como é o caso na minha cidade) e votar projetos encaminhados pelo Poder Executivo, denominar ruas e logradouros e outras indicações. 

Não, representar pessoas é muito mais do que isto e se a pessoa em questão não entendeu que a sua remuneração tem a função de torná-lo refratário às tentações, o problema é de caráter e não do salário que foi estabelecido para alguém que escolhido pelo povo, vai cumprir seu papel por 4 anos, preferencialmente se dedicando exclusivamente a isto. 

Não concordo que um Conselheiro municipal substitua um Vereador e suas efetivas obrigações. Ninguém voluntariamente em uma sociedade que escolheu o capitalismo, vai conseguir se dedicar plenamente ao trabalho de representar as pessoas, tendo que dar prioridade para o pagamento de suas contas. O seu trabalho para o qual é remunerado, será sempre a sua prioridade. 

Mas voltando ao que disse no preâmbulo, não é o salário do representante do povo que deveria nos indignar. Ao homem que trabalha, é digno o vosso salário. No entanto, e agora sim voltando aos "valores" aos quais me referi e que na minha opinião não devem ser negligenciados por conta da "modernidade" (e a coloco em aspas para que saibam que esta pode interpretações variadas), um Vereador, ou qualquer outro cargo político, deve ser alicerçado não no salário que pode obter, mas na honra de ter sido escolhido por sua comunidade. Não conheci moeda ainda que possa ter mais valor do que esta: Ser escolhido por seu povo!

Este texto é sobre observar que precisamos nos atentar menos ao que tem preço e muito mais ao que tem valor. Em seu livro "O pequeno príncipe", o autor Antoine de Saint Èxupery, ao criar um diálogo entre a raposa e o príncipe, faz uma revelação que é uma das muitas, da épica obra: "O essencial é invisível aos olhos"!

Não nos deixemos enganar. Ser moderno não é abrir mão de princípios elementares e se o poderoso algoritmo não consegue enxergá-los, a boa notícia é que é isto que nos faz poderosos, a capacidade de escolher entre a mesquinhez e a honra. Que escolhamos a honra!

Carlos Quartezani

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Quem avisa, amigo é

Já escrevi aqui em tempos pretéritos, a respeito da cultura do turismo de massa na minha cidade, Conceição da Barra, e suas desvantagens para a economia local. Muito gasto público e retorno insuficiente. 

No entanto, mais recentemente escrevi também aqui o quanto me surpreendeu esse mesmo turismo de massa, dando visibilidade a Conceição da Barra que um dia foi a cidade que tinha o melhor Carnaval de rua do nosso Estado e ficou esquecida, em razão do avanço do mar.

Para exemplificar o que digo, num desses agradáveis dias que fui curtir a Barra (já que atualmente estou emprestado ao município vizinho) ao som de Bel Marques do eterno Chiclete com Banana e Tatau da banda Araketu, presenciei uma multidão atrás do trio-elétrico pelas ruas da Barra demonstrando que quando se é Rei, não se perde a Majestade. Parecia que o tempo havia voltado e multidão não era mais sinônimo de violência. A Barra é sinônimo de Carnaval e com trio-elétrico, sem violência. 

Uma cidade turística não se cria do nada. Surge a partir de suas características peculiares e com o tempo, vai se tornando o destino turístico das pessoas que sabem o que as esperam ao chegarem lá. Na minha opinião, mexer nesse vespeiro não compensa. 

Assim como já pensei diferente sobre o turismo de massa, hoje percebo que uma cidade para ser turística precisa ser lembrada e para ser lembrada, precisa de atrativos. O recurso público que é direcionado para atrair pessoas para uma cidade turística é denominado investimento e não simplesmente, gasto.

Respeito o ponto de vista de quem pensa diferente e pelas informações que obtive, o Carnaval de Conceição da Barra terá um modelo diferente do tradicional. As informações não são oficiais mas o burburinho é de que haverá uma espécie de "privatização", ou seja, o que era gratuito, será pago. 

Escrevo aqui como sempre o fiz não com o intuito de simplesmente criticar o modelo que parece ser o escolhido pela nova administração pública municipal, mas fazer um alerta ao governo que, inclusive, teve o meu voto.

Se o plano já está definido e as pessoas que tem a prerrogativa de decidir acreditam ser o melhor para a cidade, me cabe tão somente torcer para dar certo, embora para mim não pareça a decisão mais acertada. 

Ficarei na observação para que a eventual economia feita com o dinheiro que seria investido no tradicional Carnaval da Barra seja suficiente para que o povo não se insurja contra um governo que está apenas no início. 

O ditado popular "quem avisa amigo é" vale perfeitamente para o presente texto e por isto o escolhi para o título. 

Carlos Quartezani

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Inteligências artificiais

A Inteligência Artificial (IA) é, de fato, uma dessas coisas extraordinárias que o homem tem capacidade de criar e que de tempos em tempos, sacode a todos, principalmente com a sempre propagada possível "substituição de mão de obra humana".

Foi assim com a prensa de Gutemberg, com a luz elétrica, com os veículos automotores, com a máquina de datilografar, com o computador... no entanto, a humanidade se adaptou e cada um procurou encontrar seu espaço nessa nova realidade que se impôs. A vida continuou e sempre continuará, se Deus quiser. 

No caso da IA que ainda sei pouquíssimo mas já pude verificar sua eficácia no que diz respeito à escrita, não podemos afirmar (como nos exemplos citados), que se trata de algo que vai substituir a inteligência humana. Ao contrário, se não for feita a pergunta de maneira clara e objetiva, a resposta pode vir de forma insuficiente ou até mesmo, sem nenhuma relação com o que o usuário tentou perguntar. A resposta será sempre vinculada à qualidade da pergunta. 

Sou nascido no século XX e confesso que tenho algumas dificuldades no mundo moderno da tecnologia, mas o que tenho como certeza é de que a IA só funcionará a contento se aquele que a utiliza também for portador de alguma inteligência, do contrário serão duas inteligências artificiais, uma olhando para a outra, sem chegarem a lugar algum ou num lugar ruim. 

Não pretendo com essas palavras minimizar a extraordinária criação humana chamada de IA, que além de textos produz outras coisas fenomenais, mas quero alertar ao meu estimado leitor que qualquer invenção humana está sujeita a bons e maus resultados, depende muito de quem a usa, como a usa e para quê a usa. Essas reflexões a IA não pode fazer e é exatamente essa capacidade que distingue o humano da máquina. 

Sigo escrevendo, por enquanto sem o recurso da IA mas quando eu precisar, certamente não vou dispensar, contudo, com a certeza de que a resposta que terei será de acordo com a minha capacidade de fazer a pergunta certa.

Carlos Quartezani

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Correr atrás do vento

É muito importante que as pessoas compreendam que o processo de escolha eleitoral tem início, meio e fim. Não assimilar esse conceito ou ignorá-lo, não beneficia ninguém. 

A política é o meio pelo qual temos a oportunidade de escolher nossos governantes e isto é fundamental para a compreensão do quão importante é esse processo e entendê-lo, como ele é. A alternativa a isto é a ditadura que quando se estabelece, faz desaparecer o poder de escolha pelo voto popular, além de outras violências que oportunamente falarei um dia aqui. 

Valorizar o processo democrático é respeitar as escolhas, ainda que você não tenha concordado com o resultado das eleições. O contraditório, as discordâncias eventuais das decisões do novo governo são legítimas, no entanto não devem ser pautadas por razões simplesmente pessoais, mas que tenham uma natureza clara e objetiva tendo por foco a coletividade. 

Sentimentos de derrota por não ter vencido a eleição devem ser superados e a luta deve ser contra o que é errado, desonesto, imoral e assim por diante. Se opor a um governante apenas porque não foi o seu escolhido, não se justifica. Neste caso o que deve estar acima é o lugar que você vive e torcer para que as decisões dos novos governantes resultem em melhorias para a cidade, em todos os sentidos. 

Que a rivalidade se circunscreva ao jogo de futebol e mesmo nele, ao acabar o jogo, que todos se abracem e saibam que até a próxima partida, somos essencialmente irmãos e precisamos entender que o ódio e o amor está em nós, prevalecendo sempre aquele a quem alimentamos. 

Pessoal, no final é tudo vaidade e correr atrás do vento, como escreveu o sábio Rei Salomão em Eclesiastes. 

Ao povo barrense que me lê neste espaço, o meu abraço!

Carlos Quartezani