domingo, 12 de dezembro de 2021

Não é sobre a religião, é sobre fé

Tratarei de um tema nesta crônica que fatalmente será interpretado por alguns, talvez até pela maioria, como uma espécie de proselitismo religioso. Porém, antecipo que não se trata disso, mas da potência de uma energia da qual todo ser humano é dotado, mas infelizmente nem todos conseguem colocá-la em sintonia com aquele que criou o universo, a saber, Deus.

Após alguns dias me servindo da ciência para amenizar um problema na região estomacal, pela via de uma medicação que me custou "os olhos da cara", me senti melhor, mas não curado. 

De forma menos agressiva, o problema continuava me incomodando a ponto de não não me permitir um sono razoavelmente bom. Acordava constantemente durante a noite e o incômodo não me deixava em paz.

Apesar do medicamento ser de boa procedência, produzido em laboratório acima de qualquer suspeita, eu não conseguia ter o alívio esperado, após 5 dias de uso ininterrupto de 6 em 6 horas.

Pois bem, não quero estimular ninguém a não se utilizar da ciência para resolver seus problemas de saúde. Ela existe e está a serviço da humanidade. Contudo, a mensagem que quero passar nessas linhas é que o medicamento, seja ele qual for, se não for ministrado em sintonia com essa energia da qual somos naturalmente dotados (eu a classifico de FÉ) não teremos o resultado que esperamos. Ou, se tivermos, significou que o problema não era tão grave.

Nesses dias angustiantes pude mais uma vez experimentar o poder da fé e espero que depois de tudo o que eu disse anteriormente, o leitor tenha compreendido que não falo de religião, mas de fé, algo que todos somos dotados, mesmo que ainda não saibamos disso.

Ao me sentir fraco, indefeso e não tendo o medicamento a eficácia que imaginei, decidi pedir a Deus que enviasse um de seus anjos e pusesse a mão sobre o meu estômago. Fiz uma oração, conversei com Deus.

Imediatamente após essa minha oração, essa conversa com Deus, a minha filha entra no quarto - agitada como é de sua personalidade e de sua condição de pré adolescente - procurando algo que lhe pertencia. 

Sem vacilar, imediatamente pedi que ela me desse um abraço, pois eu estava necessitando e que pusesse a mão sobre o meu estômago. Sem entender, ela atendeu o meu pedido, e voltou ao que estava fazendo no seu quarto, após encontrar o objeto que procurava.

Não posso, evidentemente, obrigar ninguém a acreditar no meu relato embora considero uma pena que esse tipo de acontecimento requeira uma prova objetiva. Passei a melhor noite de todos os outros dias anteriores e acredito que estou curado do mal que me afligia. 

O remédio, vou continuar tomando até terminar as cápsulas, já que se trata de um tratamento e a ciência não deve ser negligenciada, mas a certeza de que para todo mal há cura, ficou ainda mais consolidada em minha mente e no coração e, inclusive, está além da ciência.

Por isto, agradeço ao Senhor, o criador do céu e da terra, por me permitir através da escrita, testemunhar o quanto podemos ser abençoados na medida em que o amor é o único sentimento capaz de realmente mudar tudo o que precisa ser mudado.


Carlos Quartezani

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Sem pânico e com esperança

A cidade que os meus pais nasceram, e eu também, cuja história remonta alguns séculos se considerarmos que antes de sua emancipação (1891) já não só existia, mas era importante economicamente com a produção da farinha de mandioca, consolidou-se como um destino turístico dos mais procurados, tanto por capixabas quanto por, principalmente, mineiros, o nosso gigante Estado vizinho.

Na década de 80, quando se popularizou o axé music e junto com ele os trios elétricos, Conceição da Barra-ES viu crescer sua importância também neste segmento e passou a ser destaque na mais importante festa popular do Brasil, trazendo gente de diversas partes do país para curtir o Carnaval. 

Há alguns anos, porém, essa grande festa que atraia gente e consequentemente emprego e renda, sofreu alguns baques, seja em razão do avanço do mar (que inclusive ainda traz transtornos em uma outra faixa de praia) ou pelas ocorrências envolvendo a extração de minério de ferro em Minas, que resultou no derramamento de dejetos tóxicos que ao descer pelo rio, desaguou em parte das praias capixabas, incluindo Conceição da Barra.

Como se não fosse suficiente, minha bela e histórica cidade sofreu mais um revés. Com a pandemia que espalhou a doença respiratória Covid-19 e a obrigação das autoridades em decretar o isolamento social, aquele que era um importante ganha pão do povo barrense, escapou por entre os dedos e diluiu a esperança que já florescia, principalmente com o sucesso anual do Festival do Camarão e da Maior Moqueca do Mundo, dois grandes eventos que devolveram vigor ao setor.

Pois bem, o que desejo ao fazer essa breve recapitulação dos fatos em Conceição da Barra, no que diz respeito ao turismo, é para que as pessoas não esqueçam que essa atividade não é um mero capricho o qual podemos a qualquer momento deixar de lado. É um segmento econômico importante e que requer de todo cidadão uma visão de longo alcance, além, é claro, de uma conduta que faça o visitante se sentir bem e querer retornar. 

Todos deverão estar vacinados e não é necessário pânico. A vida precisa continuar e o Turismo na Barra, há de outra vez, vencer.

Carlos Quartezani

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O suicídio banalizado... Até quando?

As imagens são fortes. A pele fina denuncia que os braços, com marcas de quem tentou o suicídio, são de uma pessoa bem jovem, ficando mais claro nas palavras da educadora que relatou o fato, sem, é claro, revelar o nome do jovem.

Mas, o que mais comove e preocupa principalmente, é o motivo que o levou a essa atitude drástica, revelada com muita tristeza pela profissional que montou o relato, com fotos dos braços do menino, e o encaminhou para as mais diversas representações da sociedade, políticas ou não. 

O jovem, que por obra e graça de Deus não conseguiu o que queria - suicidar-se - disse que o que o levou à tamanha violência contra si próprio, foi por não conseguir um trabalho, para ajudar a família no maís básico: Alimentarem-se.

A mãe, segundo o relato, teria vendido a bicicleta para comprar leite para o mais novo dos 5 filhos. Um entre tantos casos espalhados pelo Brasil afora.

De certa forma, já era esperado comportamentos dessa natureza, sobretudo dos mais jovens, durante esse período pandêmico. A economia retraída associada a uma base social estruturada mais no ter do que no ser, geraria esse caótico resultado, infelizmente.

Não estou surpreso, mas admito: É muito duro assistir a tudo isto e continuar lendo no noticiário que os políticos procedem da mesma forma, como se tudo isto que está acontecendo, não fosse um problema. Não entrarei em detalhes. Fica por conta do leitor este aspecto.

Me sinto de mãos atadas em saber que o único segmento que poderia (e deveria) prever essa catástrofe - refiro-me ao setor político - está preenchido por pessoas que quando não estão exclusivamente focadas no lado financeiro da atividade, são inteiramente incapazes intelectualmente de promover as ações necessárias, para no mínimo amenizar o que está acontecendo. 

Orçamento público por exemplo, é para ser debatido com o olhar de quem sabe o que a população mais precisa e não simplesmente o que ela quer. Em muitos casos, o que ela quer é muito mais caro do que o que ela precisa, mas falta coragem, no mínimo, aos representantes políticos para fazerem esse enfrentamento. 

Relembrando uma frase que um político barrense me dirigiu certa feita "Você está falando de um buraco, um buraco bem fundo", me deixa muito triste, pois sempre nutri a esperança de que esse buraco não fosse tão fundo.

O "Dom Quixote", aquele personagem incrível da literatura clássica, criado por Miguel de Cervantes, que insistia com a sua loucura em acreditar ser possível um mundo melhor, apesar da enorme dificuldade em isto se concretizar, teria ainda dificuldade com o mundo de hoje. Explicarei essa comparação, a seguir.

Ao longo de alguns anos venho tentando ajudar minha cidade, seja com a minha participação efetiva no processo eleitoral, escrevendo crônicas como esta aqui ou fazendo parte dos Conselhos Municipais, os quais deveriam ter um papel mais preponderante na sociedade. 

No entanto, chega uma hora em que a gente se sente cansado. Cansado em ver o correto sendo sufocado pelo oportunismo... O "Dom Quixote" vai desaparecendo, ficando apenas a certeza de que o caos é irreversível e que lutar é em vão e o buraco é muito mais fundo do que imaginamos.

Que essas palavras possam além de tocar corações e mentes, também despertar os que tem o poder de decisão, para ficarem alertas aos sinais que estão sendo emitidos.

O suicídio de jovens, numa cidade tão pequena porém tão querida, principalmente por quem gosta de visitá-la nos feriados e na temporada de verão, não registre nas páginas de sua história o extermínio de parte de seu povo, cuja motivação foi a desesperança, gerada pelo descaso.


Carlos Quartezani

sábado, 13 de novembro de 2021

Turismo e vacina são inseparáveis

Aproxima-se o período em que as cidades que recebem turistas para a temporada de verão, vêem aumentar suas expectativas de faturamento e com isto, a geração de vagas de emprego e maior renda.

Minha cidade, Conceição da Barra, no norte do Estado do Espírito Santo, é uma delas. É assim: funciona como se fosse uma colheita, período no qual o "agricultor" se fortalece para aguardar o inverno, quando o produto da terra está em uma espécie de gestação.

A nova administração municipal, chefiada pelo prefeito Walisson Vasconcelos, o Mateusinho, tem como meta atrair grandes públicos para essa temporada e para isto conta com o trabalho do prestigiado empresário do ramo de restaurantes e hoje Secretário Municipal de Turismo, Roberto Malacarne, que promete fazer do balneário um palco de grandes e inesquecíveis eventos, já tendo firmado pré-contratos com artistas renomados da música popular brasileira.

No entanto, ainda há dúvidas sobre como ficarão as normas de conduta estabelecidas pelos órgãos de Saúde estadual e municipal, em relação as medidas preventivas contra a Covid-19, doença que já matou mais de 600 mil brasileiros desde o seu início, em março do ano passado.

No momento, o mapa que traça o nível de risco e por consequência falta de leitos de UTI para infectados, encontra-se baixo, permitindo assim a movimentação normal de turistas no balneário.

Como já era de se esperar, o resgate desse modelo de temporada de verão que consiste em aglomerar muitas pessoas em eventos gratuitos, uma parcela da população tem se mostrado preocupada, receiosa que tal movimentação, além de demonstrar desrespeito aos parentes e amigos das vítimas da doença, possa também ampliar o risco de outros casos na cidade.

Preocupação pertinente, mas que tem solução. Exceto a questão que envolve o sentimento de quem perdeu um ente querido ou amigo. Mas, a vida segue.

Com o avanço da vacinação e que segundo os levantamentos, tem sido a responsável pela redução dos casos, o município de Conceição da Barra pode estabelecer uma regra que além de oferecer segurança aos cidadãos locais, poderá também demonstrar para o turista que a cidade está efetivamente engajada na proposta de combater a proliferação da doença e garantir diversão segura para as famílias.

O que se poderia adotar como medida preventiva é que para ter acesso à cidade, cuja entrada por terra é exclusiva, os turistas que comprovarem terem tomado pelo menos uma das doses do imunizante, oferecido pelo Ministério da Saúde. Essa medida, que certamente terá o apoio de todas as autoridades, bem como da população, permitirá uma sensação de segurança e a certeza de que o município se preocupa com seus cidadãos e a quem nos visita.

Espero que a minha sugestão seja considerada e que Conceição da Barra possa dar um passo importante rumo ao resgate do turismo e da fama de outrora, quando ficou conhecida como a cidade capixaba cujo carnaval era o mais animado do Estado. Agora, contudo, além de animado, seguro e pronto para receber a todos.

Carlos Quartezani

domingo, 17 de outubro de 2021

A crueldade sem limites

Na madrugada de sexta feira para sábado, do dia 16 de outubro de 2021, no distrito de Braço do Rio em Conceição da Barra-ES, um crime bárbaro chocou a cidade e também a todo o Estado do Espírito Santo, que viram a trágica notícia pela TV e os outros meios de comunicação. 

Duas crianças, de 8 e 10 anos, foram assassinadas na sala de sua casa, enquanto dormiam e os acusados da barbaridade, que foram localizados e presos no mesmo dia, segundo as informações prestadas pelas autoridades policiais, têm entre 15 e 18 anos idade.

O acusado maior de idade, ainda não havia sido preso enquanto escrevo essas linhas, mas acredito que isto deve acontecer nas próximas horas. A polícia, do ponto de vista da investigação e identificação dos autores, trabalhou exemplarmente.

Mas, vamos ao meu objetivo principal da presente proposta de reflexão. 

A crueldade que está presente numa ação como esta sequer pode ser objeto de avaliação. Independente da idade dos autores, absolutamente nada justifica tamanha maldade ao praticar um crime como este. 

As crianças, efetivamente, além de serem inocentes, em todos os sentidos que a palavra remete, não são capazes de se defender, muito menos diante de uma arma de fogo. A pena máxima, é o mínimo que se pode exigir. 

No entanto, tentando pensar sob um ponto de vista mais, digamos, sociólogo, o que pode motivar seres humanos ainda tão jovens a terem um comportamento que revela tanto desprezo pela vida, deles próprios e do semelhante? 

O que nós enquanto sociedade estamos fazendo ou deixando de fazer para que atos como este ainda façam parte da nossa já difícil realidade?

Não tenho dúvidas de que a punição exemplar para casos como este é a maneira objetivamente justa de reagir, mas se não atentarmos para os sintomas que evidenciam esse tipo de doença na sociedade, estaremos tão somente remediando e a "doença" continuará matando e sem escolher classe social, gênero, credo, etnia, etc...

Não fechemos os olhos para a necessidade da construção de políticas públicas voltadas para a garantia da dignidade das pessoas, que as oportunizem, principalmente os mais pobres a enxergarem um futuro, do contrário, continuaremos apenas elegendo e reelegendo pessoas apenas para ocuparem o espaço público e não objetivamente, buscarem soluções para os problemas gravíssimos de caráter coletivo.

A Política, que muitos não entendem a sua importância e muitas vezes a desprezam, serve para que os que são escolhidos para nos representar, utilizem o poder a eles investido e exijam que os recursos públicos sejam direcionados para o aprimoramento dos indivíduos que são o que realmente importa na vida em sociedade.

Carlos Quartezani

Jornalista

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Filho de Professora

Sou filho de Professora e não por acaso me envolvo em tudo que possa, de alguma forma, despertar as pessoas para a busca do conhecimento. 

Acredito ser esta uma das mais sublimes expressões de amor ao semelhante, afinal, o que pode ser mais importante na vida de um ser humano senão descobrir como alcançar seus objetivos tendo a si próprio como protagonista?

Sim, o conhecimento não é algo que o impossibilita de criar vínculos com outras pessoas, para que o seu objetivo seja alcançado, mas é o que lhe torna capaz de escolher com assertividade, qual o perfil de pessoa que se encaixará melhor em seu projeto. Fazer boas escolhas, sobre quem irá lhe acompanhar, tanto na vida pessoal quanto profissional, é fundamental.

Além de filho de Professora, sou sobrinho de professores, primo de professores, amigo de professores e por fim, também sou professor, na medida em que além de me graduar em História, fui e sou incansável na missão de compartilhar aquilo que melhor entendo ser útil à vida de outras pessoas na sociedade.

Que missão pode ser mais nobre senão a que consiste em contribuir para que a luz do saber possa alcançar a todos? Por mais que tenha consciência da importância de outras profissões, não consigo encontrar nada que se compare ao Professor...

Minha homenagem nesse curto e sincero "bilhete" é para o Professor e em especial à minha mãe, Ana Maria da Costa Quartezani, professora, que desde a minha mais tenra idade, quando me levava para a sala de aulas por não ter recursos financeiros para remunerar uma babá, ao encontrar-se com pessoas conhecidas pelo caminho, perguntava logo após o cumprimento inicial:

- Seu filho (ou filha) está na escola?

Essa frase não me sai da cabeça e é por isto que acredito que sem o Professor, a escuridão seria parte de nossa paisagem, uma paisagem não condizente com a beleza da vida, o dom de Deus!

Obrigado professor! Obrigado, mamãe!!!


Carlos Quartezani

Jornalista

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

É tão estranho, os bons morrem jovens

O título dessa crônica é como se inicia a canção "Love in the afternoon" da banda Legião Urbana, cujo líder, Renato Russo, nos deixava aos 36 anos de idade, num dia como hoje, há 25 anos.

Jovem, exatamente como ele cantava, certamente não sabia se tratar de uma letra que homenageava a si mesmo. Mas, o destino assim estabeleceu e cedo demais, partiu deixando uma "legião" (com trocadilho, por favor) de fãs que se renovam, pois eu mesmo já tive o privilégio de cantar as mesmas canções junto com pessoas que tem menos da metade da minha idade.

Estamos vivendo "tempos estranhos" em que o brasileiro, mal orientado, perdeu a noção da importância da arte e seus referenciais. Tudo bem que houveram excessos e que por conta disso, perdeu-se a essência do que significa ter um ídolo, seja na música, no esporte, na dança, no teatro... Tudo isto muito útil, inclusive, para que as manifestações políticas tivessem um caráter mais ideológico e não uma "briga com foices" como que se observa hoje. 

Quando Renato Russo compôs "Índios", por exemplo, não precisou explicar o que ele dizia em sua marcante composição, a mensagem chegava até nós e como uma "tribo" que fazia guerra sem o uso de armas (de nenhuma espécie), atravessamos a difícil década de 80, do ponto de vista econômico e social, mas triunfamos na década seguinte, conquistando um país melhor com uma Constituição singular e uma moeda forte que abriu caminhos para outras conquistas. 

Cantamos "Que país é este?" indignados mas com a certeza de que o país que nos antecedeu, certamente era bem mais difícil de viver. Entoar uma canção como aquela, não era possível sem ser brutalmente repreendido pelo sistema autoritário e insano instalado no Brasil nas décadas anteriores. 

Sim, é preciso homenagear Renato Russo, que nesta mesma data, como eu já disse, em 1996, nos deixava definitivamente mas a sua obra, sua inteligência, sensibilidade e amor à arte, nos inspirou a todos a jamais desistir de nosso país e de celebrar sempre, a cada passo dado, buscando sempre ser melhores do que éramos e se for preciso, voltar atrás e fazer de novo, de um jeito de diferente, afinal, temos que seguir "sempre em frente, não temos a perder".


Carlos Quartezani

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Sobre o preço dos combustíveis e a ignorância política

O entendimento sobre a prática do "pensamento político" passa ao largo das maiores preocupações das pessoas, o que é perfeitamente natural dada a pouca ou nenhuma importância para a educação.

Se os princípios básicos da formação política fossem matérias obrigatórias no ensino público e privado, certamente teríamos uma melhor compreensão sobre as regras de mercado (incluindo o preço do petróleo e outros) e o papel do Estado, cujo modelo foi escolhido nas eleições.

Se o ódio não fosse a principal razão das escolhas políticas, teríamos a chance de entender como funcionam essas coisas e a internet não seria essa avalanche de bobagens que lemos diuturnamente.


Carlos Quartezani

Jornalista

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Toda insensatez deve ser castigada

O dicionário da língua portuguesa define o vocábulo INSENSATEZ como "próprio do que é insensato; falta de bom senso; imprudência; falta de juízo; loucura", enfim, algo que por si só não combina com uma ação que promova o bem do próprio indivíduo, muito menos de outras pessoas. 

Ser insensato, é bom que se frise, não configura crime, mas pode trazer efeitos danosos para quem assim age ou para outras pessoas, podendo, neste caso, ser interpretado como crime.

Um episódio que tomou conta dos mais diversos canais de comunicação no Estado do Espírito Santo, esta semana, foi a cerimônia realizada pela Câmara de Vereadores do município de São Mateus, no norte do Estado, por conta do aniversário da cidade. As informações que circulam dão conta de que foram gastos 170 mil reais para a realização do evento, para cerca de 400 convidados, cidadãos do município e também de fora dele.

Títulos de cidadão concedidos, medalhas distribuídas, um cardápio gastronômico para ninguém botar defeito, discursos homenageando a cidade e personalidades, marcaram o grande dia 25 de setembro de 2021, naquela que é uma das mais antigas cidades do Estado, com 477 anos.

Tudo perfeitamente legal conforme as regras que determinam os princípios da administração pública. Provisionamento orçamentário, licitação e contratação, exatamente como manda o figurino. Contudo, a INSENSATEZ, que não consta na letra da lei (a não ser pelo princípio da economicidade, mas é discutível) não foi observada no presente caso e o resultado é o escândalo e, mais uma vez, só para variar, a política sofre, sendo rejeitada pela população em virtude da velha mania de acharem que quem tem o poder, pode tudo.

Não, não pode. E as reações, especialmente num mundo conectado pelas redes sociais, foram imediatas e a fúria popular no tamanho certo.

Em meio ao caos vivido pela maioria do povo brasileiro, com inflação, desemprego, perdas precoces de vidas na família, por conta do Coronavirus, e um horizonte ainda incerto em relação ao futuro do país, tudo o que não precisamos é de atitudes de quem deveria representar o povo e o seus anseios, aja com esse nível de escárnio, zombaria e desprezo para com aqueles que com muita dificuldade, estão conseguindo colocar simplesmente o básico em sua mesa.

Hoje, dia 1o de Outubro, dia em que se celebra também o Dia do Vereador, peço uma sonora vaia ao Poder Legislativo do município de São Mateus, pela enorme INSENSATEZ cometida e espero que episódios como este não se repita e muito menos se espraie por outras Casas Legislativas da nossa região, estado e o Brasil.


Carlos Quartezani

Jornalista

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

O quê de fato ameaça a democracia?

A ameaça à democracia tem sido um discurso recorrente no Brasil, principalmente após o pronunciamento inflamado do Presidente da República, Jair Bolsonaro, por ocasião das manifestações no dia 7 de Setembro. 

Embora tenha feito um gesto indicando que "não foi bem isso o que quis dizer", Bolsonaro distensionou o climão com o Poder Judiciário, principal alvo de seus ataques naquela ocasião, mas não convenceu a todos. O auxílio do ex-presidente Temer, nessa empreitada, foi crucial para o sucesso do gesto, inclusive.

No entanto, para a maioria dos analistas políticos o clima ainda é incerto, no que se refere à conduta do Presidente e a manutenção da democracia. A inconstância do Presidente faz com que qualquer comentarista tenha muita cautela para não cair em descrédito.

Mas tem outro ingrediente que pode ser muito mais nocivo à democracia e tem passado despercebido pelos analistas e comentaristas políticos, sobretudo pelo fato de ser inerente a totalidade da classe política brasileira e não apenas ao circuito que envolve o atual Governo.

A democracia pode estar ameaçada pela péssima qualidade na representação política e o Poder Legislativo, considerado o mais próximo do povo, tem dado demonstrações de que apenas a substituição de seus membros a cada 4 anos, não tem sido suficiente para resolver o problema. Tem-se a impressão que piora, a cada eleição.

Essa qualidade que deveriam ter aqueles homens e mulheres, eleitos pelo povo, para elaborar leis, fiscalizar o Poder Executivo e representar os anseios da população, se torna cada vez mais distante e em muitos casos, chegando a constranger a todos nós enquanto povo.

Querem um exemplo? Observem a CPI do Senado. Seus membros que são a nata da política brasileira, transformaram a Comissão Parlamentar num circo (aos olhos do povo) onde aqueles que ao se apresentarem para depor, no lugar de simplesmente responder aos questionamentos, dão aula a alguns parlamentares desavisados que pela postura e também palavras, não parecem conhecer a função do cargo para o qual foi eleito. Uma lástima.

Não vou entrar no detalhe sobre a que me refiro pois não caberia na estrutura textual que escolhi. A mensagem que quero transmitir é que se tem algo que realmente pode ameaçar a nossa democracia, passa bem longe dos discursos fantasiosos de um Presidente que esqueceu de descer do palanque depois das eleições. A principal ameaça são as pessoas desistirem da democracia dada à péssima qualidade na representação, uma vergonha nacional que se verifica do Oiapoque ao Chuí.

Quando não envergonham se vendendo, o fazem revelando um total despreparo para exercer essa atividade tão nobre e fundamental para o bom funcionamento do sistema democrático.

Neste ambiente que temos hoje, acredito que se não houver reformas que mudem os critérios de escolhas políticas, o povo não demorará a desprezar a democracia e chegará à conclusão que votar é pura perda de tempo, é enxugar gelo, correr atrás do vento, procurar piolho em calvo entre outras expressões populares que remetem ao mesmo sentido.

Espero que essas palavras sirvam de reflexão e que no lugar de desânimo, sejamos surpreendidos por uma resposta bacana no ano das eleições e que os partidos apresentem candidaturas que possam de fato merecer o nosso voto e com ele o fortalecimento da democracia.


Carlos Quartezani

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O perigo que nos ronda

O relato que farei brevemente aqui diz respeito a um discurso que ultimamente temos escutado, com certa regularidade e que preocupa na medida em que vem carregado de informações, às vezes descontextualizadas e em outras vezes, revelando pouco conhecimento sobre os fatos.

É preciso estabelecer uma comunicação com a sociedade em que a pauta seja a democracia. A falta ou a deficiência nesta conexão, auxilia na formação de conceitos equivocados e neste caso, até perigoso.

Se faz necessário explorar os fatos relatados na Comissão da Verdade (1998), relativos ao período em que o Brasil e a América Latina foram governados pelo Regime Militar, para que todos, em especial os jovens, possam fazer uma análise mais assertiva.

Até mesmo brasileiros simples e sem formação intelectual, foram vítimas de erros de quem estava obcecado pelo ódio, alimentados por uma paranóia Norte Americana na chamada Guerra Fria, pós Grande Guerra: O comunismo.

Em Conceição da Barra-ES, só para exemplificar, o Sr João Calatrone, esposo da saudosa Dona Naumir, foi uma dessas vítimas. Confundido com um sobrinho, estudante que à época foi morto na guerrilha do Araguaia, Sr João foi preso e quando conseguiu provar que não era quem eles pensavam, nunca mais voltou a ser o mesmo, vivendo embrenhado no mato com medo de ser preso outra vez.

Essas e outras histórias, que podem ser confirmadas no livro "Ditaduras não são eternas - Memórias da resistência ao golpe de 1964, no Espírito Santo" (Editora Flor&Cultura, 2005), precisam ser exploradas para que os jovens de hoje, entendam o perigo que nos ronda quando o assunto é o poder concentrado, como é o caso do Regime Ditatorial Militar.

Carlos Quartezani

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A diferença entre lutar e brigar

O que se espera de quem defende o Pensamento Político à direita é um formato de Estado que interfira o mínimo possível na vida das pessoas. Liberdade para produzir e colher dos seus resultados.

À esquerda, ao contrário, que o Estado seja o provedor e redutor das mazelas sociais, funcionando como um garantidor da vida plena em sociedade.

Ambos os modelos tem seus prós e contras mas para compreender isto melhor, é necessário ter disposição para buscar na História os pontos de vista dos filósofos que criaram essas teorias. 

O Pensamento Político à direita tem em Adam Smith sua maior referência e à esquerda, Karl Marx. Vale a pena pesquisar e conhecer, caso queira se aprofundar e compreender melhor as coisas que estão além do debate comum.

No entanto, nesse ambiente, não há nada referente a considerar que as pessoas que pensam diferente umas das outras tenham que ser inimigas umas das outras.

Este é o pior dos mundos e inclusive contraria a natureza da política que é ter no diálogo a única ferramenta cem por cento capaz de encontrar as melhores soluções e não os ataques verbais que em alguns casos, descambam para destruição de amizades, um prejuízo incalculável para a humanidade.

Esse comportamento, que se tornou comum em virtude da política trazer consigo ingredientes que são inerentes mas pouco assertivos (e o mais avassalador deles é a idolatria ao líder), dificulta de fato os avanços que tanto afirmamos que queremos, mas não sabemos exatamente como proceder para alcançar.

É hora de reflexão e as pessoas de boa índole, ao votarem, escolherem com consciência sobre o que considera ser melhor para sua cidade, estado e o país e não seguir o que as pesquisas apontam.

Brigar não é a solução. Lutar, sim, mas com as armas certas, com o conhecimento sendo um influenciador de um processo civilizado e conseguir convencer as pessoas de que este ou aquele candidato (ou candidata) é o que mais se aproxima do Pensamento Político que você também defende.

Política é coisa séria e não pode ser comparada com a sua preferência futebolística.


Carlos Quartezani

Jornalista

sábado, 14 de agosto de 2021

Formação política, um bem necessário

A formação política é fundamental mas seus resultados não acontecem no curto prazo. É preciso ter disciplina, resiliência e aplicar os conceitos elementares ainda que o imediatismo insista em superá-los. 

Eleição, bem, eleição é apenas um item nesse processo e a formação política não deve e nem pode estar restrita ao universo daqueles que escolheram se candidatar.

Inclusive, a qualidade da escolha do candidato passa por essa formação, afinal, quem embarcaria num navio cujo comandante não tem a devida formação para conduzi-lo? 

Não se pode pretender mudar estruturas complexas, como as que envolvem a política, com passes de mágica, soluções simplistas ou para usar um jargão bem popular, gambiarras. 

A gambiarra, neste caso, é produto de uma velocidade exigida no mundo contemporâneo, mas que tem se mostrado ineficiente, especialmente nos temas relacionados a coletividade, ao interesse público. 

Ter consistência em tudo o que fazemos é imperioso e na participação política, mais ainda.

Os resultados obtidos até agora foram rasos e em nada tem contribuído para a nossa evolução. Pelo contrário: Regredimos. A "deformação política" nos trouxe enormes prejuízos. 

Precisamos observar mais e tentar dar mais qualidade a nossa atuação política, enquanto cidadãos. Sem formação política, fica muito mais difícil.

Como em qualquer outra atividade onde o talento não é tão importante quanto o treino, na política temos que, sim, treinar, persistir, ter disciplina e buscar o objetivo com a certeza de que o caminho, certamente, ensinará tanto que quando alcançar o que se pretende, nos sentiremos capazes de realizar tudo o que nos propusermos a realizar. Qualquer projeto será possível concretizar.

O orgulho e a satisfação pelos resultados alcançados farão muito mais sentido na medida em que o aprendizado (para a vida) se mostrou tão importante quanto as mudanças que este aprendizado proporcionou para a coletividade.

Educação política é a única maneira de criar o ambiente das soluções para os problemas mais complexos.

Não desistamos de fazer da política o ambiente da construção, da grandeza de espírito e do altruísmo. O conhecimento será o alicerce para isto. Por isto, não perca a oportunidade de buscar os fundamentos do Pensamento Político e o que nos trouxe até aqui. Com bases sólidas, entendendo o processo e paciência, chegaremos no objetivo.

Vamos em frente, sempre!

terça-feira, 10 de agosto de 2021

O ódio não pode virar jurisprudência

"Quer ser feliz por um momento, vingue-se. Quer ser feliz por toda eternidade, perdôe."

A frase acima, atribuída a Tertuliano, teólogo e escritor cristão que viveu entre os anos 160 a 220 depois de Cristo, serve de referência também para a realidade política vivida hoje.

A política, ciência que nasceu da necessidade de contrapor e substituir a barbárie, vem tendo seu conceito fortemente vilipendiado por sentimentos menores, mas que demonstra uma preocupante capacidade de influenciar.

Estou falando do ódio, esse veneno que ao ser oferecido a alguém, mata ambos e quando este se espraia para a política, mata centenas, centenas de milhares e a pandemia no Brasil e seus efeitos, revelam essa realidade.

Parafraseando o ex Presidente da República, Michel Temer "nosso maior problema hoje é a tendência de transformar adversários políticos em inimigos". Uma frase de alguém que foi forjado na política e que sabe muito sobre os efeitos da mesma, seus benefícios enquanto ferramenta dos avanços civilizatórios e os graves problemas quando esta nos falta.

É preciso combater a estupidez, o berço do ódio, para que este não vire uma espécie de jurisprudência e cancele o perdão tanto do vocabulário quanto do rall de alternativas disponíveis.

Carlos Quartezani

domingo, 8 de agosto de 2021

Esquerda ou Direita? Eis a questão

O pensamento Político da direita defende um Estado mais tímido no que se refere a proteção Social e mais forte no estímulo a produção, gerando mais emprego e renda. 

Contudo, quem pode conter a volúpia do mercado cujo objetivo principal e incansável é o lucro? 

A esquerda, neste sentido, eleva o Social a uma condição primordial na medida em que entende que não há produção, portanto, emprego e renda, se a população for massacrada pelos efeitos que a política do Estado Mínimo provoca.

Um Estado suficiente, forjado no Centro do espectro político, com o seu papel bem definido e representado por um sistema que priorizasse a boa e capacitada representação, poderia apresentar resultados bem mais satisfatórios. 

Nessa esteira entra a capacitação para melhorar critérios de escolhas políticas de uma população que seja capaz de entender a importância dos órgãos sociais de controle, tais como Conselhos, Sindicatos, Associações e outros, e promover um verdadeiro salto de qualidade nos resultados que se pretendem. 

O governo do povo e para o povo só pode acontecer se este povo sabe o que quer, sabe do que precisa. Caso contrário, é só narrativa bonita produzida por marqueteiro que precisa fazer seu trabalho: Eleger o candidato.

Neste cenário, seríamos estimulados a abandonar teses "mitológicas" com salvadores da pátria pipocando a cada 4 anos e estaríamos sendo governados num sistema no qual, de fato, a razão sobreporia a emoção e os resultados seriam melhores serviços públicos e consequentemente, qualidade de vida nas cidades.

Até quando seremos tratados como os "bobos da Corte" cuja função é divertir aqueles que nos oprimem mas que se apresentam como solucionadores de nossos problemas, com propostas mirabolantes ou promessas que nunca poderão ser cumpridas?

Não tem milagre nessa história e nem final feliz se não entendermos que o pensamento político é o que determina qual o caminho seguirá aquele ou aqueles que elegemos. Não sairá água doce e salgada da mesma fonte. Ponto.

A  necessária e urgente formação política nos faria entender a lógica por trás de uma proposta de governo e assim poderíamos encaminhar o melhor voto, cuja base não é se gostamos ou não da cor dos olhos do candidato (ou canditada), mas se o que este defende, está em sintonia com o que você defende e principalmente, se o que você defende, tem uma lógica bem firmada num determinado pensamento político.

O conhecimento é a única arma que poderá exterminar todos os males e para obtê-lo não necessita de nenhum porte, mas vontade, determinação e resiliência. 

Carlos Quartezani

domingo, 11 de julho de 2021

Sintomas identificados, hora de tratar a doença

A informação que circulou hoje, domingo, dia 11/07/21 em Conceição da Barra, a respeito de um furto de uma bicicleta no estacionamento de uma padaria, praticado por um jovem flagrado pelas câmeras de videomonitoramento, me impulsionou a escrever essas palavras. 

É muito triste falar sobre isto, mas não falar, pode ser pior por não gerar as reflexões que o tema requer e consequentemente, as providências que melhor tragam soluções efetivas, eficazes. Então, vamos lá...

O furto é mais um sintoma do momento delicado que vive a nossa cidade, que nos últimos anos, principalmente - do ponto de vista econômico - passou a depender quase que exclusivamente da atividade turística. A pandemia nos deu um soco no estômago pois nos tirou o que ainda nos sustentava.

Não estou afirmando que os delitos só acontecem agora, mas que é um sintoma do caos social aumentado pelas circunstâncias. É preciso ter em mente que a construção de políticas públicas precisa contemplar a criação e/ou manutenção do ambiente produtivo, sem o qual não gera ocupação e desenvolvimento e por consequência, vem os crimes.

O município, em especial a Sede, precisa se debruçar sobre uma ideia que consista em fazer do Turismo uma atividade perene, sustentável, que gere ocupação o ano inteiro e que permita ao jovem barrense ter uma opção. Hoje, se nada for feito neste sentido, certamente os furtos e outros crimes poderão voltar a fazer parte da paisagem bucólica e serena da cidade que nasceu de um beijo. Uma pena...

Se algo não for feito que não seja tão somente prender os "meliantes", a tendência é prejudicar ainda mais o município que é um destino turístico e isto seria o pior dos mundos.

A exploração do sal-gema, tema importante e que já discorri em outros textos, certamente fará alguma diferença, a depender do tipo de exploração, se teremos ou não indústrias se instalando. Mas, mesmo assim, trata-se de uma atividade finita e que quando acabar, voltaremos a ter as mesmas demandas. O turismo, outra vez, seria o principal recurso econômico.

O turismo, quando sustentável, é diferente: Gera empregos sem poluir ou quase sem poluir e sempre terá demandas pois com o fim da pandemia, as pessoas voltarão a viajar, querendo conhecer lugares como Conceição da Barra, que ainda traz no seu leque de opções a nossa famosa Vila de Itaúnas, hoje, por sinal, com acesso asfalto, novinho em folha.

Temos que nos preparar em todos os sentidos. A concorrência é grande hoje e não dá para repetir receitas do passado, sem avaliar o presente e as tendências. Precisamos pensar a Barra do futuro e de preferência sem disputas políticas infrutíferas, alicerçadas em interesses pessoais e ignorando que o coletivo, é só o que importa. 

Assim, a partir dos sintomas identificados poderemos usar o remédio certo e curar definitivamente a doença.

Carlos Quartezani

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O Salgema é nosso!

O município de São Mateus-ES, através de sua Câmara de Vereadores, encaminharam esta semana proposta que visa anexar o Distrito do Cricaré (que contempla as localidades de Meleiras e Barreiras), pertencente ao município de Conceição da Barra-ES. 

A medida, vem num momento em que após décadas de luta, fomos contemplados com a liberação para exploração do mineral Salgema, cuja maior parte da jazida, se encontra em solo barrense. Após a enorme fragilização da nossa economia, primeiro com a pesca, depois a indústria, com o fechamento da usina Disa e por último, o turismo duramente atingido pela pandemia, o Salgema surge com uma luz no fim do túnel para o nosso município e querem apagá-la. Não podemos permitir!

O município vizinho, sorrateiramente se organiza para tomar as referidas localidades sob o argumento de que "geograficamente" as mesmas estarão melhor atendidas sob a sua jurisdição. Mas, por que só agora chegaram a tal conclusão? O osso não interessava, mas o filé sim? Definitivamente, não.

Todo o Município de Conceição da Barra precisa se envolver e urgente contra esse absurdo! 

Nossos representantes no Poder Legislativo e Executivo, bem como, toda a sociedade organizada, ou seja, entidades de classe, igrejas, maçonaria, partidos políticos, ONG's, enfim, todos devem estar unidos, deixando de lado qualquer diferença de natureza política, principalmente, e partir para uma grande movimentação baseada na justiça que com certeza, as pessoas de bem, estarão ao nosso lado. 

Um por todos e todos por um!

Carlos Quartezani

terça-feira, 29 de junho de 2021

Um conto de amor adolescente

Há muito ele nutria o que pensava se tratar de um amor platônico, um sentimento que jamais seria correspondido. Ela, por sua vez, filha do Prefeito e sempre rodeada de amigos, ainda não percebera que o garoto de estatura baixa para os padrões locais, sardas no rosto e cuja família descendia de pescadores da pacata cidade litorânea onde viviam, era um de seus admiradores mais determinados em transformar o que era um sentimento apenas seu, em algo mútuo. Ele estava disposto a tomar a iniciativa e o faria de modo singular e marcante.

Uma mensagem enviada por ele e que chegara a ela pelas mãos do zelador da escola - aquele homem sombrio mas que na realidade se tratava de alguém de bom coração, cujo defeito era não conseguir exteriorizar essa virtude, seja por sorrisos ou cumprimentos cordiais - balançou o seu coração. Quis saber quem poderia ser o autor de tão belas palavras dirigidas a ela.

As palavras, escritas no papel simples, dobrado com zelo e cheio de significado, já que dispensou o uso dos mecanismos modernos de comunicação, encantou-a e de imediato decidiu que atenderia ao convite do misterioso admirador, cujo encontro deveria acontecer no vão lateral do pátio da escola onde estudavam.

Ao avistá-la, emocionado e feliz, porém tenso, ele teve a certeza de que ao contrário do que imaginara, ela também nutria carinho por ele e suas palavras, embora não assinadas, mas escritas tão docemente numa folha de caderno, a conquistaram, provocando o seu desejo de saber quem seria o autor.

Sem muitas palavras mas com os corações acelerados pela emoção de terem se descoberto como admiradores um do outro, aproximaram-se e num clima perfeito, criado pela própria natureza - um céu azul, o sol que brilhava e o vento que chegava sereno, e ninguém por perto para interrompê-los -, um beijo de cinema aconteceu e a partir daquele momento, uma bela história de amor marcaria a vida de ambos, para sempre...


(*) Carlos Quartezani



terça-feira, 15 de junho de 2021

Educação e os desafios pós pandemia

Um debate entre grandes personalidades do MDB, que têm no currículo muita dedicação ao tema EDUCAÇÃO preencheu minha agenda de ontem, de 19h às 21h, no canal do YouTube da Fundação Ulysses Guimarães.

A palestra foi ministrada pela Presidente da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, que traçou um perfil do tamanho do desafio que temos pela frente para corrigir o estrago que o setor sofreu e vem sofrendo, seja pelos efeitos da pandemia ou pela falta de continuidade nas políticas públicas educacionais nos últimos anos no país. 

Muita informação importante foi oferecida no debate, no entanto, o que eu destacaria como essencial para atingir o objetivo de uma educação visando um país para o futuro, é a implementação do método de escola em tempo integral, modelo cujo sucesso nos Estados de Pernambuco e  Ceará atraíram a atenção do Espírito Santo, que efetivou sua implantação. 

Uma melhor relação entre remuneração e colheita de resultados junto aos profissionais do sistema de educação pública, também agregaria para conseguirmos superar os desafios e dar o tal "salto de qualidade".

Se conseguirmos manter os alunos na escola, estimulados por gente que está convicta de que o profissional mais importante da sociedade é o que se encontra na sala de aula, será plenamente possível cobrar resultados e efetivamente alcançá-los.

Quero parabenizar a Fundação Ulysses Guimarães, na pessoa do Presidente Alceu Moreira, bem como o Conselho editorial da FUG por colocar na agenda do partido o tema que caso consigamos - enquanto partido político - atrair outros atores para colaborar com as soluções, teremos feito muito mais pelo país que qualquer outra iniciativa, por mais bem intencionada que seja.

Quem se preocupa com a educação de um país se preocupa com o País, por inteiro!

Carlos Quartezani

segunda-feira, 14 de junho de 2021

E vai rolar a festa!

Todos os momentos festivos, seja o anúncio do bebê que está por vir (o mais sublime de todos, certamente...); o matrimônio de pessoas que se amam; as bodas de quem já conquistou muitas coisas juntos e tem todos os motivos do mundo para celebrar; o aniversário da pessoa querida, enfim, tudo isto requer uma belíssima celebração e, claro, um BOLO CONFEITADO TEMÁTICO é algo que não pode faltar, não é mesmo?!

Esses motivos acrescidos da nossa imensa satisfação em poder fazer parte do seu MOMENTO FELIZ, aqui na sua amada cidade de SÃO MATEUS-ES, nos impulsionam a oferecer o que de melhor a CONFEITARIA pode proporcionar.

Nós amamos contribuir para que a sua CELEBRAÇÃO seja inesquecível e os seus CONVIDADOS se despeçam da sua festa com a certeza de terem vivido horas incríveis na sua companhia, de sua FAMÍLIA e dos amigos, compartilhando em grande estilo da sua FELICIDADE!

Não deixe passar em branco. Não importa o tamanho da sua festa, se pequena, média ou grande. Temos sugestões incríveis e no tamanho que você necessita, em se tratando de BOLOS e DOCES finos e tradicionais, para fazer da sua celebração não uma simples festa, mas "A Festa"!

Então? Está convencido de que você tem todo direito de ter o melhor e usufruir com os seus as melhores horas de sua vida? Claro que sim!!!

Consulte-nos e teremos um enorme prazer em atendê-lo!


Kátia Quartezani

Chef Confeiteira

ZAP: 27 99718-5862

Instagram: @katia_quartezani

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Terceira via, urgente!

O país caminha para um ambiente onde até a Constituição não será mais a referência, a norma de conduta e consequentemente, viveremos outra vez, ao que parece, um Estado de exceção.

De um lado, um déspota que se ancora principalmente em duas forças (a militar e a evangélica, ambas doutrinadas) e do outro, com um histórico de corrupção sem precedentes no país, mas que se considera a última bolacha do pacote, a esquerda liderada por Lula, cheia de ideias mas sem nenhuma sintonia com o futuro.

No meio desse cenário um país que precisa de tudo, mas principalmente de uma candidatura que tenha propósitos e que estes estejam relacionados ao enorme desafio que temos pela frente, especialmente na educação que se já não era suficiente antes, tornou-se caótica.

Minha oração/reza hoje é que possamos encontrar um nome que represente de fato o que o Brasil necessita, alguém que caia na graça das pessoas mas com a simpatia de quem traz consigo soluções reais e não aquela de colocar criança no colo e posar para o fotógrafo.

Sei lá, mas acho que isto é possível. Porém, se não for, não deveremos nos sentir culpados por tentar.

Carlos Quartezani

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Salgema em Conceição da Barra: Agora vai?

O tema Salgema voltou com força nos últimos dias e com a determinação da Agência Nacional de Mineração em incluí-la no processo de oferta pública para exploração (leilão), a maior jazida do mineral localizada no Norte do Espírito Santo, com predominância em território barrense, será finalmente explorada e a expectativa é de que sejam gerados mais de 15 mil empregos.

A informação sobre o leilão dos blocos de Salgema no Estado do Espírito Santo, partiu do gabinete do Deputado Federal Felipe Rogoni, autor do requerimento junto à Agência Nacional de Mineração, tendo conseguido êxito após dois anos de solicitação. Nesta sexta feira, dia 11, às 10h, o parlamentar estará em Conceição da Barra-ES, onde será recebido por autoridades locais e representantes da sociedade, para detalhar como se dará o processo de Leilão, bem como, tirar dúvidas da população sobre o tema.

Para quem não sabe, essa luta remonta mais de 20 anos (ou mais) para o município de Conceição da Barra em especial. Quando chegou mais perto de conquistar o direito legal de exploração do mineral - o IEMA já estava no processo das licenças ambientais - uma determinação do Ministério de Minas e Energia à época, parou este processo. O governo municipal estava sob o comando do MDB (Chico Donato - 2001/2004) e o governo do Estado havia acabado de ser conquistado pelo ex Senador, Paulo Hartung (2002/2010) que iniciava o processo de reconstrução política e econômica. O Espírito Santo estava sob "terra arrasada" à época.

O argumento mais difundido para a não continuidade do processo que levaria ao início da exploração do Salgema em Conceição da Barra, era que a atividade no Espírito Santo prejudicaria o Estado do Rio Grande do Norte, que tinha forte dependência do produto para a sua vitalidade econômica. Na verdade, um argumento político tendo em vista que o Estado Potiguar tinha na sua liderança pessoas ligadas, neste sentido, ao Governo Federal. 

Hoje, espera-se que o interesse econômico seja maior que o político ou que ambos estejam em sintonia. O produto da exploração das jazidas de salgema em solo capixaba (barrense), matéria prima indispensável para a indústria brasileira (cuja concentração é no Sudeste), teria sua logística facilitada reduzindo o seu custo, além de deixar de ser uma espécie de "diamante em estado bruto" inexplorado. 

Por outro lado, o Estado do Espírito Santo e principalmente Conceição da Barra, cidade duramente castigada do ponto de vista econômico, seja pelo fim das atividades da usina de álcool Disa ou pela pandemia por Coronavirus, que prejudicou sobremaneira o Turismo local,  terá uma nova sobrevida e a população poderá viver dias onde a esperança volte a fazer parte de suas exuberantes paisagens. 

Vamos torcer. Agora vai!

Carlos Quartezani

sexta-feira, 7 de maio de 2021

MDB e FUG promovem encontro virtual com escritor Laurentino Gomes

O MDB e a Fundação Ulysses Guimarães, filial Rio Grande do Norte, oportunizaram-nos na noite de ontem (06/05), um encontro com o escritor Laurentino Gomes, através da plataforma Zoom.

Autor dos best-sellers "1808", "1822" e "1889", o escritor foi convidado para discorrer sobre a Escravidão e o Racismo no Brasil, tema que originou seu novo livro, cujo segundo volume será lançado em breve, para todo país.

A palestra foi riquíssima em conteúdo, com informações sobre a história da escravidão no Brasil, bem como, o racismo estrutural trazido nessa esteira.

Laurentino Gomes foi enfático ao se referir ao preocupante rumo que o país vem trilhando, no tocante ao racismo e as demais manifestações de intolerância, sobretudo no período pós eleição do atual Presidente da República.

Ao ser questionado sobre o que devemos fazer para combater com eficácia o racismo e outros males dos quais o povo brasileiro vem sendo vítima, o autor pontuou que "a resposta está num conjunto de ações e que dentre essas está o que o MDB e a FUG estão fazendo: Promover o debate a respeito dos temas."

Parabenizo a FUG do Rio Grande do Norte pela iniciativa e fico no aguardo de outros momentos como este que além de nos enriquecer culturalmente, promove a boa política tão necessária e urgente para os dias atuais.

Carlos Quartezani


segunda-feira, 12 de abril de 2021

A crueldade do confundir para não precisar explicar

Quem me conhece sabe que sou da política e estou sempre envolvido naquilo que acredito ser o papel de quem está na política. O fato de não ocupar nenhum cargo político, é um detalhe cujas razões não é o objeto do presente texto, portanto, vamos ao que realmente interessa, antes que você desista de continuar essa parceria bacana entre aquele que escreve e o que gentilmente, lê.

Os tempos modernos e a velocidade da informação, trouxeram diversos benefícios para a vida em sociedade. Neste momento, por exemplo, esboço uma ideia e que daqui há alguns minutos, estará disponível para tantas pessoas que não dá para sequer imaginar. O que me faz lembrar do tempo em que estava sendo contratado por uma grande empresa, que se instalara na região onde vivo, e esta necessitava de datilógrafos. Me senti muito bem ao conhecer o equipamento que seria meu instrumento de trabalho durante algum tempo: Uma máquina de datilografia da marca Olivetti, modelo ET112, top de linha em 1990.

O tempo passou e sequer consigo uma palavra que possa comparar com precisão as mudanças deste ano de 1990 para cá. No entanto, nem tudo são flores nessa velocidade estonteante no que se refere à tecnologia em geral e em especial, à comunicação. 

Não é raro identificar pessoas que não conseguiram aprimorar sua capacidade de assimilação e apesar de toda disponibilidade, não se situou e, via de regra, tornou-se mais uma vítima da mazela que dá título ao presente texto.

Como disse no início, sou da política e como tal penso que meu papel é também tentar desmistificar alguns conceitos que foram elaborados sobre a mesma, arraigados no senso comum e que por mais que não ajudem a extrair resultados satisfatórios, não saem da mente e do coração das pessoas. 

A simplificação do que seria a democracia, um jogo de "toma lá dá cá" entre eleitor e candidato, reduziu muito o ambiente para a construção do novo, do moderno, do que funciona melhor e custando menos.

As pessoas abrem mão de discutir possibilidades porque não são estimuladas a isto na política. Tempo integral são envolvidas numa teia de temas secundários ou que no mínimo, não nos encaminham para um futuro de oportunidades, por causa da necessidade em conquistar apenas a sua simpatia, no lugar de transformar aquele indivíduo numa célula importante para a construção de uma ideia que traga de fato, benefício à sua comunidade e quando uso a expressão "comunidade" estou me referindo ao planeta inteiro.

Tudo que requer esforço não encontra muitos adeptos. É muito mais fácil, para atingir seus objetivos, não explicar muito as coisas e deixar se levar pela onda do senso comum. Dificultando, torna-se fácil oferecer soluções impraticáveis mas que soam como música aos ouvidos daqueles que não querem entender que toda moeda tem dois lados.

Termino por aqui o meu texto que pode ser longo e subjetivo para muitos, mas que pode alcançar aqueles a quem, acredito,  possa ser um facilitador para os que ainda preferem o ilusionismo, mesmo sabendo que não nos levará a lugares diferentes e melhores do que aqueles que nos levaram até hoje.


Carlos Quartezani

quarta-feira, 17 de março de 2021

Cada um no seu quadrado

Encontrar seu papel na sociedade tem relação com a vocação e a sua disposição para exercê-lo. Se todos quiserem liderar, não haverá quem faça o que precisa ser feito.

É muito difícil avaliar as outras pessoas e seus talentos quando a atenção não está voltada para o conjunto, para o coletivo, e isto acontece quando na aldeia só tem chefe e quase ninguém quer ser índio.

Em Conceição da Barra-ES, lugar que nasci e sempre vivi, talvez a perda de nosso prestígio enquanto destino turístico, associado aos efeitos do avanço do mar e as incontáveis vezes que fomos parar nas páginas policiais dos jornais, tenha gerado um ambiente do "salve-se quem puder", espalhando mais que juntando e neste cenário, até os políticos não querem ficar próximos. Daí surge o fenômeno de não encontramos quem faça o que precisa ser feito. Apenas quem queira mandar fazer.

A Barra precisa refletir e tempo para isto não falta com o novo isolamento social decretado. Chegamos num ponto em que qualquer palavra ou ação que não tenha o objetivo de construir, que não seja para somar em todo o processo, se torna, além de inútil, prejudicial.

No mundo há sinais importantes dessa tendência e uma delas é o encontro do Papa Francisco com o líder iraquiano. Outro movimento neste sentido, mas que acontece em nosso país, é a movimentação de ex Presidentes da República para a pavimentação do caminho para conseguir as vacinas. Espero que não seja sabotado pelo ódio da esquerda em relação à direita e vice-versa.

Na Barra, na minha humilde opinião, acho que a sociedade deveria, por ora, esquecer eventuais diferenças e dar um crédito ao jovem prefeito Wallison Vasconcelos. Quando digo apoiar não é bajular, mas se aproximar com o intuito de não permitir ações que não contemplem as verdadeiras necessidades do Município, sem ficar focado em interesses pessoais e que não nos levam e nunca levaram, a nenhum lugar. 

Chamar a atenção dele como quem faz com um filho que muitas vezes erra porque não tem quem o repreenda.

Toninho de Deus, o segundo colocado na eleição, deu um passo importante e se colocou a disposição para colaborar com o Município. Se as demais lideranças entenderem a importância disso, certamente sairemos maiores de tudo isso.

Carlos Quartezani

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Explode a violência!


As pessoas parecem estar enlouquecendo e ainda bem que temos o contraditório, aqueles que não perderam a capacidade de se indignar e usar seus recursos possíveis para alertar aos outros.

É preciso se indignar, protestar pacificamente em relação a violência, que não só se alastrou, mas tornou-se um expediente normal, justificado, inclusive, pelo conceito equivocado de justiça.

Cidades minúsculas que já viviam uma certa insegurança, passaram a ter furtos, roubos e assaltos como parte da nova rotina. O cidadão, mal orientado, só pensa na possibilidade de obter uma arma "para se defender" e no final, o que teremos, são pessoas já fragilizadas pela realidade presente cometendo crimes, também sob a justificativa de estarem se defendendo. 

A arma que alguns podem comprar, fatalmente será mais um objeto a ser roubado pelo criminoso em sua própria casa. Não me refiro a quem realmente precisa ter uma arma, como é o caso de quem vive na zona rural, afastado dos centros urbanos. A Lei já contempla alguns portes de arma. Mas de quem foi levado a perder a fé no Estado brasileiro e decidiu viver como se aqui fosse o "velho oeste norte-americano".

Com suas armas, as pessoas estão sendo estimuladas a praticar vingança justificando ser justiça. Estão errados, violência só gera mais violência e é essa proposta que está colocada subliminarmente na política de armar as pessoas. Mais violência!

Apesar dos problemas, vivemos num estado democrático de direito, onde os conflitos devem ser resolvidos em suas devidas instâncias. Se não houver justiça, existe o "recurso" e por não termos pena de morte, é muito mais difícil cometer uma injustiça em grande escala. 

O poderoso chefão, Bolsonaro com suas teses absurdas tem parte nessa violência espalhada pelo Brasil e quem não gostou de minhas palavras, sinto muito mas é o que penso e se não enquadrarmos esse louco o mais rápido possível, a vingança substituirá a justiça e aí, qualquer um de nós pode ser a próxima vítima.

Escrevo na expectativa de que minhas palavras encontrem no bom senso o abrigo necessário, a reflexão e ação, urgentes.

Carlos Quartezani

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O bom e velho MDB


Ontem, o primeiro dia do mês de fevereiro de 2021, assistimos ao Brasil, mais precisamente os Deputados Federais e os Senadores, desperdiçarem a oportunidade de ver as duas Casas do Povo, estarem sob o comando de pessoas que de fato, representam aquele Poder. 

Baleia Rossi, na Câmara dos Deputados e Simone Tebet, no Senado, seriam o contraponto perfeito, sem excessos ou radicalismos, para conter o Presidente em seus delírios. Quanto ao tão propagado impeachment, ambos sabem que este Instituto não necessita ser usado a todo momento. Além de custar caro ao país e especialmente ao MDB. 

Analisar cuidadosamente cada proposta de abertura de processo de impeachment, função que cabe ao Presidente da Câmara dos Deputados, seria um exercício fácil para Baleia Rossi. Foi forjado politicamente no diálogo, é consciente de que a política "não é função hepática, não se faz com o fígado", parafraseando o eterno e saudoso Deputado Ulysses Guimarães.

Motivados também pelas emendas extras liberadas por Bolsonaro, cujo destino serão obras em seus estados e municípios respectivos, os Deputados e Senadores não tiveram dúvidas sobre o que seria melhor e mais lucrativo. Entre escolher os candidatos preferidos do Capitão ou perder ou a oportunidade de "fazer uma graça" com seus eleitores nos respectivos redutos - num ano que antecede as eleições - ficou irresistível para a maioria dos nobres congressistas.

O importante é ganhar. A ideologia e outras condutas consideradas ingênuas (como a fidelidade partidária por exemplo), ficaram no segundo plano, junto com a possibilidade de um debate mais produtivo, focado em ações que nos tirem da crise e nos traga desenvolvimento, empregos e dignidade.  

A harmonia entre os Poderes não pressupõe subserviência entre um e outro, contudo, ao interferir diretamente na escolha das Presidências das duas Casas, o sinal que o Parlamento emite para o país é este: Subserviência.

Perdemos a oportunidade de uma "Câmara Livre", slogan da campanha do Presidente Nacional do MDB, Baleia Rossi, que conseguiu por mérito alcançar 145 votos, ante os 306 de Arthur Lira, o candidato de Bolsonaro. 

Já Simone Tebet, com o peso de ter sido preterida por colegas do próprio MDB, conduta que dificilmente considerarei como legítima, conquistou 21 votos, sendo derrotada por seu colega mineiro, Rodrigo Pacheco, o outro candidato de Bolsonaro. 

Os debates das reformas por exemplo, ficarão a mercê do Executivo, uma vez que tem o crédito de ter elegido o comando das duas Casas. A pauta sempre terá como prioridade as demandas que o Poder Executivo estabelecer e não o Parlamento. Espero ser surpreendido neste sentido, porém, duvido.

Definitivamente, o Parlamento perdeu a oportunidade do protagonismo, pois preferiram sucumbir a tentação de estar fazendo o mais do mesmo - prática que muitos condenaram antes de serem eleitos - no lugar de terem o reconhecimento no futuro, de terem feito o que é certo e não o que era mais lucrativo, do ponto de vista eleitoral.

Baleia e Simone não carregarão essa marca. Optaram pela dignidade, a disputa na moral, no debate, em todo o processo.

Me orgulho de fazer parte do novo MDB. O MDB de Baleia Rossi e Simone Tebet. E espero que de hoje em diante, parte do povo brasileiro que porventura associou o partido de Ulysses Guimarães a cargos, pesquisem sobre o que foi a campanha para as Presidências do Senado e da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2021. Constatará que o MDB está vivo, com a chama acesa e nas pessoas de Baleia Rossi e Simone Tebet, foi grandiosamente representado num processo de muita traição e conluios, mas também de demonstrações da grande força que tem a militância do Movimento Democrático Brasileiro.

Viva o MDB!!!


Carlos Quartezani

Presidente do MDB/Conceição da Barra-ES

domingo, 31 de janeiro de 2021

O Auxílio Emergencial e a eleição no Congresso Nacional

O Auxílio Emergencial manteve Bolsonaro em "lua de mel" com um enorme contingente populacional que não vincula o benefício a um direito, mas à vontade do Presidente. 

Embora o Congresso tenha sido o verdadeiro artífice do "auxílio" (o Planalto queria oferecer 200 reais), os louros foram para Bolsonaro. Agora é diferente. Se os candidatos de Bolsonaro vencerem no Senado e na Câmara, adeus Auxílio Emergencial.

Peça ao Deputado do seu Estado para votar em Baleia Rossi para a Presidência da Câmara e Simone Tebet para a Presidência do Senado Federal e fortaleça a possibilidade de continuar a ter ajuda financeira do Estado para enfrentar a pandemia, enquanto não se tem vacina para todos.

Carlos Quartezani

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Somos todos poetas

A poesia esteve e estará sempre presente, enquanto houver seres humanos sobre a Terra. Não se trata de algo que se aprende por vias metodológicas, com técnicas apuradas e anos e mais anos de dedicação, mas da sensibilidade que permeia a alma humana, ingrediente essencial para a poesia.

Uns permitem aflorá-la abundantemente, daí surgem letras, músicas, pinturas, passos de dança, livros, esculturas, etc... Outros, em menor intensidade, fazem-na conhecê-la por gestos, atitudes e outros sinais que revelam que por mais rude que um ser humano possa parecer, ou quão difícil seja a circunstância, a poesia emergirá de onde menos se espera, como um bálsamo, aliviando e gerando esperança por dias melhores.

O momento vivido hoje por toda humanidade há de despertar com muito mais vigor esse valor humano cujo preço não há moeda capaz de comprar. A poesia é gratuita e sempre será. Basta observar o que comumente não observaríamos caso tudo estivesse perfeitamente normal.


Carlos Quartezani

Blogueiro


"Tenho sangrado demais, tenho chorado prá cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro". (Belchior)

domingo, 3 de janeiro de 2021

Alcon, exemplo e orgulho capixaba

A usina de álcool, açúcar e mais recentemente de energia de Conceição da Barra, a Alcon, é um grande empreendimento e motivo de orgulho, não apenas para o povo barrense, mas para o pequenino e surpreendente Estado do Espírito Santo. Localizada às margens da BR 101 norte, a empresa pode ser vista por todos que necessitam trafegar na rodovia, seja a trabalho ou passeio. Cresceu muito e as chaminés de suas caldeiras, podem ser vistas a longa distância.

Sua história, que remonta décadas, certamente deverá ser registrada em livro, a partir do momento em que o seu fundador, Nerzy Dalla Bernardina, entender ser o momento e revelar a todos o seu segredo, embora, todos já saibamos: Trabalho!

No ano de 2020, talvez o mais desafiante de toda a história para o Brasil e o Mundo, a Alcon foi considerada a indústria número 1 do Estado, segundo os critérios da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo, a FINDES. Não é pouca coisa para um empreendimento familiar e que se mantém no mercado há tanto tempo, enfrentando intempéries das mais variadas e imagináveis, sem perder seu norte, seus princípios e sua razão de existir. 

Hoje, com mais de 2.000 empregos diretos e outros tantos indiretos, a Alcon se tornou a responsável por cerca de 60% dos impostos do município de Conceição da Barra-ES, o que significa dizer que a sua presença funciona como se fosse a espinha dorsal de um lugar cuja economia, um dia, foi a Pesca e o Turismo. Hoje, não mais.

Como todo grande empreendimento, sofre críticas mas muitas dessas críticas não correspondem ao que de fato definem a empresa para o município e sua população. 

A monocultura da cana-de-açúcar, por exemplo, está longe de ser o mal propagado por alguns, principalmente se comparado à gigantesca área ocupada por eucalipto. Este sim, ocupante de mais de dois terços do território agricultável.

Se formos considerar o território que é ocupado por cana e o que tem de eucalipto plantado, sem sombra de dúvidas o primeiro ocupa infinitamente menos e gera muito mais emprego, renda e esperança, tanto para o povo barrense, quanto para os vizinhos. Sim, o eucalipto é importante, mas não mais que a cana. Não para nós, povo barrense.

Quem me acompanha pelas redes sociais e se atenta ao que escrevo, sabe que o meu maior e mais sincero interesse é que o município de Conceição da Barra, minha terra querida, supere os desafios e volte a ser um lugar de oportunidades, de vida digna, onde as pessoas possam criar os filhos e mantê-los, sem a necessidade de mudar-se para outra cidade, quando crescem.

No entanto, para que isto aconteça precisamos buscar nos bons exemplos, nas experiências que deram certo, o estímulo e reproduzi-las em todos os outros setores da sociedade, seja no público ou no privado.

É preciso estar atento a tudo o que acontece e procurar reconhecer no sucesso alheio, a maneira certa de agir. As pessoas e empresas que geram emprego, renda e consequentemente dignidade, devem ser reconhecidas e agindo assim, facilitaremos a criação de um ambiente de unidade, em que nossa opinião tenha peso, relevância, diante das eventuais decisões políticas que afetam nossa vida em sociedade. Nos afetam a todos.

O território agricultável de Conceição da Barra está basicamente comprometido com as monoculturas de eucalipto e cana, porém, ao comparar o que uma e outra cultura ocupa e os benefícios que ambas possibilitam à população, não há nenhuma dúvida de que a Alcon, caso deixasse de existir (espero que nunca) nos faria muito mais falta do que a grande companhia de papel e celulose, a Suzano.

Diferentemente da Disa, a outra usina de álcool do Município e que hoje é só saudosismo e um amontoado de sucata, a Alcon brilha intensamente e sua diretoria, que tem a frente Nerzy Dalla Bernardina Júnior, merece os aplausos por estar continuamente avançando em conformidade com os ensinamentos de seu pai, a quem até hoje, após beijá-lo, repete um gesto de quando era criança e que acho muito bacana: Benção pai! 


Carlos Quartezani

Jornalista e micro empreendedor barrense